SEMANA VII DO TEMPO PASCAL- 2025
SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR JESUS
59ºDia Mundial das Comunicações Sociais - "Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações"
Hoje, a Igreja celebra a solenidade da Ascensão do
Senhor Jesus ao Céu. Jesus partiu para o Pai e daí, de junto do Pai, envia-nos,
conforme prometeu, o Espírito Santo. Afinal, tendo partido, encontrou uma forma
de permanecer connosco, de habitar em cada um, de nos preencher, quando a nossa
alma se Lhe entrega por inteiro, infundindo, derramando sobre nós o Espírito da
Vida, o Paráclito, o Espírito Santo.
Na 1ªleitura (Atos 1, 1-11) S. Lucas situa a solenidade que hoje celebramos, da Ascensão de Jesus, no quadragésimo dia depois da Ressurreição. Independentemente de ter sido nesta, ou noutra altura, o que importa aqui destacar é a promessa que Jesus nos deixa de que o Pai enviará sobre nós o Espírito Santo.
Cada um de nós, que foi batizado em Igreja, tem a possibilidade de se abrir à
ação do Espírito Santo, que o Senhor infundiu sobre nós nesse dia. Deixemo-nos
inundar pelo Santo Espírito, abramo-nos a Ele e cumpramos o projeto que o
Senhor quer realizar, através de cada um de nós.
“No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou
a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu,
depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que
escolhera. Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com
muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de
Deus. Um dia em que estava com eles à mesa,
mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do
Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João batizou com
água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles
que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais
restaurar o reino de Israel?». Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os
tempos ou os momentos que o Pai determinou com a Sua autoridade; mas recebereis
a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas
em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito
isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de
olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens
vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar
para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do
mesmo modo que O vistes ir para o Céu».”
Na 2ª leitura (Ef 1, 17-23) S.
Paulo, depois de interceder por nós, diz-nos que em Jesus também nós estamos no
Pai, pois Ele é a cabeça da Igreja e nós os seus membros. Deixemo-nos habitar
pelo Espírito Santo e sejamos testemunhas, onde quer que vivamos, ou nos
movamos, do Amor infinito de Deus por cada um de nós.
“Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da Sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do Seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à Sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há de vir. Tudo submeteu aos Seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.”
No evangelho (Lc 24, 46-53) Jesus, ao despedir-Se dos Seus discípulos, relembra-lhes as dificuldades da
missão, mas ao mesmo tempo, garante-lhes o envio da força que virá do Alto, o
Espírito Santo, que n’eles e com eles realizará as maravilhas de Deus.
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o
Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia
de ser pregado em Seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as
nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei
Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que
sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até
junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava,
afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e
depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no
templo, bendizendo a Deus.”
Subiu
aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
No Credo,
encontramos a afirmação que Jesus «subiu ao Céu, está sentado à direita do
Pai». A vida terrena de Jesus culmina com o evento da Ascensão, ou seja, quando
Ele passa deste mundo para o Pai e é elevado à sua direita. Qual é o
significado deste acontecimento? Quais são as suas consequências para a nossa
vida? O que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai? Nisto,
deixemo-nos guiar pelo evangelista Lucas.
Comecemos pelo momento em que
Jesus decide empreender a sua última peregrinação a Jerusalém. São Lucas
observa: «Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo,
Ele resolveu dirigir-se a Jerusalém» (Lc 9, 51). Enquanto «ascende»
à Cidade santa, onde se realizará o seu «êxodo» desta vida, Jesus já vê a meta,
o Céu, mas sabe bem que o caminho que o leva à glória do Pai passa pela Cruz,
através da obediência ao desígnio divino de amor pela humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma
que «a elevação na cruz significa e anuncia a elevação da ascensão aos céus»
(n. 662). Também nós devemos ver claramente na nossa vida cristã, que a entrada
na glória de Deus exige a fidelidade diária à sua vontade, mesmo quando requer
sacrifício e às vezes exige que mudemos os nossos programas. A Ascensão de
Jesus verifica-se concretamente no monte das Oliveiras, perto do lugar para
onde se tinha retirado em oração antes da paixão, para permanecer em profunda
união com o Pai: mais uma vez, vemos que a oração nos concede a graça de viver
fiéis ao desígnio de Deus.
