sábado, 31 de maio de 2025

SEMANA VII DO TEMPO PASCAL- 2025

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR JESUS

59ºDia Mundial das Comunicações Sociais - "Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações"

Hoje, a Igreja celebra a solenidade da Ascensão do Senhor Jesus ao Céu. Jesus partiu para o Pai e daí, de junto do Pai, envia-nos, conforme prometeu, o Espírito Santo. Afinal, tendo partido, encontrou uma forma de permanecer connosco, de habitar em cada um, de nos preencher, quando a nossa alma se Lhe entrega por inteiro, infundindo, derramando sobre nós o Espírito da Vida, o Paráclito, o Espírito Santo.

Na 1ªleitura (Atos 1, 1-11) S. Lucas situa a solenidade que hoje celebramos, da Ascensão de Jesus, no quadragésimo dia depois da Ressurreição. Independentemente de ter sido nesta, ou noutra altura, o que importa aqui destacar é a promessa que Jesus nos deixa de que o Pai enviará sobre nós o Espírito Santo. 

Cada um de nós, que foi batizado em Igreja, tem a possibilidade de se abrir à ação do Espírito Santo, que o Senhor infundiu sobre nós nesse dia. Deixemo-nos inundar pelo Santo Espírito, abramo-nos a Ele e cumpramos o projeto que o Senhor quer realizar, através de cada um de nós.

“No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João batizou com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a Sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».”

Na 2ª leitura (Ef 1, 17-23) S. Paulo, depois de interceder por nós, diz-nos que em Jesus também nós estamos no Pai, pois Ele é a cabeça da Igreja e nós os seus membros. Deixemo-nos habitar pelo Espírito Santo e sejamos testemunhas, onde quer que vivamos, ou nos movamos, do Amor infinito de Deus por cada um de nós. 

“Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da Sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do Seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à Sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há de vir. Tudo submeteu aos Seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.”

No evangelho (Lc 24, 46-53) Jesus, ao despedir-Se dos Seus discípulos, relembra-lhes as dificuldades da missão, mas ao mesmo tempo, garante-lhes o envio da força que virá do Alto, o Espírito Santo, que n’eles e com eles realizará as maravilhas de Deus.

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em Seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.”

Subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No Credo, encontramos a afirmação que Jesus «subiu ao Céu, está sentado à direita do Pai». A vida terrena de Jesus culmina com o evento da Ascensão, ou seja, quando Ele passa deste mundo para o Pai e é elevado à sua direita. Qual é o significado deste acontecimento? Quais são as suas consequências para a nossa vida? O que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai? Nisto, deixemo-nos guiar pelo evangelista Lucas.

Comecemos pelo momento em que Jesus decide empreender a sua última peregrinação a Jerusalém. São Lucas observa: «Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo, Ele resolveu dirigir-se a Jerusalém» (Lc 9, 51). Enquanto «ascende» à Cidade santa, onde se realizará o seu «êxodo» desta vida, Jesus já vê a meta, o Céu, mas sabe bem que o caminho que o leva à glória do Pai passa pela Cruz, através da obediência ao desígnio divino de amor pela humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que «a elevação na cruz significa e anuncia a elevação da ascensão aos céus» (n. 662). Também nós devemos ver claramente na nossa vida cristã, que a entrada na glória de Deus exige a fidelidade diária à sua vontade, mesmo quando requer sacrifício e às vezes exige que mudemos os nossos programas. A Ascensão de Jesus verifica-se concretamente no monte das Oliveiras, perto do lugar para onde se tinha retirado em oração antes da paixão, para permanecer em profunda união com o Pai: mais uma vez, vemos que a oração nos concede a graça de viver fiéis ao desígnio de Deus.

