TEMPO COMUM - 2022
Hoje, nas leituras da liturgia somos convidados
a acolher o outro. No entanto o convite que nos é feito traz subjacente a forma
a seguir, isto é, ainda nem sabemos bem quem lá vem e já o nosso coração está
pronto e disponível para aquele, ou aquela que há de vir. É como se fosse o próprio
Deus o nosso convidado, por isso se
adivinhamos o convidado, lá ao longe, já estamos desejosos que chegue e
almoce, e jante e esteja, viva, connosco. É a alegria do coração pelo encontro,
pela partilha, pela entrega ao outro que vem e quer ser parte connosco na festa
da vida.
Na 1ªleitura (Gen 18, 1-10a) Abraão faz o acolhimento de uma forma
perfeita e interpela-nos, indiretamente, a fazer o mesmo com todo o que nos
procura em casa, no trabalho, no nosso quotidiano, seja qual for a situação em
que se encontre. Se dermos tempo ao tempo e fizermos a experiência do
verdadeiro encontro, acabaremos por reconhecer O Senhor também ali presente,
tal como nos conta Abraão. Podemos duvidar, como fez Sara, mas o Amor, que é
Deus, tornar-se-á real e vivificante. Abramos o nosso coração e disponhamo-nos
a fazer esta experiência de amor com o Amor naquele, ou naquela que nos visita.
“Naqueles dias, o Senhor apareceu a Abraão junto
do carvalho de Mambré. Abraão estava sentado à entrada da sua tenda, no maior
calor do dia. Ergueu os olhos e viu três homens de pé diante dele. Logo que os
viu, deixou a entrada da tenda e correu ao seu encontro; prostrou-se por terra
e disse: «Meu Senhor, se agradei aos vossos olhos, não passeis adiante sem
parar em casa do vosso servo. Mandarei vir água, para que possais lavar os pés
e descansar debaixo desta árvore. Vou buscar um bocado de pão, para
restaurardes as forças antes de continuardes o vosso caminho, pois não foi em
vão que passastes diante da casa do vosso servo». Eles responderam: «Faz como
disseste». Abraão apressou-se a ir à tenda onde estava Sara e disse-lhe: «Toma
depressa três medidas de flor da farinha, amassa-a e coze uns pães no
borralho». Abraão correu ao rebanho e escolheu um vitelo tenro e bom e
entregou-o a um servo que se apressou a prepará-lo. Trouxe manteiga e leite e o
vitelo já pronto e colocou-o diante deles; e, enquanto comiam, ficou de pé
junto deles debaixo da árvore. Depois eles disseram-lhe: «Onde está Sara, tua
esposa?». Abraão respondeu: «Está ali na tenda». E um deles disse: «Passarei
novamente pela tua casa daqui a um ano e então Sara tua esposa terá um filho».”
Na 2ªleitura (Col 1, 24-28) Paulo exorta-nos a viver de,
com e em Cristo, tal como ele fez. Pela palavra de Deus que nos é anunciada, os
mistérios vão-nos sendo revelados, tanto quanto o nosso coração os vais
conseguindo entender. Uma coisa Paulo tornou clara para nós: Jesus venceu a
morte, habita-nos e vai caminhando connosco, em Igreja, para glória de Deus e
fortalecimento do reino. Deixemos que o Seu Amor se propague e chegue a todos
os que Ele coloca nos nossos caminhos.
“Irmãos: Agora alegro-me com os sofrimentos que
suporto por vós e completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em
benefício do seu corpo que é a Igreja. Dela me tornei ministro, em virtude do
cargo que Deus me confiou a vosso respeito, isto é, anunciar-vos em plenitude a
palavra de Deus, o mistério que ficou oculto ao longo dos séculos e que foi
agora manifestado aos seus santos. Deus quis dar-lhes a conhecer em que
consiste, entre os gentios, a glória inestimável deste mistério: Cristo no meio
de vós, esperança da glória. E nós O anunciamos, advertindo todos os homens e
instruindo-os em toda a sabedoria, a fim de os apresentarmos todos perfeitos em
Cristo.”
O evangelho de hoje (Lc 10, 38-42) leva-nos a clarificar a necessidade de
coexistirem a ação e a contemplação na caminhada para Deus. Uma sem a outra não
dá, perdemo-nos em qualquer momento da vida. Só Maria e Marta fazem o todo,
pois se Maria escolhe a melhor parte ao escutar Jesus, Marta providencia para
que nada Lhe falta, nem a Ele, nem aos que O acompanham. O que mais me faz
pensar, neste texto, é a forma como Jesus diz a Marta que ela anda preocupada e
inquieta com muitas coisas, pois é o que acontece tantas vezes, embora acredite
que até no “fazer as coisas”, sejam estas mais ou menos físicas, se pode estar
em oração. Creio que era Santa Teresinha quem dizia que, mesmo a lavar os
tachos e panelas, se pode estar em intimidade com Jesus, em contemplação e
oração. Que o Senhor no ensine e ajude a viver sempre d’Ele e n’Ele em todos os momentos da vida.
“Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e
uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada
Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta
atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te
importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha
ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada
com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte,
que não lhe será tirada».”
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