sábado, 7 de janeiro de 2023

Solenidade da Epifania do Senhor - 2023

Hoje, nas leituras dominicais, Deus manifesta-se em Jesus, Seu muito amado Filho. N’Ele encontramos a Luz que nos conduz à salvação. É a luz salvadora do Amor de Deus, que, por cada um de nós, por toda a humanidade, vem ao encontro dos que O procuram de coração sincero e se faz presente no meio de nós, nos habita e nos inunda.

Na 1ªleitura (Is 60, 1-6) somos envolvidos na alegria dos que vêm de longe, mais especificamente do Oriente, adorar o Menino Jesus e louvar, dar glória a Deus. Façamos nós também como eles e demos Glória ao Senhor, hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

“Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.”

Na 2ªleitura (Ef 3, 2-3a.5-6)  S.Paulo é categórico: para Deus não há gregos, nem romanos, nem escravos, nem homens livres, nem judeus, todos somos chamados a fazer parte do projeto de Amor, que Deus tem para todos os homens, de todos os tempos. Todos somos filhos no Filho, que agora, no Menino deitado sobre as palhas da manjedoura, somos convidados a contemplar e a louvar. 

"Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho."

No Evangelho (Mt 2, 1-12), a catequese que S.Mateus nos apresenta, está cheia de sinais: o encontro; a estrela; os magos; as atitudes diante da estrela; os presentes; o caminho a seguir para procurar Jesus.  Os magos encontram Jesus. Todo aquele que se deixa guiar, por Jesus, encontra Deus nos caminhos da sua vida. A estrela simboliza Jesus, a luz que nos guia. Os magos representam todos os povos, que se deixam guiar para Deus e O procuram de coração sincero. E, como eles, somos desafiados a oferecer o que de melhor temos a Deus.

“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.”

O anúncio da promessa é como a estrela que guia os magos, gera a alegria como se os olhos já vissem a sua realização. Jerusalém ainda está envolta na escuridão. Ainda chora e lamenta o luto da desgraça, mas o anúncio da chegada de Jesus é já razão para tirar o véu do luto e enxugar as lágrimas porque uma luz já brilha na esperança de quantos ouvem a promessa. Esta certeza da esperança é razão suficiente para transformar a noite em dia, as lágrimas em alegria e o luto em festa. Para os magos foi razão suficiente para deixar tudo e seguir a estrela.
A história dos magos deixa-nos suspensos como crianças a contemplar. (...) O importante é perceber que os magos são homens habituados à reflexão. Homens de olhar penetrante que procuram o sentido das coisas e não apenas as coisas, o sentido da vida e não apenas a vida, a riqueza última e não as riquezas. São homens que olham o céu à procura daquele que o coração deseja adorar. Arriscam a vida toda para o encontrar. O importante é perceber que eles assumiram a missão da procura e o caminho a fazer como algo deles e que não pode ser dado a outros em seu lugar. O importante é aprender com eles a fazer o caminho, seguir a luz e descobrir o mistério.
No final do caminho eles encontram um menino, mas os olhos veem Deus. Adoram-no de coração prostrado em terra e entregam-lhe tudo. Cada um deles entrega três presentes. Entregam ouro para dizer que não são reis, o rei é Jesus e eles apenas súbditos prontos para o servir. Entregam incenso para dizer que não esperam ser incensados, mas incensar Jesus, pois só ele é Deus. Entregam a mirra que é esta vida limitada, onde o pecado acontece e as fragilidades se manifestam continuamente, reconhecendo que, se não for Jesus, a vida é um caminho para a morte. Como os magos também nós entregamos ouro, incenso e mirra a Jesus.
Muitas vezes fechados na nossa mentalidade, como os sábios de Jerusalém, não fazemos o caminho e não deixamos que outros o façam excluindo-os da fé como se Cristo fosse um património só nosso e mais ninguém pudesse beneficiar da graça de Deus revelada em Cristo. Ou então, colocamos tantas exigências para reconhecer os outros como seguidores de Cristo que eles acabam por nunca se identificar connosco de pleno direito. Afinal, Paulo fala de gentios. Os gentios são todos os que não são judeus. Ora, nós não somos judeus, por isso, somos também nós gentios. Apesar disso recebemos a fé, temos acesso a Cristo. Porque excluímos os outros se nós também recebemos de graça o dom do conhecimento do mistério de Cristo?
O nascimento de Cristo contemplado pelos magos é o início daquele dia sem ocaso, que já começou, e à sua luz somos convidados a caminhar e a arrastar todos os que queiram ir connosco por um novo caminho que nos leve de regresso a casa.

aliturgia.com

(...)

A Tua palavra pronunciada pelo profeta faz nascer em mim uma luz. Tu és a minha luz, Senhor. Brilha sobre mim, porque sou gentio descendente de gentios. Se não for por essa graça que deste a Paulo nunca chegarei ao mistério que salva, ao Menino das palhinhas. Como os magos quero ir a Belém. Quero fazer da minha vida um caminho arriscado na busca do mistério que se esconde para lá dos céus. Como eles quero cair de rosto por terra e entregar-Te todas as riquezas, porque a minha riqueza é servir-Te. Quero entregar-Te toda a fama e prestígio porque a minha alegria é adorar-Te. Quero entregar-Te as minhas fragilidades porque só Tu és a minha vida.

aliturgia.com

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