DOMINGO XVI DO TEMPO COMUM-2025-ANO C
As leituras, da liturgia de hoje, convidam-nos a uma vivência concreta do evangelho no dia a dia da vida. Somos desafiados a acolher e a receber, com alegria no coração, todo aquele que vem até nós. Afinal, em todas as pessoas podemos encontrar o rosto de Deus e, com elas, partilhar o que Deus Amor nos dá continuamente.
Na 1ªleitura (Gen 18, 1-10a) Abraão faz o acolhimento de uma forma perfeita e interpela-nos, indiretamente, a fazer o mesmo com todo o que nos procura em casa, no trabalho, no nosso quotidiano, seja qual for a situação em que cada um se encontre.
“Naqueles dias, o Senhor apareceu a Abraão junto do carvalho de Mambré. Abraão estava sentado à entrada da sua tenda, no maior calor do dia. Ergueu os olhos e viu três homens de pé diante dele. Logo que os viu, deixou a entrada da tenda e correu ao seu encontro; prostrou-se por terra e disse: «Meu Senhor, se agradei aos vossos olhos, não passeis adiante sem parar em casa do vosso servo. Mandarei vir água, para que possais lavar os pés e descansar debaixo desta árvore. Vou buscar um bocado de pão, para restaurardes as forças antes de continuardes o vosso caminho, pois não foi em vão que passastes diante da casa do vosso servo». Eles responderam: «Faz como disseste». Abraão apressou-se a ir à tenda onde estava Sara e disse-lhe: «Toma depressa três medidas de flor da farinha, amassa-a e coze uns pães no borralho». Abraão correu ao rebanho e escolheu um vitelo tenro e bom e entregou-o a um servo que se apressou a prepará-lo. Trouxe manteiga e leite e o vitelo já pronto e colocou-o diante deles; e, enquanto comiam, ficou de pé junto deles debaixo da árvore. Depois eles disseram-lhe: «Onde está Sara, tua esposa?». Abraão respondeu: «Está ali na tenda». E um deles disse: «Passarei novamente pela tua casa daqui a um ano e então Sara tua esposa terá um filho».”
“Irmãos: Agora alegro-me com os sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo que é a Igreja. Dela me tornei ministro, em virtude do cargo que Deus me confiou a vosso respeito, isto é, anunciar-vos em plenitude a palavra de Deus, o mistério que ficou oculto ao longo dos séculos e que foi agora manifestado aos seus santos. Deus quis dar-lhes a conhecer em que consiste, entre os gentios, a glória inestimável deste mistério: Cristo no meio de vós, esperança da glória. E nós O anunciamos, advertindo todos os homens e instruindo-os em toda a sabedoria, a fim de os apresentarmos todos perfeitos em Cristo.”
“Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».”
Mãe Santa, Tu
que soubeste sempre escolher a melhor parte, ensina-me a colocar tudo sempre
nas mãos de Deus. Ensina-me querida Mãe a escutar, a amar, a descansar em Teu
Filho. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Já estamos a meio do Verão,
pelo menos no hemisfério boreal. Este é o período no qual as escolas estão
fechadas e se concentra a maior parte das férias. Também as atividades
pastorais das paróquias são reduzidas, e eu próprio suspendi durante um período
as audiências. Este é portanto um momento favorável para dar o primeiro lugar
ao que efetivamente é mais importante na vida, ou seja, a escuta da Palavra do
Senhor. Recorda-no-lo também o Evangelho deste domingo, com o célebre episódio
da visita de Jesus à casa de Marta e Maria, narrado por São Lucas (10, 38-42).
Marta e Maria são duas irmãs;
têm também um irmão, Lázaro, que contudo neste caso não comparece. Jesus passa
pela sua aldeia e – diz
o texto – Marta hospeda-o (cf. 10, 38). Este pormenor dá a
entender que, das duas, Marta é a mais idosa, a que governa a casa. De facto,
depois de Jesus ter entrado, Maria senta-se aos seus pés e ouve-o, enquanto
Marta andava atarefada com muitos serviços, certamente devidos ao Hóspede
extraordinário. Parece que vemos a cena: uma irmã que anda toda atarefada, e a
outra como que raptada pela presença do Mestre e das suas palavras. Um pouco
depois Marta, evidentemente ressentida, não resiste mais e protesta, sentindo-se
até no direito de criticar Jesus: "Senhor, não se Te dá que a minha irmã
me deixe só a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar". Marta
pretenderia até ensinar o Mestre! Mas Jesus, com grande calma, responde:
"Marta, Marta – e
este nome repetido exprime afeto – andas
inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria
escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada" (10, 41-42). A palavra
de Cristo é claríssima: nenhum desprezo pela vida ativa, nem muito menos pela
generosa hospitalidade; mas uma chamada clara ao facto de que a única coisa
deveras necessária é outra; ouvir a Palavra do Senhor; e o Senhor naquele
momento está ali, presente na Pessoa de Jesus! Tudo o resto passará e ser-nos-á
tirado, mas a Palavra de Deus é eterna e dá sentido ao nosso agir quotidiano.
Queridos amigos, como dizia,
esta página do Evangelho adapta-se como nunca ao tempo das férias, porque
recorda o facto de que a pessoa humana deve trabalhar, comprometer-se nas
ocupações domésticas e profissionais, mas antes de tudo precisa de Deus, que é
a luz interior de Amor e de Verdade. Sem amor, até as atividades mais
importantes perdem valor, e não dão alegria. Sem um significado profundo, todo
o nosso fazer reduz-se a um ativismo estéril e desorganizado. E quem nos dá o
Amor e a Verdade, a não ser Jesus Cristo? Portanto, aprendamos a ajudar-nos uns
aos outros, a colaborar, mas antes ainda a escolher juntos a parte melhor, que
é e será sempre o nosso maior bem.
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