No final do seu Evangelho, são
Lucas narra o evento da Ascensão de modo muito sintético. Jesus conduziu os
discípulos «para Betânia e, levantando as mãos, abençoou-os. Enquanto os
abençoava, separou-se deles e foi arrebatado para o céu. Depois de o terem
adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo. E permaneciam no templo,
louvando e bendizendo a Deus» (24, 50-53); assim diz são Lucas. Gostaria de
observar dois elementos desta narração. Antes de tudo, durante a Ascensão,
Jesus realiza o gesto sacerdotal da bênção e sem dúvida os discípulos
manifestam a sua fé com a prostração, ajoelham-se inclinando a cabeça. Este é o
primeiro ponto importante: Jesus é o único e eterno Sacerdote que, com a sua
paixão, atravessou a morte e o sepulcro, ressuscitou e subiu ao Céu; está
sentado à direita de Deus Pai, de onde intercede para sempre a nosso favor
(cf. Hb 9, 24). Como afirma são João, na sua primeira
Carta, Ele é o nosso advogado: como é bom ouvir isto! Quando alguém é
convocado pelo juiz ou tem uma causa, a primeira coisa que faz é procurar um
advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos defende sempre, defende-nos
das insídias do diabo, defende-nos de nós mesmos e dos nossos pecados!
Caríssimos irmãos e irmãs, temos este advogado: não tenhamos medo de o procurar
para pedir perdão, para pedir a bênção, para pedir misericórdia! Ele perdoa-nos
sempre, é o nosso advogado: defende-nos sempre! Não esqueçais isto! Assim, a
Ascensão de Jesus ao Céu leva-nos a conhecer esta realidade tão consoladora
para o nosso caminho: em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a nossa
humanidade foi levada para junto de Deus; Ele abriu-nos a passagem; Ele é como
um chefe de grupo, quando se escala uma montanha, que chega ao cimo e nos puxa
para junto de si, conduzindo-nos para Deus. Se lhe confiarmos a nossa vida, se
nos deixarmos guiar por Ele, temos a certeza de estar em mãos seguras, nas mãos
do nosso Salvador, do nosso advogado.
Um segundo elemento: são Lucas
afirma que os Apóstolos, depois de terem visto Jesus subir ao Céu, voltaram
para Jerusalém «com grande júbilo». Isto parece-nos um pouco estranho. Em
geral, quando estamos separados dos nossos familiares, dos nossos amigos,
devido a uma partida definitiva e sobretudo por causa da morte, apodera-se de
nós uma tristeza natural, porque já não veremos o seu rosto, nem ouviremos a
sua voz, já não poderemos beneficiar do seu carinho, da sua presença. Ao
contrário, o evangelista sublinha a profunda alegria dos Apóstolos. Mas por
quê? Precisamente porque, com o olhar da fé, eles compreendem que, não obstante
tenha sido subtraído aos seus olhos, Jesus permanece para sempre com eles, não
os abandona e, na glória do Pai, sustém-nos, orienta-os e intercede por eles.
São Lucas descreve o
acontecimento da Ascensão também no início dos Actos dos Apóstolos,
para frisar que tal evento é como o elo que une e liga a vida terrena de Jesus
à vida da Igreja. Aqui são Lucas refere-se também à nuvem que subtrai Jesus à
vista dos discípulos, os quais permanecem a contemplar Cristo que sobe para
junto de Deus (cf. Act 1, 9-10). Então intervêm dois homens em
vestes brancas que os convidam a não permanecer imóveis a contemplar o céu, mas
a alimentar a sua vida e o seu testemunho com a certeza de que Jesus voltará do
mesmo modo como o viram subir ao céu (cf. Act 1, 10-11). É
precisamente o convite a começar a partir da contemplação do Senhorio de
Cristo, a fim de receber dele a força para anunciar e testemunhar o Evangelho
na vida de todos os dias: contemplar e agir, ora et labora, ensina
são Bento, são ambos necessários na nossa vida de cristãos.
Caros irmãos e irmãs, a
Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas diz-nos que Ele está vivo no meio
de nós de modo novo; já não se encontra num lugar específico do mundo, como era
antes da Ascensão; agora está no Senhorio de Deus, presente em cada espaço e
tempo, próximo de cada um de nós. Na nossa vida nunca estamos sozinhos: temos
este advogado que nos espera e nos defende. Nunca estamos sozinhos: o Senhor
crucificado e ressuscitado orienta-nos; juntamente connosco existem muitos
irmãos e irmãs que, no silêncio e no escondimento, na sua vida de família e de
trabalho, nos seus problemas e dificuldades, nas suas alegrias e esperanças,
vivem todos os dias a fé e, juntamente connosco, anunciam ao mundo o Senhorio
do amor de Deus, em Jesus Cristo ressuscitado que subiu ao Céu, nosso advogado.
Obrigado!
Vinde Espírito Santo, enchei os corações do vossos fiéis e acendei neles o
fogo do Vossa Amor. Enviai Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado e
renovareis a face da terra.