TEMPO COMUM - 2022
Na sequência das leituras de domingo passado, também a liturgia de hoje nos
projeta para a oração, mas numa dimensão diferente, pois centra-nos na forma
como esta deve ser feita, para ser verdadeiramente um encontro com o Senhor, no
mais íntimo do nosso ser.
Na 1ªleitura (Sir 35, 15b-17.20-22a (gr. 12-14.16-18)) o autor sagrado torna bem claro que a oração do humilde chega sempre ao seu destino e nunca deixa de ser atendida por Deus.
“O Senhor é um juiz que não faz
aceção de pessoas. Não favorece ninguém em prejuízo do pobre e atende a prece
do oprimido. Não despreza a súplica do órfão, nem os gemidos da viúva. Quem
adora a Deus será bem acolhido e a sua prece sobe até às nuvens. A oração do
humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino.
Não desiste, até que o Altíssimo o atenda, para estabelecer o direito dos
justos e fazer justiça.”
Na 2ªleitura (2 Tim 4, 6-8.16-18) S.Paulo antevendo a proximidade da sua partida para Deus faz uma despedida demonstrativa de um fé imensa no Senhor. Nem por um minuto, sabendo o que o espera, face aos executores romanos, perde a confiança no amor de Deus. Ele tem a certeza de que o Senhor está sempre a seu lado, nunca lhe faltará e que só Ele lhe dará a salvação, no Céu.
“Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e
o tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha
carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o
Senhor, justo juiz, me há de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos
aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda. Na minha primeira defesa,
ninguém esteve a meu lado: todos me abandonaram. Queira Deus que esta falta não
lhes seja imputada. O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por
meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as
nações a ouvissem; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo
o mal e me dará a salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos
séculos. Ámen.”
No evangelho (Lc 18, 9-14) Jesus conta-nos uma parábola, em que nos ensina como deve ser uma oração verdadeira: só um coração humilhado e contrito sente necessidade de Deus e se Lhe entrega na totalidade e, ,por maioria de razão, na sua debilidade. Realmente só quando nos sentimos pobres, frágeis, pecadores e, ao mesmo tempo, infinitamente amados e aceites, assim tal qual somos, por Deus Amor, é que deixamos cair todas as nossas defesas, seguranças, prisões e nos entregamos confiadamente, descansando nos braços dos Senhor, deixando que nos habite por inteiro. Louvemos o nosso Deus que nos olha assim, no Seu amor infinito por nós e deixemos que através de nós, possa chegar a outros que também O querem conhecer e experimentar o que é ser verdadeiramente amado por Deus.
“Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Senhor, tem compaixão de mim, que sou pecadora.
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