Ecumenismo: Papa apela à «unidade» entre cristãos, evocando semana de oração
Jan 17, 2021 - 11:49
Iniciativa decorre de 18 a 25 de janeiro, unindo milhões de pessoas
Cidade do Vaticano, 17 jan 2021 (Ecclesia)
– O Papa evocou hoje no Vaticano a “importante” Semana de Oração pela Unidade
dos Cristãos que vai decorrer em muitos países, incluindo Portugal, de 18 a 25
de janeiro.
“Rezemos juntos, nestes dias, para que se
cumpra o desejo de Jesus: que todos sejam só uma coisa, a unidade, que é sempre
superior ao conflito”, disse Francisco, no final da recitação do Ângelus, na
biblioteca do Palácio Apostólico, com transmissão online.
A intervenção assinalou também a jornada
para o aprofundamento do diálogo entre católicos e judeus, que se celebra hoje
na Itália.
“Alegro-me com esta iniciativa, que
acontece há mais de 30 anos, e desejo que dê abundantes frutos de fraternidade
e de colaboração”, referiu o pontífice.
O Papa vai presidir, a 25 de janeiro, à
recitação das Vésperas na Basílica de São Paulo fora de muros (Roma), com
representantes das Igrejas e comunidades cristãs presentes na capital italiana.
No último dia 20 de outubro,
Francisco participou num
encontro ecuménico pela paz, promovido pela comunidade católica de Santo
Egídio, pedindo que os cristãos sejam “unidos, mais fraternos”, rejeitando a
indiferença perante quem sofre.
A proposta de reflexão que vai mobilizar
este ano milhões de cristãos, na Semana de Oração pela Unidade, é este ano
elaborada pelas monjas da comunidade ecuménica de Grandchamp, na Suíça.
“Permanecendo em Cristo, a fonte de todo
amor, o fruto da comunhão cresce: comunhão com Cristo exige comunhão com os
outros. Quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos afastamos uns dos outros;
quanto mais nos afastamos uns dos outros, mais longe de Deus vamos ficando”,
assinala o guia do ‘Oitavário pela unidade da Igreja’.
A proposta refere que “pode ser um
desafio” procurar a proximidade com outros, “viver juntos em comunidade”, com
pessoas, às vezes, “bem diferentes”, mas as divisões entre cristãos, “que se
afastam uns dos outros, são um escândalo, porque afastam também de Deus”.
Muitos cristãos,
movidos pela tristeza dessa situação, rezam ferventemente a Deus pela
restauração daquela unidade pela qual Jesus orou. A oração de Jesus pela
unidade é um convite para voltarmos a ele e assim ficarmos mais próximos uns
dos outros, alegrando-nos com a riqueza da nossa diversidade”.
O guião do oitavário 2021 sustenta que
espiritualidade e solidariedade “estão inseparavelmente ligadas” e através da
solidariedade “com aqueles que sofrem” os cristãos vão permitir que “o amor de
Cristo circule” através de si.
“Permanecendo em Cristo recebemos a força e a sabedoria para agir contra as estruturas de injustiça e opressão, para nos reconhecer por completo como irmãos e irmãs na humanidade, e para sermos criadores de um novo modo de vida, com respeito e comunhão para toda a criação”, acrescentam as monjas.
A Semana de Oração pela Unidade dos
Cristãos de 2021 tem como tema ‘Permanecei no meu amor e produzireis muitos
frutos’, uma passagem do Evangelho de São João, apelando à “reconciliação e
unidade na Igreja e na família humana”.
O guia contextualiza que,
na década de 1930, um grupo de mulheres “redescobriu a importância do silêncio
na escuta da Palavra de Deus” e, ao mesmo tempo, “reviveu a prática de retiros
espirituais para alimentar a sua vida de fé”.
Atualmente, a Comunidade Monástica de
Grandchamp, perto do Lago Neuchâtel, tem 50 irmãs de diferentes gerações, tradições
eclesiais, países e continentes, com visitantes e voluntários que as procuram
para um “tempo de retiro, silêncio, cura e em busca de sentido de vida”.
O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje
com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do
presbítero anglicano norte-americano Paul Wattson que mais tarde se converteu
ao catolicismo.
Ecumenismo é o conjunto de iniciativas e
atividades que favorecem o regresso à unidade dos cristãos; as principais
divisões entre as Igrejas Cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios
de Éfeso e de Calcedónia – Igreja Copta, do Egito, entre outras; no século XI
com a cisão entre o Ocidente e o Oriente – Igrejas Ortodoxas -; no século XVI,
com a Reforma Protestante e depois a separação da Igreja de Inglaterra
(Anglicana).
OC
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