sábado, 5 de julho de 2025

DOMINGO XIV DO TEMPO COMUM – 2025 – Ano C

As leituras de hoje, têm como tema comum o envio em missão. Ontem, hoje e sempre, o Senhor envia em missão alguns, para anunciarem o amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus, que deu a vida por todos e por cada um em particular, sem exceção de pessoa alguma.

Na 1ª leitura (Is 66, 10-14c)  o enviado é Isaías, que nos convida à alegria. Alegria porquê? Porque Deus nos ama como a mãe, que amamenta os seus filhos e os cobre de carinho e ternura. Sim, Deus  é Pai e Mãe ao mesmo tempo e o Seu Amor por nós é completo. Alegremo-nos, porque somos os filhos amados de Deus, no Seu Filho Unigénito. 

"Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, todos vós que a amais. Com ela enchei-vos de júbilo, todos vós que participastes no seu luto. Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência. Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura, retomarão vigor os vossos membros. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos. "

Na 2ªleitura (Gal 6, 14-18)  S.Paulo surge-nos em missão, anunciando que se gloria na Cruz de Cristo. Sim, a Cruz foi o trono de glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Daí, onde e quando tudo parecia terminado, surge a Nova Criatura, que nos traz a paz e a misericórdia de Deus. É Deus que se nos revela nos Seu Amor infinito por cada um de nós.

"Irmãos: Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão valem alguma coisa: o que tem valor é a nova criatura. Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma, bem como para o Israel de Deus. Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito. Amen."

No Evangelho (Lc 10, 1-12.17-20) S.Lucas diz-nos que são enviados 72 discípulos, significando este número, que o anúncio da Boa Nova do Reino se destina a toda a humanidade, não ficando ninguém excluído. E vão dois a dois, o que quer dizer, que um missionário nunca vai só, a comunidade, a partir da qual é enviado, fica em comunhão com ele, enquanto estiver em missão. Vão anunciar: a Paz; a libertação; que o reino de Deus está tão perto de nós, que nos coabita; que o Senhor Jesus ressuscitou e está vivo no meio de nós. Cada cristão, hoje em dia, também é chamado a ser missionário no local onde vive, ou quando se desloca, no trabalho, nos seus contactos sociais, enfim, em todo o lado, onde quer que se cruze com alguém, ao longo de cada jornada.

"Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’. Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: ‘Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus’. Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade». Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome». Jesus respondeu-lhes: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos nos Céus»."

Senhor, ilumina-me e ensina-me a dar testemunho de Ti, ao longo de cada dia.


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A página do Evangelho de hoje (cf. Lc 10, 1-12.17-20) apresenta Jesus que além dos doze apóstolos envia em missão setenta e dois discípulos. Provavelmente o número setenta e dois indica todas as nações. Com efeito, no livro do Génesis mencionam-se setenta e duas nações diferentes (cf. 10, 1-32). Assim, este envio prefigura a missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os povos. Àqueles discípulos, Jesus diz: «A messe é abundante, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe a fim de que envie trabalhadores para a sua messe!» (v. 2).

Este pedido de Jesus é sempre válido. Devemos rezar incessantemente ao «dono da messe», isto é, a Deus Pai, a fim de que envie operários para trabalhar no seu campo, que é o mundo. E cada um de nós deve fazê-lo com o coração aberto, com uma atitude missionária; a nossa oração não deve limitar-se apenas às nossas carências, às nossas necessidades: uma oração é verdadeiramente cristã se tiver também uma dimensão universal.

Ao enviar os setenta e dois discípulos, Jesus dá-lhes instruções específicas, que manifestam as caraterísticas da missão. A primeira — já vimos — é rogai; a segunda, ide; e depois: Não leveis bolsa, nem alforje...; dizei: «A paz esteja nesta casa»... Permanecei naquela casa... Não andeis de casa em casa... Curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: «O Reino de Deus já está próximo de vós!»; e, se não vos receberem, saí à praça pública e despedi-vos (cf. vv. 2-10). Estes imperativos mostram que a missão se baseia na oração; que é itinerante, não está parada, é itinerante; que exige desapego e pobreza; que traz paz e cura, sinais da proximidade do Reino de Deus; que não é proselitismo, mas anúncio e testemunho; e que exige também a franqueza e a liberdade evangélica para partir, salientando a responsabilidade de ter rejeitado a mensagem de salvação, mas sem condenações nem maldições.

Se for vivida nestes termos, a missão da Igreja será caraterizada pela alegria. E como acaba este trecho? «Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria» (v. 17). Não se trata de uma alegria efémera, que brota do sucesso da missão; pelo contrário, é uma alegria radicada na promessa de que — diz Jesus — «os vossos nomes estão escritos no Céu» (v. 20). Com esta expressão, Ele quer dizer a alegria interior, a alegria indestrutível que nasce da consciência de ser chamado por Deus a seguir o seu Filho. Ou seja, a alegria de ser seus discípulos. Hoje, por exemplo, cada um de nós aqui na Praça pode pensar no nome que recebeu no dia do Batismo: esse nome está «escrito no Céu», no Coração de Deus Pai. É a alegria deste dom que faz de cada discípulo um missionário, alguém que caminha em companhia do Senhor Jesus, que dele aprende a dedicar-se sem reservas aos outros, livre de si mesmo e dos próprios bens.

Invoquemos juntos a proteção maternal de Maria Santíssima, para que Ela ampare em todos os lugares a missão dos discípulos de Cristo, a missão de anunciar a todos que Deus nos ama, quer salvar-nos e nos chama a fazer parte de seu Reino.

Papa Francisco
(Angelus, 7 de julho de 2019)

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