segunda-feira, 31 de outubro de 2022

  SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS - 2022

"A hodierna solenidade de Todos os Santos recorda-nos que todos somos chamados à santidade. Os Santos e as Santas de todos os tempos, que hoje todos nós celebramos juntos, não são simplesmente símbolos, seres humanos distantes, inalcançáveis. Pelo contrário, são pessoas que viveram com os pés no chão; experimentaram a fadiga diária da existência com os seus sucessos e fracassos, encontrando no Senhor a força para se levantar sempre e continuar o caminho. Daqui podemos compreender que a santidade é uma meta que não pode ser alcançada apenas com as próprias forças, mas é o fruto da graça de Deus e da nossa resposta livre. Portanto, a santidade é dom e chamamento.

Como graça de Deus, isto é, o seu dom, é algo que não podemos comprar nem trocar, mas acolher, participando assim na mesma vida divina através do Espírito Santo que habita em nós desde o dia do nosso Batismo. A semente da santidade é precisamente o Batismo. Trata-se de amadurecer cada vez mais a consciência de que estamos enxertados em Cristo, porque o ramo está unido à videira, e por isso podemos e devemos viver com Ele e n'Ele como filhos de Deus. Assim, a santidade é viver em plena comunhão com Deus, desde agora, durante esta peregrinação terrena.

Mas a santidade, além de ser dom, é também chamamento, é vocação comum de todos nós cristãos, dos discípulos de Cristo; é o caminho de plenitude que cada cristão é chamado a percorrer na fé, caminhando para a meta final: a comunhão definitiva com Deus na vida eterna. A santidade torna-se assim uma resposta ao dom de Deus, porque se manifesta como uma assunção de responsabilidade. Nesta perspetiva, é importante assumir um compromisso quotidiano de santificação nas condições, deveres e circunstâncias da nossa vida, procurando viver tudo com amor e caridade.

Os Santos que celebramos hoje na liturgia são irmãos e irmãs que admitiram na sua vida que precisavam desta luz divina, abandonando-se a ela com confiança. E agora, diante do trono de Deus (cf. Ap 7, 15), cantam a sua glória para sempre. Eles constituem a “Cidade Santa”, para a qual olhamos com esperança, como a nossa meta definitiva, enquanto somos peregrinos nesta “cidade terrestre”. Caminhamos para aquela “cidade santa” onde estes santos irmãos e irmãs nos esperam. É verdade, estamos cansados pela aspereza do caminho, mas a esperança dá-nos a força para avançar. Olhando para a vida deles, somos estimulados a imitá-los. Entre eles há muitas testemunhas de uma santidade da porta ao lado, «daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus» (Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, 7)."

Papa Francisco
(Angelus  1 de novembro de 2019)

Na 1ªleitura (Ap7,2-4.9-14), através da visão de fé de João, também a nós nos é dado encontrar Deus como Aquele que se consome de amor e ternura por cada um de nós. Ele caminha connosco no dia a dia desta vida atribulada sem nunca nos largar da Sua mão e, por Seu Filho Único, branqueia-nos e conduz-nos à salvação.

"Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados:cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo: «Ámen! A bênção e a glória, a sabedoria e a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Ámen!». Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: «Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro»."

Na 2ªleitura (1Jo 3, 1-3) João convida-nos a ver muito para além da realidade humana, isto é, a vivermos na esperança, enquanto caminhamos no mundo, de que virá o dia em que Ele se vai manifestar e nós, purificados, seremos absorvidos pelo amor com que sempre nos amou.

"Caríssimos:Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro."

No evangelho  (Mt 5, 1-12a) Jesus, do alto do monte, apresenta-nos o Reino, como uma realidade feliz, uma boa notícia. É verdade que Jesus faz o contraponto entre o presente e o futuro, anuncia-nos um reino de gente feliz, com lágrimas, mas para todo aquele que alterar o seu comportamento e for construtor da justiça, da verdade e da paz a alegria brilhará, será chamado filho de Deus.

"Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem- aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes,porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa»."

"Irmãos e irmãs, a memória dos Santos leva-nos a erguer os olhos para o Céu: não para esquecer as realidades da terra, mas para as enfrentar com mais coragem e mais esperança. Que Maria, nossa Mãe Santíssima, nos acompanhe com a sua intercessão materna, sinal de consolação e de esperança segura."

Papa Francisco
(Angelus  1 de novembro de 2019)

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