sábado, 13 de julho de 2019

DOMINGO XDO TEMPO COMUM


As leituras deste domingo desafiam-nos a termos a coragem de nos questionarmos sobre o que (quais) são os fundamentos essenciais da nossa fé, o nosso selo de identificação, a nossa verdadeira identidade vivencial, enquanto cristãos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo. E, quanto a mim, o que, à partida, parece ser um mandamento, uma imposição, é o traduzir, na vida quotidiana, de uma relação amorosa que tendo a iniciativa em Jesus, que é quem primeiro nos "cativa",transvasa depois, dessa dinâmica dialética amorosa, para um viver assente em Deus Uno e Trino, Deus Amor. É este Amor que se estende a todos aqueles com quem nos vamos relacionando ao longo da vida, porque, desde que Deus nos habita por inteiro, é Ele, Amor vivo, contínuo e infinito por cada ser vivente, que Se transmite, Se propaga, através dos que Lhe abrem o coração, a totalidade do seu ser, sem fronteiras, nem barreiras de qualquer espécie. Saibamos nós ser o elo desta corrente de transmissão do Amor, para que outros possam viver em comunhão com Deus Amor, eternamente enamorado desta Sua criatura, que é cada ser humano. Mas, é bom estarmos vigilantes e não nos iludirmos no que toca ao nosso testemunho de vida, pois como nos diz S.João, na sua 1ªCarta: Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é Amor.”; “Se alguém disser: «Eu amo a Deus», mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E nós recebemos dele este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão”(1Jo 4, 7-8.20-21). Pela forma como amamos o nosso próximo, ou não, percebemos a qualidade do nosso ser cristão, hoje, onde quer que estejamos e seja qual for a nossa situação.

Adaptado de "Dibujos de Fano"
Na 1ª leitura (Deut 30, 10-14) Moisés conduz-nos ao encontro de Deus, no mais profundo de nós mesmos. É, aí, quando o nosso coração se encontra com Ele, que a lei, que antes era imposição, passa a ser comunhão amorosa. Então, será possível amar até o inimigo, porque o Senhor, que nos habita, o ama em nós.  
Moisés falou ao povo, dizendo: «Escutarás a voz do Senhor teu Deus, cumprindo os seus preceitos e mandamentos que estão escritos no Livro da Lei, e converter-te-ás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma. Este mandamento que hoje te imponho não está acima das tuas forças nem fora do teu alcance. Não está no céu, para que precises de dizer: ‘Quem irá por nós subir ao céu, para no-lo buscar e fazer ouvir, a fim de o pormos em prática?’. Não está para além dos mares, para que precises de dizer: ‘Quem irá por nós transpor os mares, para no-lo buscar e fazer ouvir, a fim de o pormos em prática?’. Esta palavra está perto de ti, está na tua boca e no teu coração, para que a possas pôr em prática»”.

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Quando escutamos S.Paulo a falar de Jesus, como o faz na 2ª leitura (Col 1, 15-20) , é impossível ficar indiferente. O nosso coração percebe, melhor do que a mente, como é profunda a comunhão amorosa entre Jesus e o Pai. E é esse Amor infinito que chega até nós, por Jesus, que nos revela assim a dimensão amorosa de Deus, por cada um de nós. E porque Jesus todo Se entregou, S.Paulo, que fez a experiência do “encontro” com Ele, só podia apresenta-Lo assim: 
“Cristo Jesus é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.” 

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No Evangelho (Lc 10, 25-37) é o próprio Jesus quem nos explica, através da parábola do bom samaritano, o que devemos fazer para sermos cristãos “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos” e, simultaneamente, também nos esclarece, claramente, sobre quem é o nosso próximo. Deixemos que Deus habite, por inteiro, o nosso coração e assim, tal como nos dizia Moisés, na 1ª leitura, poderemos pôr em prática o Amor de Deus na nossa vida, com as pessoas com quem vivemos, convivemos, trabalhamos, ou nos cruzamos, no nosso quotidiano. 
Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?». Jesus disse-lhe: «Que está escrito na Lei? Como lês tu?». Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás». Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio-morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?». O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: Então vai e faz o mesmo».” 

Dibujos de Fano
Senhor, que eu me deixe habitar, por inteiro, por Ti. Que sejas o meu único Senhor, o amor da minha vida. Ama em mim todos os que pões nos meus caminhos.

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