Cimeira Ibero-Americana: Papa evoca «terríveis» efeitos da pandemia e pede vacina para todos
Abr 21, 2021 - 16:00
Francisco desafia chefes de Estado e de
Governo a esforço conjunto para superar a crise
Cidade do Vaticano, 21 abr 2021 (Ecclesia)
– O Papa enviou uma mensagem à XXVII Cimeira Ibero-Americana de Chefes de
Estado e de Governo, que decorre em Andorra, evocando as “milhões de vítimas e
doentes” da pandemia e apelando à solidariedade na distribuição de vacinas.
“A pandemia não fez distinções e atingiu
pessoas de todas as culturas, credos, camadas sociais e económicas. Todos nós
conhecemos e sentimos a perda de uma pessoa próxima que morreu de Covid-19 ou
que sofreu os efeitos do contágio”, assinala o pontífice.
Francisco sublinha que o encontro, com o
tema ‘Inovação para o Desenvolvimento Sustentável – Objetivo 2030.
Ibero-América face ao desafio do Coronavírus’, decorre num “contexto
particularmente difícil devido aos terríveis efeitos da pandemia de Covid-19 em
todas as áreas da vida diária”.
“Todos nós vimos como as consequências
desta trágica situação afetaram tantas crianças e jovens e acompanhamos com
preocupação os efeitos que pode ter no seu futuro”, aponta.
O Papa aborda, em particular, a questão da
vacina contra a Covid-19, sustentando que “a imunização extensiva deve ser
considerada um bem comum universal”.
“São particularmente bem-vindas as
iniciativas que procurem criar novas formas de solidariedade a nível
internacional, com mecanismos que visem garantir uma distribuição equitativa
das vacinas, não com base em critérios puramente económicos, mas tendo em conta
as necessidades de todos, especialmente dos mais vulneráveis e necessitados”,
acrescenta.
Em várias ocasiões
assinalei que temos de sair melhores desta pandemia, já que a crise atual é uma
ocasião propícia para repensar a relação entre a pessoa e a economia que ajude
a superar o curto-circuito da morte que vive em todos os lugares e em todos os
momentos”.
A mensagem assinala os “enormes
sacrifícios de cada nação e dos seus cidadãos”, convidando toda a comunidade
internacional a “comprometer-se, unida, com espírito de responsabilidade e
fraternidade” para enfrentar os próximos desafios.
Francisco elogia o “árduo trabalho” dos
médicos, enfermeiras, pessoal de saúde, capelães e voluntários que acompanharam
os doentes.
“Devemos unir forças para criar um novo
horizonte de expectativas onde o benefício económico não seja o objetivo
principal, mas sim a proteção da vida humana”, refere.
A intervenção sublinha a necessidade de
“coragem política” para que “não sejam os pobres a pagar o maior custo pelos
dramas que atingem a família humana”.
O Papa pede um modelo de recuperação capaz
de gerar “soluções novas, mais inclusivas e sustentáveis”, defendendo uma
reforma da “arquitetura” da dívida internacional, como parte integrante da
resposta comum à pandemia.
“A renegociação do peso da dívida dos
países mais necessitados é um gesto que ajudará os povos a desenvolver-se, a
ter acesso a vacinas, saúde, educação e emprego”, precisa.
A comunidade ibero-americana é composta
por 22 países, dos quais três europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19
latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador,
Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala,
Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.
Portugal está representado conjuntamente
pelos chefes de Estado e de Governo, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa,
respetivamente.
Os participantes guardaram um minuto de silêncio, em memória das vítimas da pandemia.
OC
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