sábado, 28 de janeiro de 2023

 Domingo IV do Tempo Comum - 2023

As leituras deste domingo apresentam-nos uma proposta de felicidade que vai totalmente contra a corrente. De facto, a pobreza não é boa para ninguém se a restringirmos à falta de dinheiro, ou das condições essenciais para se poder viver com dignidade. Mas a pobreza, de que nos falam as leituras de hoje, vai muito para além de qualquer critério meramente economicista ou hedonista, projeta-nos para o amor sem limites, para a entrega de nós próprios, a cem por cento, ao outro, para o encontro de comunhão total com Deus e o(s) outro(s). Só quem é verdadeiramente pobre de si mesmo se deixa amar, na totalidade do seu ser, pelo Amor, que é Deus. É esta a proposta de felicidade que a liturgia hoje nos oferece.

Na 1ªleitura (Sof 2, 3; 3, 12-13) Sofonias embora fale no reino de Judá, em Jerusalém, durante o reinado de Josias, século VII a.C.,  ao anunciar o “dia do Senhor” fá-lo para todos povos de todos e de cada tempo. Diz-nos, também a nós, cidadãos do séc. XXI, que esse há de ser um dia de salvação universal para os humildes da terra e para todo o que permanecer fiel ao Senhor.

“Procurai o Senhor, vós todos os humildes da terra, que obedeceis aos seus mandamentos. Procurai a justiça, procurai a humildade; talvez encontreis proteção no dia da ira do Senhor. Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde, que buscará refúgio no nome do Senhor. O resto de Israel não voltará a cometer injustiças, não tornará a dizer mentiras, nem mais se encontrará na sua boca uma língua enganadora. Por isso, terão pastagem e repouso, sem ninguém que os perturbe.”

Na 2ªleitura (1 Cor 1, 26-31)  S. Paulo é muito claro na forma como nos apresenta o critério que Deus tem para escolher os seus ungidos. Esta leitura ajuda-nos imenso a centrar em Deus tudo o que somos e temos, só n’Ele a verdadeira felicidade é possível.

“Irmãos: Vede quem sois vós, os que Deus chamou: não há muitos sábios, naturalmente falando, nem muitos influentes, nem muitos bem-nascidos. Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo para confundir os sábios; escolheu o que é fraco, para confundir o forte; escolheu o que é vil e desprezível, o que nada vale aos olhos do mundo, para reduzir a nada aquilo que vale, a fim de que nenhuma criatura se possa gloriar diante de Deus. É por Ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual Se tornou para nós sabedoria de Deus, justiça, santidade e redenção. Deste modo, conforme está escrito, «quem se gloria deve gloriar-se no Senhor».”

No evangelho (Mt 5, 1-12a) Jesus apresenta aos homens do seu tempo, mas também aos de hoje, a única proposta de felicidade realmente verdadeira. Num tempo, como este em que vivemos, quem ousa propor este projeto de felicidade? Penso que toda a Igreja de inspiração cristã o faz, mas será que a nossa vida de cristãos reflete que o seguimos de facto?! E, no entanto, são imensas e das mais variadas, as outras propostas de que ouvimos falar e que têm seguidores, algumas muitos até… Afinal, o homem de hoje, tal como o de ontem continua à procura da felicidade… Senhor, que nos deixemos iluminar e repassar por Ti de forma a darmos testemunho do Amor infinito que és Tu, hoje e sempre.

“Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».”

Senhor, que eu nunca duvide do Teu Amor. Que Tu sejas o único amor da minha vida.

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