sábado, 13 de julho de 2024

 XV DOMINGO DO TEMPO COMUM 

Hoje, a liturgia aponta-nos para a missão de todo o cristão: anunciar o Evangelho na vida. Através das leituras vamo-nos sentindo desafiados, num crescendo que culmina no evangelho, a viver e a dar testemunho da mensagem do amor infinito de Deus, por cada ser criado. É-nos pedida uma resposta, de amor, ao apelo que Deus nos faz de O anunciarmos, na vida, a todos os que connosco se cruzam, no dia a dia, ao longo da nossa caminhada na Terra.

Na 1ªleitura (Amós 7, 12-15) é bom sentir como o profeta enfrenta o poder instituído e se mantém fiel ao que o Senhor lhe pediu: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’. Os obstáculos, às vezes, começam em nós próprios, mas noutras situações vêm de onde menos se espera. Escutemos Amós e façamos o que nos é pedido a cada momento. Confiemos em Deus, que infundiu, em cada um de nós, o Seu Santo Espírito, no dia no nosso batismo: Ele falará, mesmo que não tenhamos as palavras mais apropriadas; Ele agirá, ainda que os nossos atos possam parecer deslocados, ou trôpegos; o Seu Amor inundará o coração do outro, mesmo que não sintamos nada, ou esse outro nos pareça a léguas de distância... Não importa, entreguemo-nos de coração. 

“Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».” 

Na 2ªleitura (Ef 1, 3-14) S. Paulo, com uma linguagem muito bela, faz-nos sentir tão preciosos aos olhos de Deus, que teve, desde o princípio dos princípios e, continua a ter hoje, e sempre, uma história, uma relação, de um Amor tão profundo por cada um de nós, que a nossa alma explode e canta hinos de louvor e ação de graças ao nosso Deus. Deus Pai, que entrega Seu Único Filho, em quem põe todo o Seu enlevo, para n’Ele nos recuperar comos filhos, é de uma loucura amorosa sem fim. Como nos amas Senhor! Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos dos séculos, sem fim. Que toda a terra Te louve e aclame como o Único Deus Altíssimo. Que todos os  homens Te conhecem assim, Amor sem fim. Amén!

“Irmãos: Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio de benevolência n’Ele de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra.”

No Evangelho (Mc 6, 7-13) encontramo-nos com Jesus e os Apóstolos e sentimo-nos desafiados a assumir a missão que o Senhor continua a colocar hoje, a cada um dos batizados, na Igreja: ser na vida testemunha do Seu Amor infinito por todos e por cada um de nós. Deixemos cair tudo o que nos atrapalha e impede de ser um “vaso comunicante” do Seu Amor e permitamos que, através de nós, Se comunique a todos, sem exceção.

“Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.”

Senhor, obrigada por me amares tal qual sou. Que o meu coração todo se entregue a Ti e, assim possas chegar a quem queres, também através de mim. Que eu não seja empecilho, mas ponte.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje (cf. Mc 6, 7-13) narra o momento no qual Jesus envia os Doze em missão. Depois de os ter chamado pelo nome um por um, «para andarem com Ele» (Mc 3, 14) ouvindo as suas palavras e observando os seus gestos de cura, convocava-os agora para os «enviar dois a dois» (6, 7) às aldeias que Ele se preparava para visitar. É uma espécie de “aprendizagem” daquilo que serão chamados a fazer depois da Ressurreição do Senhor com o poder do Espírito Santo.

O trecho evangélico analisa o estilo do missionário, que podemos resumir em dois pontos: a missão tem um centro; a missão tem um rosto.

O discípulo missionário tem antes de mais um seu centro de referência, que é a pessoa de Jesus. A narração indica isto usando uma série de verbos que o têm a Ele como sujeito — «chamou», «enviou-os», «dava-lhes poder», «ordenou», «dizia-lhes» (vv. 7.8.10) — de modo que o ir e o agir dos Doze aparecem como o irradiar-se de um centro, o repropor-se da presença e da obra de Jesus na sua ação missionária. Isto manifesta que os Apóstolos nada têm de seu para anunciar, nem capacidades próprias para demonstrar, mas falam e agem porque foram «enviados», enquanto mensageiros de Jesus.

Este episódio evangélico refere-se também a nós, e não só aos sacerdotes, mas a todos os batizados, chamados a testemunhar, nos vários ambientes de vida, o Evangelho de Cristo. E também para nós esta missão é autêntica apenas a partir do seu centro imutável que é Jesus. Não é uma iniciativa dos fiéis individualmente nem dos grupos, nem sequer das grandes agregações, mas é a missão da Igreja inseparavelmente unida ao seu Senhor. Cristão algum anuncia o Evangelho «por conta própria», mas unicamente enviado pela Igreja que recebeu o mandato do próprio Cristo. É precisamente o Batismo que nos torna missionários. Um batizado que não sentir a necessidade de anunciar o Evangelho, de anunciar Jesus, não é um bom cristão.

A segunda característica do estilo do missionário é, por assim dizer, um rosto, que consiste na pobreza dos meios. O seu equipamento responde a um critério de sobriedade. Com efeito, os Doze receberam a ordem de «que nada levassem para o caminho a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto» (v. 8). O Mestre quis que eles fossem livres e ligeiros, sem apoios nem favores, com a única certeza do amor d’Aquele que os envia, fortalecidos unicamente pela sua palavra que vão anunciar. O cajado e as sandálias são o equipamento dos peregrinos, porque eles são mensageiros do reino de Deus, não empresários omnipotentes, não funcionários rigorosos nem estrelas em tournée. Pensemos, por exemplo, nesta Diocese da qual eu sou o Bispo. Pensemos nalguns Santos desta Diocese de Roma: São Filipe Neri, São Bento José Labre, Santo Aleixo, Beata Ludovica Albertoni, Santa Francisca Romana, São Gaspar del Bufalo e muitos outros. Não eram funcionários nem empresários, mas trabalhadores humildes do Reino. Tinham este rosto. E a este “rosto” pertence também a maneira como a mensagem é acolhida: com efeito, pode acontecer que não sejamos acolhidos nem ouvidos (cf. v. 11). Também isto é pobreza: a experiência da falência. A vicissitude de Jesus, que foi rejeitado e crucificado, antecipa o destino do seu mensageiro. E só se estivermos unidos a Ele, morto e ressuscitado, conseguiremos encontrar a coragem da evangelização.

A Virgem Maria, primeira discípula e missionária da Palavra de Deus, nos ajude a levar ao mundo a mensagem do Evangelho numa exultação humilde e radiante, além de qualquer rejeição, incompreensão ou tribulação.

Papa Francisco

(Angelus , 15 de julho de 2018)

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