segunda-feira, 12 de junho de 2023

 FESTA DE SANTO ANTÓNIO

Deus eterno e omnipotente: Vós quisestes que o vosso povo encontrasse em Santo António um grande pregador do Evangelho e um poderoso intercessor. Concedei-nos a graça de pôr em prática os seus  ensinamentos, para que mereçamos tê-lo como guia e protetor em toda a nossa vida. Por Cristo, Senhor nosso. Ámen.

LEITURA I    Sir 39, 8-14 (gr. 6-11) 

Sirac convida-nos a mergulhar mais profundamente na palavra de Deus para alcançar a inteligência que vem do Espírito. O verdadeiro conhecimento vem de Deus e adquire-se na reflexão e meditação das Escrituras. Não é um conhecimento humano nem fundado nas ciências humanas, mas um penetrar no mistério de Deus. A sabedoria divina é útil para ensinar os homens e para louvar a Deus na oração. Aquele que medita a palavra não será esquecido porque a sua vida e as suas palavras se tornam fecundas como chuva e transformam aqueles que o escutam. Estas palavras, tão apropriadas à vida de Santo António, servem-nos de estímulo para continuar na leitura, meditação e aprofundamento da palavra de Deus.

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Aquele que medita na lei do Altíssimo, se for do agrado do Senhor omnipotente, será cheio do espírito de inteligência. Então ele derramará, como chuva, as suas palavras de sabedoria e na sua oração louvará o Senhor. Adquirirá a retidão do julgamento e da ciência e refletirá nos mistérios de Deus. Fará brilhar a instrução que recebeu e a sua glória estará na lei da aliança do Senhor. Muitos louvarão a sua inteligência, que jamais será esquecida. Não desaparecerá a sua memória e o seu nome viverá de geração em geração. As nações proclamarão a sua sabedoria e a assembleia celebrará os seus louvores. 

EVANGELHO    Mt 5, 13-19

O texto faz parte do Sermão da montanha. Jesus apresenta aos discípulos e às multidões uma nova maneira de viver. A sabedoria de Deus quando atua no homem faz com que veja novas realidades e as deseje com o seu coração. Desta forma o homem torna-se um sinal, sal e luz. Sal que dá sabor ao mundo e luz que indica o caminho. Jesus insiste com os discípulos para que a sua luz brilhe, que não se esconda, mas brilhe no mundo para que se vejam as boas obras e provoquem o louvor. O contrário será arriscar ser o menor no Reino dos Céus. Ou seja, o cumprimento dos mandamentos até à mais pequena letra é a garantia do Reino.

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Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus. Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra. Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus».

Tenho que fazer o caminho da minha vida. Ninguém me livra dessa realidade. Posso fazê-lo sem sabor, sem sentido, sem direção, sem luz, às apalpadelas. Mas posso também encontrar o sabor, o sentido, a direção para o meu caminho e tornar-me sal e luz para outros, se escutar a palavra e nela encontrar os mandamentos de Deus. Posso ser sal e luz se viver e ajudar a viver a palavra de Deus. Posso ser oportunidade para que todos glorifiquem o Pai que está nos céus. Depende de mim unicamente.

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No Evangelho de hoje (cf. Mt 5, 13-16), Jesus diz aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo» (vv. 13.14). Ele usa uma linguagem simbólica para indicar àqueles que pretendem segui-lo, alguns critérios para viver a presença e o testemunho no mundo.

Primeira imagem: o sal. O sal é o elemento que dá sabor, que conserva e preserva os alimentos contra a corrupção. Portanto, o discípulo é chamado a manter longe da sociedade os perigos, os germes corrosivos que poluem a vida das pessoas. Trata-se de resistir à degradação moral, ao pecado, dando testemunho dos valores da honestidade e da fraternidade, sem ceder às lisonjas mundanas do arrivismo, do poder e da riqueza. É “sal” o discípulo que, não obstante os fracassos diários – porque todos nós os temos – se levanta do pó dos próprios erros, recomeçando com coragem e paciência, todos os dias, a procurar o diálogo e o encontro com os outros. É “sal” o discípulo que não busca o consentimento nem o elogio, mas que se esforça por ser uma presença humilde e construtiva, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus que veio ao mundo não para ser servido, mas para servir. E há tanta necessidade desta atitude!

A segunda imagem que Jesus propõe aos seus discípulos é a da luz: «Vós sois a luz do mundo». A luz dissipa a escuridão e permite ver. Jesus é a luz que dissipou as trevas, mas elas ainda permanecem no mundo e nas pessoas individualmente. É tarefa do cristão dispersá-las, fazendo resplandecer a luz de Cristo e anunciando o seu Evangelho. Trata-se de uma irradiação que pode derivar até das nossas palavras, mas deve brotar principalmente das nossas «boas obras» (v. 16). Um discípulo e uma comunidade cristã são luz no mundo quando orientam os outros para Deus, ajudando cada um a experimentar a sua bondade e misericórdia. O discípulo de Jesus é luz quando sabe viver a sua fé fora dos espaços restritos, quando contribui para eliminar preconceitos, para eliminar calúnias e para fazer entrar a luz da verdade nas situações corrompidas pela hipocrisia e pela mentira. Fazer luz. Mas não se trata da minha luz, é a luz de Jesus: nós somos instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos.

 Jesus convida-nos a não ter medo de viver no mundo, embora às vezes nele haja condições de conflito e de pecado. Diante da violência, da injustiça e da opressão, o cristão não pode fechar-se em si mesmo, nem esconder-se na segurança do próprio espaço; nem sequer a Igreja pode fechar-se em si mesma, não pode abandonar a sua missão de evangelização e de serviço. Na Última Ceia Jesus pediu ao Pai para não tirar os discípulos do mundo, para os deixar aqui, no mundo, mas para os proteger contra o espírito do mundo. A Igreja dedica-se com generosidade e ternura aos pequeninos e aos pobres: este não é o espírito do mundo, esta é a sua luz, é o sal. A Igreja escuta o grito dos últimos e dos excluídos, porque está consciente de que é uma comunidade peregrina, chamada a prolongar na história a presença salvífica de Jesus Cristo.

Que a Virgem Santa nos ajude a ser sal e luz no meio do povo, levando a todos, com a vida e a palavra, a Boa Nova do amor de Deus.

Papa Francisco

(Angelus, 9 de fevereiro de 2020)

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