TEMPO COMUM - 2022
Neste Domingo tudo nos conduz ao tema da
“Oração”. Todas as leituras, de forma diferente, mas complementar, nos despertam
para a necessidade de orarmos, mas também para a forma como o fazemos, isto é,
para o modo como escutamos Deus e nos relacionamos com Ele. Em todos os textos,
de hoje, somos confrontados com uma relação de confiança total no Senhor Deus,
nosso Pai, que se revela numa entrega sem qualquer reserva, numa intimidade
total, numa comunhão de Amor, que envolve toda a humanidade, de todos os
tempos. Aprendamos de Jesus a ir crescendo neste caminho. Que Ele envie sobre
nós o Seu Santo Espírito. Ámen.
Na 1ªleitura (Gen 18, 20-32) é Abraão quem, de uma forma
única e desconcertante, senão ousada, ou atrevida, mas totalmente confiante no
Amor infinito de Deus, vai intercedendo pelos habitantes de Sodoma e
Gomorra. É mesmo a oração de um filho que se dirige ao Pai, sabendo que Ele tem
um coração, grande, imenso, no amor, e que dele faz a sua garantia. Sigamos o
exemplo de Abraão e confiemos totalmente em Deus, nosso Pai. Aprendamos a rezar
como Abraão.
“Naqueles dias, disse o Senhor: «O clamor contra
Sodoma e Gomorra é tão forte, o seu pecado é tão grave que Eu vou descer para
verificar se o clamor que chegou até Mim corresponde inteiramente às suas
obras. Se sim ou não, hei de sabê-lo». Os homens que tinham vindo à residência
de Abraão dirigiram-se então para Sodoma, enquanto o Senhor continuava junto de
Abraão. Este aproximou-se e disse: «Irás destruir o justo com o pecador? Talvez
haja cinquenta justos na cidade. Matá-los-ás a todos? Não perdoarás a essa
cidade, por causa dos cinquenta justos que nela residem? Longe de Ti fazer tal coisa:
dar a morte ao justo e ao pecador, de modo que o justo e o pecador tenham a
mesma sorte! Longe de Ti! O juiz de toda a terra não fará justiça?». O Senhor
respondeu-lhe: «Se encontrar em Sodoma cinquenta justos, perdoarei a toda a
cidade por causa deles». Abraão insistiu: «Atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu
que não passo de pó e cinza: talvez para cinquenta justos faltem cinco. Por
causa de cinco, destruirás toda a cidade?». O Senhor respondeu: «Não a
destruirei se lá encontrar quarenta e cinco justos». Abraão insistiu mais uma
vez: «Talvez não se encontrem nela mais de quarenta». O Senhor respondeu: «Não
a destruirei em atenção a esses quarenta». Abraão disse ainda: «Se o meu Senhor
não levar a mal, falarei mais uma vez: talvez haja lá trinta justos». O Senhor
respondeu: «Não farei a destruição, se lá encontrar esses trinta». Abraão
insistiu novamente: «Atrevo-me ainda a falar ao meu Senhor: talvez não se
encontrem lá mais de vinte justos». O Senhor respondeu: «Não destruirei a
cidade em atenção a esses vinte». Abraão prosseguiu: «Se o meu Senhor não levar
a mal, falarei ainda esta vez: talvez lá não se encontrem senão dez». O Senhor
respondeu: «Em atenção a esses dez, não destruirei a cidade».”
Na 2ª leitura (Col 2, 12-14) S.Paulo torna presente, para nós, que Cristo, durante toda a sua vida na terra, teve como preocupação constante fazer a vontade do Pai, viver em união perfeita com Ele. A sua comunhão com o Pai era total. E, mesmo vivendo assim em oração contínua, não prescindia de momentos de isolamento e intimidade com o Pai. É em Jesus, no alto da Cruz, que tomamos consciência de como deve ser a nossa oração. Obrigada, Senhor Jesus, por nos amares assim.
“Irmãos: Sepultados com Cristo no batismo, também com Ele
fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus que O ressuscitou
dos mortos. Quando estáveis mortos nos vossos pecados e na incircuncisão da
vossa carne, Deus fez que voltásseis à vida com Cristo e perdoou-nos todas as
nossas faltas. Anulou o documento da nossa dívida, com as suas disposições
contra nós; suprimiu-o, cravando-o na cruz.”
No Evangelho (Lc 11, 1-13) é o Senhor Jesus quem nos ensina a rezar, a pedido de um dos discípulos. A oração que nos deixou ensina-nos a confiar totalmente em Deus, sem qualquer reserva, nem limite. E, para que não tivéssemos dúvidas, na forma de orar, acrescenta dois exemplos de vida, verdadeiramente elucidativos: o primeiro revela a necessidade de sermos persistentes e solidários na oração; o segundo desafia-nos a relacionarmo-nos com o Pai, em todo e qualquer momento, sempre numa confiança total e plena no Amor infinito de Deus por cada um de nós, numa comunhão crescente de intimidade e entrega.
“Naquele tempo, estava Jesus em oração em
certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a
orar, como João Baptista ensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus:
«Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso
reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos
pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos
deixeis cair em tentação’». Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo,
poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me
três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe
dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está
fechada, eu e os meus filhos estamos deitados e não posso levantar-me para te
dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por
causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que
precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à
porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem
bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em
vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um
escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos,
quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».”
Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos a nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Ámen.
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