XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
“Sobre este monte, o Senhor do Universo há de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Sobre este monte, há de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte».”
“Irmãos:
Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as
circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver
desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta.
No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. O meu Deus proverá
com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza e
magnificência, em Cristo Jesus. Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos
séculos. Ámen.”
No Evangelho (Mt 22, 1-14) é
o próprio Jesus quem nos convida, por meio da parábola que nos conta, a
participar no banquete que o Pai nos prepara em cada Eucaristia. Festejamos
Jesus ressuscitado, vivo no meio de nós. E, sempre que o nosso coração se abre,
sob a ação do Espírito Santo, e se deixa inundar do Amor de Deus, participamos
em cheio neste banquete de manjares suculentos e vinho puríssimo, preparado
para nós desde toda a eternidade. Deixemo-nos cativar pelo Seu convite de amor
infinito.
“Naquele
tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do
povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a
um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos
chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda
outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete,
os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas
eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio;
os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou
muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos
e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os
convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para
as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos,
reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se
de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que
não estava vestido com o traje nupcial e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui
sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos:
‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro
e ranger de dentes’. Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos».”
Senhor, Pai Santo eu te louvo e bendigo pelo dom da
Eucaristia. Que eu me coração se deixe repassar de Ti e assim eu responda ao
Teu convite de Amor.
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Com a narração da parábola do banquete nupcial, da página do Evangelho de
hoje (cf. Mt 22, 1-14), Jesus delineia o desígnio de Deus para a
humanidade. O rei que «preparou um banquete nupcial para o seu filho» (v. 2), é a imagem
do Pai que preparou para toda a família humana uma maravilhosa festa de amor e
comunhão ao redor do seu Filho unigénito. Duas vezes o rei envia os seus servos
para chamar os convidados mas eles recusam-se, não querem ir ao banquete porque
têm outras coisas em que pensar: campos e negócios. Muitas vezes também nós
antepomos os nossos interesses e coisas materiais ao Senhor que nos chama - e
nos chama para uma festa. Mas o rei da parábola não quer que o salão fique
vazio, porque quer doar os tesouros do seu reino. Por isso diz aos servos:
«Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos
encontrardes» (v. 9). É assim que Deus se comporta: quando é
rejeitado, em vez de se render, insiste e convida a chamar todos aqueles que
estão nas encruzilhadas, sem excluir ninguém. Ninguém é excluído da casa de
Deus.
O termo original usado pelo evangelista Mateus refere-se aos limites das
estradas, ou seja, aqueles pontos onde as ruas da cidade terminam e começam os
caminhos que levam à zona rural, fora da cidade, onde a vida é precária. É a
esta encruzilhada da humanidade que o rei da parábola envia os seus servos, na
certeza de encontrar pessoas dispostas a sentar-se à mesa. Assim, o salão de
banquetes está cheio de “excluídos”, aqueles que estão “fora”, aqueles que
nunca tinham sido considerados dignos de participar numa festa, num banquete de
núpcias. Pelo contrário: o senhor, o rei, diz aos mensageiros: “Convidai todos,
bons e maus. Todos”! Deus chama até os maus. “Não, eu sou mau, fiz tantas...”.
Ele chama: “Vem, vem, vem!”. E Jesus almoçava com os publicanos, que eram os
pecadores públicos, os maus. Deus não tem medo da nossa alma ferida por tantas
maldades, porque nos ama, nos convida. E a Igreja é chamada a ir às
encruzilhadas de hoje, ou seja, às periferias geográficas e existenciais da
humanidade, àqueles lugares marginais, àquelas situações em que as pessoas se
encontram acampadas e vivem como farrapos de humanidade sem esperança. Não se
trata de nos acomodarmos nas formas confortáveis e habituais de evangelização e
de testemunho da caridade, mas de abrir as portas dos nossos corações e das
nossas comunidades a todos, pois o Evangelho não é reservado a poucos eleitos.
Até os marginalizados, os rejeitados e desprezados pela sociedade, são
considerados por Deus dignos do seu amor. Ele prepara o seu banquete para todos:
justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos. Ontem à noite,
consegui fazer um telefonema a um sacerdote italiano idoso, missionário da
juventude no Brasil, mas sempre a trabalhar com os excluídos, com os pobres. E
ele vive essa velhice em paz: gastou a sua vida com os pobres. Esta é a nossa
Igreja-Mãe, ele é o mensageiro de Deus que vai às encruzilhadas.
No entanto, o Senhor apresenta uma condição: usar o hábito nupcial. E
voltemos à parábola. Quando o salão está cheio, o rei chega e cumprimenta os
convidados da última hora, mas vê um deles sem o hábito nupcial, uma espécie de
capa que cada convidado recebia de presente à entrada. As pessoas iam como
estavam, como podiam vestir-se, sem hábito de festa. Mas à entrada era-lhes
dada uma espécie de capa, um presente. Aquele convidado, ao recusar o presente,
auto-excluiu-se: assim o rei mais não pode fazer do que mandá-lo embora. Este
homem aceitou o convite, mas depois decidiu que para ele ele não
significava nada: era uma pessoa auto-suficiente, não tinha desejo de mudar ou
de deixar que o Senhor o mudasse. O hábito nupcial - esta capa - simboliza a
misericórdia que Deus nos concede gratuitamente, ou seja, a graça. Sem a graça
não se pode dar um passo em frente na vida cristã. Tudo é graça. Não basta
aceitar o convite para seguir o Senhor, é necessário estar aberto a um caminho
de conversão que mude o coração. O hábito da misericórdia, que Deus nos oferece
incessantemente, é um dom gratuito do seu amor, é precisamente a graça. E
requer ser recebido com maravilha e alegria: “Obrigado, Senhor, por me teres
concedido este dom”.
Que Maria Santíssima nos ajude a imitar os servos da parábola evangélica
para sairmos dos nossos esquemas e da nossa mente fechada, anunciando a todos
que o Senhor nos convida para o seu banquete, para nos oferecer a graça que
salva, para nos dar o seu dom.
Sem comentários:
Enviar um comentário