XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM
Dia Mundial das Missões
Hoje, dia em que a Igreja celebra o Dia Mundial das Missões, as leituras levam-nos a questionarmo-nos sobre quem pomos em primeiro lugar na vida: Deus; os senhores deste mundo político, económico, social, religioso, ecológico,…; as nossas coisas (pequeninas, médias, ou enormes); a ânsia de queremos ter mais e melhor;… Afinal, quem, ou o que é que, nos faz mover e existir?
Simultaneamente, somos alertados, nesta liturgia, para a necessidade de cumprimos também as nossas obrigações para com o poder justo e as instituições políticas e sociais que nos governam, sejam elas fiscais, ou de outra natureza. Digo eu, se todos queremos ter direito à saúde, educação, paz, pão e liberdade (como diz a canção) devemos contribuir com a nossa parte, que passa por pagar impostos, entre outras obrigações. E, acrescento ainda, agora como católica, são todos os cidadãos e não são só os que não podem “fugir”, por qualquer artimanha contabilístico-financeiro, política, etc, que devem suportar o erário público! Assim, também estaremos (todos) ao serviço uns dos outros. Se todos pagássemos, o que devemos, talvez sentíssemos mais a chamada “coisa pública” também como nossa e consequentemente agíssemos de uma forma mais responsável, comprometida, solidária e sustentável e , quem sabe (?!), podia ser que não precisássemos de pagar tanto...
Na 1a
leitura (Is 45, 1.4-6) o profeta mostra como Deus, o único Senhor, se
serve de alguém que não pertence ao povo escolhido, para chegar ao coração de
Israel. É assim, estejamos atentos aos sinais, pois nunca sabemos de quem Deus
se serve para chegar ao nosso coração.
“Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido, a quem tomou pela mão direita, para subjugar diante dele as nações e fazer cair as armas da cintura dos reis, para abrir as portas à sua frente, sem que nenhuma lhe seja fechada: «Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, quando ainda não Me conhecias. Eu sou o Senhor e não há outro; fora de Mim não há Deus. Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias, para que se saiba, do Oriente ao Ocidente, que fora de Mim não há outro. Eu sou o Senhor e mais ninguém».”
Na 2ªleitura (1 Tes 1, 1-5b) S.Paulo dá graças e louvores a Deus,
porque a comunidade dos Tessalonicenses dá testemunho de Jesus vivo e
ressuscitado demonstrando, no seu tempo, a atividade da sua fé, o esforço da
caridade e a firmeza na esperança. Que este seja um desafio para também nós
deixarmos que o Espírito Santo nos habite de forma a vivermos de Jesus em todos
os momentos da nossa vida.
“Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos
Tessalonicenses, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: A graça e a paz
estejam convosco. Damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos
menção de vós nas nossas orações. Recordamos a atividade da vossa fé, o esforço
da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo,
na presença de Deus, nosso Pai. Nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes
escolhidos. O nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras, mas
também com obras poderosas, com a ação do Espírito Santo.”
“Naquele tempo, os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem te deixares influenciar por ninguém, pois não fazes aceção de pessoas. Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?». Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário e Jesus perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Eles responderam: «De César». Disse-Lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».
Senhor, que sejas para mim sempre e só o meu único Deus. Que eu aprenda a viver de Ti e só de Ti.
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste Domingo (cf. Mt 22,15-21) mostra-nos Jesus a lutar contra a
hipocrisia dos seus adversários. Fazem-lhe muitos elogios - no início, muitos
elogios - mas depois dirigem-lhe uma pergunta insidiosa para o
colocar em apuros e o desacreditar perante o povo. Perguntam-lhe: «É lícito, ou
não, pagar o tributo a César?»(v. 17), ou seja, pagar os impostos a César. Naquele
tempo, na Palestina, o domínio do império romano era mal tolerado - e é
evidente que eram invasores – também por motivos religiosos. Para a
população, o culto do imperador, frisado também pela sua imagem nas moedas, era
um insulto ao Deus de Israel. Os interlocutores de Jesus estão convencidos de
que não há alternativa ao seu interrogatório: ou um “sim” ou um “não”. Estavam
à espera, precisamente porque com esta pergunta esperavam pôr Jesus em
dificuldade e fazê-lo cair na armadilha. Mas Ele conhece a maldade deles e
liberta-se da cilada. Pede-lhes que lhe mostrem a moeda, a moeda dos impostos,
a moeda do tributo, pega nela e pergunta de quem é a imagem gravada. Eles
respondem que é de César, ou seja, do imperador. Então Jesus responde:
«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus»(v. 21).
Com esta resposta, Jesus coloca-se acima da controvérsia. Jesus, sempre
acima. Por um lado, reconhece que o tributo a César deve ser pago - também por
todos nós, os impostos devem ser pagos - porque a imagem na moeda é a sua; mas
acima de tudo, lembra que cada pessoa traz dentro de si outra imagem - nós
trazemo-la nos nossos corações, nas nossas almas -: a de Deus, e portanto é a
Ele, e só a Ele, que cada pessoa deve a sua existência, a sua vida.
Neste julgamento de Jesus encontramos não só o critério da distinção entre
as esferas política e religiosa, mas também diretrizes claras para a missão dos
crentes de todos os tempos, até para nós hoje. Pagar impostos é um dever dos
cidadãos, assim como observar as justas leis do Estado. Ao mesmo tempo, é
necessário afirmar a primazia de Deus na vida humana e na história, respeitando
o direito de Deus ao que Lhe pertence.
Eis a missão da Igreja e dos cristãos: falar de Deus e dar testemunho dele
aos homens e mulheres do seu tempo. Cada um de nós, pelo batismo, é
chamado a ser presença viva na sociedade, animando-a com o Evangelho e com a
linfa vital do Espírito Santo. É uma questão de nos comprometermos
humildemente, e ao mesmo tempo com coragem, a dar a nossa própria contribuição
para a construção da civilização do amor, onde reinam a justiça e a
fraternidade.
Que Maria Santíssima ajude todos a evitar qualquer hipocrisia e a serem
cidadãos honestos e construtivos. E nos sustente, a nós discípulos de Cristo,
na missão de testemunhar que Deus é o centro e o sentido da vida.
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