quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Quarta-Feira de Cinzas


São João Paulo II (1920-2005), papa 
Homilia de Quarta-Feira de Cinzas, 16/02/1983


No segredo do coração


"A quaresma é portanto um tempo para entrar em si mesmo. É um período de particular intimidade com Deus no segredo do próprio coração e da própria consciência. É nessa intimidade interior com Deus que se realiza a obra essencial da quaresma: o trabalho de conversão.

Neste segredo interior e na intimidade com Deus na plena verdade do próprio coração e da própria consciência, ressoam palavras como as do salmo da liturgia de hoje, que são uma das confissões mais profundas que o homem jamais fez diante do seu Deus: «Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa misericórdia, / segundo a vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados. / Lavai-me totalmente das minhas iniquidades, /purificai-me dos meus delitos./ Reconheço, de verdade, as minhas culpas, / o meu pecado está sempre diante de mim. / Contra Vós apenas é que pequei, / pratiquei o mal perante os vossos olhos» (Sl 50/51, 1-6).

São palavras purificadoras, palavras transformadoras, que transformam o homem interiormente. Recitemo-las muitas vezes durante a quaresma. E sobretudo procuremos renovar este espírito que as vivifica, este sopro interior que ligou precisamente a estas palavras a força de conversão. Porque a quaresma é essencialmente um convite à conversão. As obras de piedade de que fala o Evangelho abrem o caminho a esta conversão. Realizemo-las o mais possível. Mas, antes de tudo, esforcemo-nos por ter um encontro interior com Deus em toda a nossa vida, em tudo aquilo que ela comporta — com vista a esta profundidade de conversão a Ele que irradia do salmo penitencial da liturgia de hoje."

Curiosidades: 

Na Igreja primitiva, variava a duração da Quaresma, mas normalmente começava seis semanas (42 dias) antes da Páscoa.


Isto dava por resultado apenas 36 dias de jejum (já que se excluem os domingos). No século VII, foram acrescentados quatro dias antes do primeiro domingo da Quaresma estabelecendo os quarenta dias de jejum, para imitar o jejum de Cristo no deserto.



Era prática comum em Roma que os penitentes começassem a sua penitênica pública no primeiro dia de Quaresma. Eles eram salpicados com cinzas, vestidos com um saial e obrigados a manter-se longe até que se reconciliassem com a Igreja na Quinta-feira Santa. Quando estas práticas caíram em desuso (do século VIII ao X), o início da temporada penitencial da Quaresma passou a ser simbolizada colocando cinzas nas cabeças de toda a assembleia.


Hoje em dia na Igreja, na Quarta-feira de Cinzas, o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior. Esta tradição da Igreja continua ainda hoje como um simples rito em algumas Igrejas protestantes, como a anglicana e a luterana. A Igreja Ortodoxa começa a quaresma na segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.


                  Retirado do site "Evangelho Quotidiano"

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