sábado, 10 de maio de 2025

  SEMANA IV DO TEMPO PASCAL- 2025

 DOMINGO DO BOM PASTOR 

 62º Dia Mundial de Oração pelas Vocações  - Chamados à Esperança

Hoje a Igreja, neste dia de Oração Mundial pelas Vocações, celebra o Dia do Bom Pastor. As leituras estão centradas no Cordeiro, o Bom Pastor, que a todos conduz para as fontes de água viva, a todos leva até Deus. E, hoje, mais do que nunca, a imagem de sermos um só povo em marcha para o Pai, é um desafio a ser vivido em Jesus Ressuscitado, num esforço de todos n’Ele vivermos para que Deus, um dia, na plenitude dos tempos, seja tudo em todos. Deixemo-nos conduzir pelo Bom Pastor. 

Na 1ªleitura (Atos 13, 14.43-52)  o autor sagrado (S.Lucas) dá-nos conta de como o Espírito Santo conduz a Igreja, nos primeiros tempos, através de Paulo e de Barnabé. O que mais me impressiona, neste texto, é a importância da resposta de amor dada a Deus, pelos primeiros apóstolos que Jesus chamou e pelos que os seguiram. Porque disseram sim e deixaram tudo para O seguir, o anúncio do Reino chegou aos “quatro” cantos do mundo. 

“Naqueles dias, Paulo e Barnabé seguiram de Perga até Antioquia da Pisídia. A um sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se. Terminada a reunião da sinagoga, muitos judeus e prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, que nas suas conversas com eles os exortavam a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte, reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra do Senhor. Ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias. Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus. Uma vez, porém, que a rejeitais e não vos julgais dignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, pois assim nos mandou o Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra’». Ao ouvirem estas palavras, os gentios encheram-se de alegria e glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé e a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os judeus, instigando algumas senhoras piedosas mais distintas e os homens principais da cidade, desencadearam uma perseguição contra Paulo e Barnabé e expulsaram-nos do seu território. Estes, sacudindo contra eles o pó dos seus pés, seguiram para Icónio. Entretanto, os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.”

Na 2ªleitura (Ap 7, 9.14b-17) S.João ajuda-nos a entrar numa atmosfera de comunhão com o Cordeiro, que está sentado no trono e conduz toda a humanidade para o Pai. Entreguemo-nos de coração ao Bom Pastor e deixemos que nos conduza a Deus, que enxugará as lágrimas dos nossos olhos. 

“Eu, João, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. Um dos Anciãos tomou a palavra para me dizer: «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, servindo-O dia e noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva. E Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos».”

No evangelho (Jo 10, 27-30)  S. João revela-nos Jesus, como o Bom Pastor. Confiemos-Lhe tudo o que somos e temos, deixemo-nos amar totalmente por Ele, que nos ama, a cada um de nós e à humanidade inteira, infinitamente. 

“Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».”

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho da Liturgia de hoje fala-nos do vínculo entre o Senhor e cada um de nós (cf. Jo 10, 27-30). Para o fazer, Jesus utiliza uma imagem terna, uma bela imagem, a do pastor que está com as ovelhas. E explica-a com três verbos: «As minhas ovelhas – diz Jesus – ouvem a minha voz, eu conheço-as, e elas seguem-me» (v. 27). Três verbos: ouvir, conhecer, seguir. Vejamos estes três verbos.

Em primeiro lugar, as ovelhas ouvem a voz do pastor. A iniciativa vem sempre do Senhor; tudo tem início na sua graça: é Ele que nos chama à comunhão com Ele. Mas esta comunhão acontece se nos abrirmos à escuta; se continuarmos surdos, ele não nos pode dar esta comunhão. É necessário abrirmo-nos à escuta, pois escutar significa disponibilidade, significa docilidade, significa tempo dedicado ao diálogo. Hoje estamos esmagados pelas palavras e pela pressa de ter sempre de dizer e fazer alguma coisa. De facto quantas vezes duas pessoas conversam e uma não espera que a outra termine o seu pensamento, corta-o a meio caminho, responde... Mas se não a deixamos falar, não há escuta. Este é um mal do nosso tempo. Hoje somos esmagados por palavras, pela pressa de ter sempre de dizer alguma coisa, temos medo do silêncio. Como é difícil ouvir! Ouvir até ao fim, deixar que o outro se exprima, ouvir-nos em família, na escola, no trabalho, e até na Igreja! Mas para o Senhor, antes de mais, é preciso ouvir. Ele é a Palavra do Pai e o cristão é filho da escuta, chamado a viver com a Palavra de Deus ao nosso alcance. Perguntemo-nos hoje se somos filhos da escuta, se encontramos tempo para a Palavra de Deus, se damos espaço e atenção aos irmãos e irmãs. Saber ouvir a outra pessoa expressar-se até ao fim, sem interromper o seu discurso. Quem ouve os outros também sabe ouvir o Senhor, e vice-versa. E experimenta algo muito bom, isto é, que o próprio Senhor nos ouve: ouve-nos quando rezamos, quando nos confidenciamos com Ele, quando O invocamos.

Ouvir Jesus torna-se assim a forma de descobrir que Ele nos conhece. Eis o segundo verbo, que diz respeito ao bom pastor: Ele conhece as suas ovelhas. Mas isto não significa apenas que sabe muitas coisas sobre nós: conhecer no sentido bíblico significa também amar. Significa que o Senhor, enquanto “nos lê dentro”, nos ama, não nos condena. Se O ouvirmos, descobrimos isto, que o Senhor nos ama. A maneira de descobrir o amor do Senhor é ouvi-l'O. Então a relação com Ele já não será impessoal, fria ou aparente. Jesus procura uma amizade calorosa, uma confidência, uma intimidade. Ele quer doar-nos um novo e maravilhoso conhecimento:  saber que somos sempre amados por Ele e, por conseguinte, nunca deixados sozinhos. Estando com o bom pastor, experimentamos o que diz o Salmo: «Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois Tu estás comigo» (Sl 23, 4). Sobretudo nos sofrimentos, nas dificuldades, nas crises que são trevas: Ele sustenta-nos, vivendo-as connosco. E assim, precisamente em situações difíceis, podemos descobrir que somos conhecidos e amados pelo Senhor. Então perguntemo-nos: deixo-me conhecer pelo Senhor? Dou-lhe espaço na minha vida, confidencio-lhe o que vivo? E, depois das tantas vezes em que experimentei a sua proximidade, a sua compaixão, a sua ternura, que ideia tenho do Senhor? O Senhor está próximo, o Senhor é bom pastor.

Por fim, o terceiro verbo: as ovelhas que ouvem e se descobrem conhecidas seguem: ouvem, sentem-se conhecidas pelo Senhor e seguem o Senhor, que é o seu pastor. E quem segue Cristo, o que faz? Vai para onde Ele vai, na mesma estrada, na mesma direção. Vai em busca de quem se perdeu (cf. Lc 15, 4), interessa-se por aqueles que estão longe, preocupa-se com a situação de quantos sofrem, sabe chorar com aqueles que choram, estende a mão ao próximo, leva-o sobre os ombros. E eu? Deixo-me amar por Jesus e pelo deixar-me amar, ou começo a amá-lo e imitá-lo? Que a Santíssima Virgem nos ajude a ouvir Cristo, a conhecê-l'O cada vez mais e a segui-l'O no caminho do serviço. Ouvir, conhecê-l'O e segui-l'O.

Papa Francisco
(Regina Coeli, 8 de maio de 2022)

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