DOMINGO XVI DO TEMPO COMUM
Hoje, nas leituras da liturgia, somos convidados a acolher o outro. No
entanto, o convite que nos é feito traz subjacente a forma a seguir, isto é, ainda
nem sabemos bem quem lá vem e já o nosso coração está pronto e disponível para aquele,
ou aquela, que há de vir. É como se fosse o próprio Deus o nosso convidado, por
isso se o adivinhamos, lá ao
longe, já estamos desejosos que chegue e almoce, e/ou jante e esteja, viva, partilhe connosco, aquela ocasião, aqueles minutos, ou horas. É a alegria do coração pelo encontro, pela partilha, pela entrega àquele(a) que vem e quer ser parte connosco em qualquer momento da vida.
Na 1ªleitura (Gen 18, 1-10a) Abraão faz o acolhimento de uma forma perfeita e interpela-nos,
indiretamente, a fazer o mesmo com todo o(a) que nos procura em casa, no trabalho,
no nosso quotidiano, seja qual for a situação em que se encontre. Se dermos
tempo ao tempo e fizermos a experiência do verdadeiro encontro, acabaremos por reconhecer
O Senhor também ali presente, tal como aconteceu com Abraão. Podemos duvidar, como fez
Sara, mas, mesmo assim, o Amor, que é Deus, tornar-se-á real e vivificante. Abramos o nosso
coração e disponhamo-nos a fazer esta experiência de amor, com o Amor, naquele,
ou naquela, que nos visita, nos procura, ou simplesmente aparece.
“Naqueles dias, o Senhor apareceu a Abraão junto do
carvalho de Mambré. Abraão estava sentado à entrada da sua tenda, no maior
calor do dia. Ergueu os olhos e viu três homens de pé diante dele. Logo que os
viu, deixou a entrada da tenda e correu ao seu encontro; prostrou-se por terra
e disse: «Meu Senhor, se agradei aos vossos olhos, não passeis adiante sem
parar em casa do vosso servo. Mandarei vir água, para que possais lavar os pés
e descansar debaixo desta árvore. Vou buscar um bocado de pão, para
restaurardes as forças antes de continuardes o vosso caminho, pois não foi em
vão que passastes diante da casa do vosso servo». Eles responderam: «Faz como
disseste». Abraão apressou-se a ir à tenda onde estava Sara e disse-lhe: «Toma
depressa três medidas de flor da farinha, amassa-a e coze uns pães no
borralho». Abraão correu ao rebanho e escolheu um vitelo tenro e bom e
entregou-o a um servo que se apressou a prepará-lo. Trouxe manteiga e leite e o
vitelo já pronto e colocou-o diante deles; e, enquanto comiam, ficou de pé
junto deles debaixo da árvore. Depois eles disseram-lhe: «Onde está Sara, tua
esposa?». Abraão respondeu: «Está ali na tenda». E um deles disse: «Passarei
novamente pela tua casa daqui a um ano e então Sara tua esposa terá um filho».”
Na 2ªleitura (Col 1, 24-28) Paulo exorta-nos a viver de, com e em Cristo, tal como ele fez. Pela
palavra de Deus, que nos é anunciada, os mistérios vão-nos sendo revelados,
tanto quanto o nosso coração se lhes abre e os vais conseguindo entender. Uma coisa Paulo
tornou muito clara para nós: Jesus venceu a morte, habita-nos e vai caminhando connosco,
em Igreja, para glória de Deus e fortalecimento do reino. Deixemos que o Seu
Amor se propague e chegue a todos os que Ele coloca nos nossos caminhos.
“Irmãos:
Agora alegro-me com os sofrimentos que suporto por vós e completo na minha
carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo que é a Igreja.
Dela me tornei ministro, em virtude do cargo que Deus me confiou a vosso
respeito, isto é, anunciar-vos em plenitude a palavra de Deus, o mistério que
ficou oculto ao longo dos séculos e que foi agora manifestado aos seus santos.
Deus quis dar-lhes a conhecer em que consiste, entre os gentios, a glória
inestimável deste mistério: Cristo no meio de vós, esperança da glória. E nós O
anunciamos, advertindo todos os homens e instruindo-os em toda a sabedoria, a
fim de os apresentarmos todos perfeitos em Cristo.”
O evangelho,de hoje, (Lc 10, 38-42) leva-nos a clarificar a necessidade de coexistirem a ação e a
contemplação na caminhada para Deus. Uma sem a outra não dá, perdemo-nos em
qualquer momento da vida. Só Maria e Marta fazem o todo, pois se Maria escolhe
a melhor parte, ao escutar Jesus, Marta providencia para que nada Lhe falta, nem
a Ele, nem aos que O acompanham. O que mais me faz pensar, neste texto, é a
forma como Jesus diz a Marta que ela anda preocupada e inquieta com muitas
coisas, pois é o que acontece tantas vezes nas diferentes situações da vida, embora acredite que até no “fazer
as coisas”, sejam estas mais ou menos físicas, se pode estar em oração. Creio que
era Santa Teresinha quem dizia que, mesmo a lavar os tachos e panelas, se pode
estar em intimidade com Jesus, em contemplação e oração. Que o Senhor no ensine
e ajude a viver sempre d’Ele e n’Ele em
todos os momentos da vida.
“Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma
mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria,
que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta
atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te
importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me».
O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas
coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe
será tirada».”
Mãe Santa,
Tu que soubeste escolher a melhor parte, ensina-me a colocar tudo sempre
nas mãos de Deus. Ensina-me querida Mãe a escutar, a amar, a descansar em Teu
Filho. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Sem comentários:
Enviar um comentário