sábado, 23 de março de 2019

III DOMINGO DA QUARESMA


Neste terceiro domingo da quaresma continuamos a caminhada de conversão, que encetámos na quarta feira de cinzas. Hoje as leituras, por um lado são um forte apelo à conversão sincera, de coração, mas por outro lado revelam-nos o imenso amor de Deus para com o pecador, que se arrepende e se deixar amar por “Aquele que é”.


Na 1ªleitura (Ex 3, 1-8a.13-15)  Moisés vai-nos revelando Deus, atento ao sofrimento do Seu povo, ou seja, às nossas súplicas e angústias. Do meio da sarça que arde, mas não se consome, Deus dá-nos a garantia de que  todo o que n’Ele confia e, se lhe entrega de verdade, será por Ele libertado da “escravidão”, seja esta de que natureza for. Só em Deus seremos realmente livres. Deixemos que Deus nos ame e Se manifeste no concreto da nossa existência, como - “Aquele que é” - Amor sem limites por cada um de nós.
“Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Ao levar o rebanho para além do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor numa chama ardente, do meio de uma sarça. Moisés olhou para a sarça, que estava a arder, e viu que a sarça não se consumia. Então disse Moisés: «Vou aproximar-me, para ver tão assombroso espetáculo: por que motivo não se consome a sarça?». O Senhor viu que ele se aproximava para ver. Então Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés, Moisés!». Ele respondeu: «Aqui estou!» Continuou o Senhor: «Não te aproximes. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada». E acrescentou: «Eu sou o Deus de teus pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob». Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus. Disse-lhe o Senhor: «Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor provocado pelos opressores. Conheço, pois, as suas angústias. Desci para o libertar das mãos dos egípcios e o levar deste país para uma terra boa e espaçosa, onde corre leite e mel». Moisés disse a Deus: «Vou procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’. Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei de responder-lhes?». Disse Deus a Moisés: «Eu sou ‘Aquele que sou’». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós». Deus disse ainda a Moisés: «Assim falarás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus de vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós. Este é o meu nome para sempre, assim Me invocareis de geração em geração’».”


Na 2ªleitura (1 Cor 10, 1-6.10-12) é S. Paulo quem nos conduz aos caminhos do deserto e connosco faz memória do que por lá se passou. Ao refletirmos com ele, sobre todos os acontecimentos da caminhada, fica muito claro que somos todos pecadores e que ninguém é melhor do que o outro. No entanto, S.Paulo dá-nos a solução para todos os problemas: em Jesus Cristo , que é o rochedo da nossa salvação, que nos acompanha sempre, pois habita-nos, vive em nós, é possível vencer a morte, o pecado. Entreguemo-nos, na totalidade do nosso ser a Jesus, deixemo-nos guiar, conduzir por Ele, que  é o Único que nos pode dar a verdadeira Vida e arrisquemos tudo n’Ele: afinal, Deus é todo Amor e não sabe senão dar-se continuamente, por isso,  de que é que temos medo, o que é temos a perder?  
“Irmãos: Não quero que ignoreis que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, passaram todos através do mar e na nuvem e no mar, receberam todos o batismo de Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual. Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava: esse rochedo era Cristo. Mas a maioria deles não agradou a Deus, pois caíram mortos no deserto. Esses factos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos o mal, como eles cobiçaram. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, tendo perecido às mãos do Anjo exterminador. Tudo isto lhes sucedia para servir de exemplo e foi escrito para nos advertir, a nós que chegámos ao fim dos tempos. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.”


No Evangelho (Lc 13, 1-9) Jesus, depois de nos fazer um forte apelo à conversão, revela-nos a paciência, a misericórdia, o Amor de Deus. Nunca duvidemos do Seu infinito Amor, por cada um de nós, e correspondamos dando “bom fruto”. “Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano». 


Senhor, concede-me a graça da conversão a Ti. Que eu nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor inesgotável, incomparável, infinito, por todos e cada homem em particular. 

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