quinta-feira, 18 de abril de 2019

QUINTA-FEIRA DA SEMANA SANTA

Começa assim a antífona da entrada, da celebração da eucaristia de quinta feira, da semana santa: Toda a nossa glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. N’Ele está a nossa salvação, vida e ressurreição. Por Ele fomos salvos e livres.” (Gal 6,14)
Podemos dizer que, com estas palavras,  S.Paulo nos centra no mistério do Amor infinito de Deus, que hoje celebramos de uma forma mais solene e, ao mesmo tempo, mais profunda e intimamente unida a Jesus Cristo, que no memorial da Sua Morte e Ressurreição,  Se faz presente, hoje, em pleno século vinte e um, tal como ontem, com os discípulos, e amanhã, com os que hão de vir. Só Ele é quem nos salva e nos torna livres para Deus. Por isso, em cada quinta-feira, da semana santa, somos convidados a celebrar, a festejar a vida, a ressurreição, a proclamar que Jesus está aqui na Eucaristia, um com cada um de nós, a dizer-nos “Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também”.


Na 1ªleitura (Ex 12, 1-8.11-14) o autor sagrado dá-nos provas da relação de amor que Deus teve com o Seu povo. Nesta história de vida, houve momentos que ficaram marcados para sempre, como, por exemplo, a libertação da escravidão, na terra do Egito, que devem ser transmitidos de geração em geração e celebrados festivamente, pois o Senhor nunca abandona o Seu povo e está sempre presente na sua vida. Se já era assim no Antigo Testamento, no Novo Testamento, com Jesus, esta história de amor de Deus com os homens, estendeu-se a toda a humanidade, tornou-se real na vida de cada um de nós, de ontem, de hoje, de amanhã, de sempre…Por isso hoje, quinta-feira da semana santa, nesta Eucaristia, o nosso coração rejubila de alegria, uma vez que celebramos a Páscoa, a festa da ressurreição e da vida de Jesus no meio de nós. Deixem-me viver esta alegria, pois a sexta-feira já espreita…
“Naqueles dias, o Senhor disse a Moisés e a Aarão na terra do Egipto: «Este mês será para vós o princípio dos meses; fareis dele o primeiro mês do ano. Falai a toda a comunidade de Israel e dizei-lhe: No dia dez deste mês, procure cada qual um cordeiro por família, uma rês por cada casa. Se a família for pequena demais para comer um cordeiro, junte-se ao vizinho mais próximo, segundo o número de pessoas, tendo em conta o que cada um pode comer. Tomareis um animal sem defeito, macho e de um ano de idade. Podeis escolher um cordeiro ou um cabrito. Deveis conservá-lo até ao dia catorze desse mês. Então, toda a assembleia da comunidade de Israel o imolará ao cair da tarde. Recolherão depois o seu sangue, que será espalhado nos dois umbrais e na padieira da porta das casas em que o comerem. E comerão a carne nessa mesma noite; comê-la-ão assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas. Quando o comerdes, tereis os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. Comereis a toda a pressa: é a Páscoa do Senhor. Nessa mesma noite, passarei pela terra do Egipto e hei de ferir de morte, na terra do Egipto, todos os primogénitos, desde os homens até aos animais. Assim exercerei a minha justiça contra os deuses do Egipto, Eu, o Senhor. O sangue será para vós um sinal, nas casas em que estiverdes: ao ver o sangue, passarei adiante e não sereis atingidos pelo flagelo exterminador, quando Eu ferir a terra do Egipto. Esse dia será para vós uma data memorável, que haveis de celebrar com uma festa em honra do Senhor. Festejá-lo-eis de geração em geração, como instituição perpétua».” 


Na 2ªleitura (1 Cor 11, 23-26) S. Paulo centra-nos na Páscoa de Jesus ressuscitado e  ajuda-nos a celebrar  o mistério do Amor de Deus pelo ser humano, manifestado em Cristo Jesus, que todo Se entregou por nosso amor. Celebremos este Amor e sejamos veículos da sua transmissão a todos os que connosco convivem, ou se cruzam nos caminhos da vida. Este é o grande desafio que S.Paulo  nos coloca hoje. “Irmãos: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha.”


No evangelho (Jo 13, 1-15)  Jesus interpela-nos a fazer como Ele:  “Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também”. Celebrar a vida, fazer a festa de Jesus ressuscitado, há de levar-nos a ser cristãos em todo o sítio em que nos movamos e existimos, isto é, a amar como Jesus nos amou e nos ama, porque Ele é quem ama em nós, é Ele que se comunica e se transmite, assim sejamos nós os veículos de transmissão. 
“Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também».


Hoje, é verdadeiramente uma noite que convida a fazer festa, no mais íntimo do nosso coração, com Jesus vivo e ressuscitado. Obrigada meu Senhor e meu Deus. Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos dos séculos, sem fim. Ámen.

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