No final do seu Evangelho, são Lucas narra o evento da Ascensão de modo muito sintético. Jesus conduziu os discípulos «para Betânia e, levantando as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi arrebatado para o céu. Depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo. E permaneciam no templo, louvando e bendizendo a Deus» (24, 50-53); assim diz são Lucas. Gostaria de observar dois elementos desta narração. Antes de tudo, durante a Ascensão, Jesus realiza o gesto sacerdotal da bênção e sem dúvida os discípulos manifestam a sua fé com a prostração, ajoelham-se inclinando a cabeça. Este é o primeiro ponto importante: Jesus é o único e eterno Sacerdote que, com a sua paixão, atravessou a morte e o sepulcro, ressuscitou e subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai, de onde intercede para sempre a nosso favor (cf. Hb 9, 24). Como afirma são João, na sua primeira Carta, Ele é o nosso advogado: como é bom ouvir isto! Quando alguém é convocado pelo juiz ou tem uma causa, a primeira coisa que faz é procurar um advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos defende sempre, defende-nos das insídias do diabo, defende-nos de nós mesmos e dos nossos pecados! Caríssimos irmãos e irmãs, temos este advogado: não tenhamos medo de o procurar para pedir perdão, para pedir a bênção, para pedir misericórdia! Ele perdoa-nos sempre, é o nosso advogado: defende-nos sempre! Não esqueçais isto! Assim, a Ascensão de Jesus ao Céu leva-nos a conhecer esta realidade tão consoladora para o nosso caminho: em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a nossa humanidade foi levada para junto de Deus; Ele abriu-nos a passagem; Ele é como um chefe de grupo, quando se escala uma montanha, que chega ao cimo e nos puxa para junto de si, conduzindo-nos para Deus. Se lhe confiarmos a nossa vida, se nos deixarmos guiar por Ele, temos a certeza de estar em mãos seguras, nas mãos do nosso Salvador, do nosso advogado.

Um segundo elemento: são Lucas afirma que os Apóstolos, depois de terem visto Jesus subir ao Céu, voltaram para Jerusalém «com grande júbilo». Isto parece-nos um pouco estranho. Em geral, quando estamos separados dos nossos familiares, dos nossos amigos, devido a uma partida definitiva e sobretudo por causa da morte, apodera-se de nós uma tristeza natural, porque já não veremos o seu rosto, nem ouviremos a sua voz, já não poderemos beneficiar do seu carinho, da sua presença. Ao contrário, o evangelista sublinha a profunda alegria dos Apóstolos. Mas por quê? Precisamente porque, com o olhar da fé, eles compreendem que, não obstante tenha sido subtraído aos seus olhos, Jesus permanece para sempre com eles, não os abandona e, na glória do Pai, sustém-nos, orienta-os e intercede por eles.

São Lucas descreve o acontecimento da Ascensão também no início dos Actos dos Apóstolos, para frisar que tal evento é como o elo que une e liga a vida terrena de Jesus à vida da Igreja. Aqui são Lucas refere-se também à nuvem que subtrai Jesus à vista dos discípulos, os quais permanecem a contemplar Cristo que sobe para junto de Deus (cf. Act 1, 9-10). Então intervêm dois homens em vestes brancas que os convidam a não permanecer imóveis a contemplar o céu, mas a alimentar a sua vida e o seu testemunho com a certeza de que Jesus voltará do mesmo modo como o viram subir ao céu (cf. Act 1, 10-11). É precisamente o convite a começar a partir da contemplação do Senhorio de Cristo, a fim de receber dele a força para anunciar e testemunhar o Evangelho na vida de todos os dias: contemplar e agir, ora et labora, ensina são Bento, são ambos necessários na nossa vida de cristãos.

Caros irmãos e irmãs, a Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas diz-nos que Ele está vivo no meio de nós de modo novo; já não se encontra num lugar específico do mundo, como era antes da Ascensão; agora está no Senhorio de Deus, presente em cada espaço e tempo, próximo de cada um de nós. Na nossa vida nunca estamos sozinhos: temos este advogado que nos espera e nos defende. Nunca estamos sozinhos: o Senhor crucificado e ressuscitado orienta-nos; juntamente connosco existem muitos irmãos e irmãs que, no silêncio e no escondimento, na sua vida de família e de trabalho, nos seus problemas e dificuldades, nas suas alegrias e esperanças, vivem todos os dias a fé e, juntamente connosco, anunciam ao mundo o Senhorio do amor de Deus, em Jesus Cristo ressuscitado que subiu ao Céu, nosso advogado. Obrigado!

Papa Francisco
(Audiência Geral, 17 de abril de 2013)

Vinde Espírito Santo, enchei os corações do vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vossa Amor. Enviai Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado e renovareis a face da terra.

Igreja/Media: Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025 reforça convite a «desarmar» palavras de Francisco e Leão XIV - Ecclesia


sábado, 24 de maio de 2025

SEMANA VI DO TEMPO PASCAL- 2025

Nas leituras deste domingo, a boa nova, que Jesus  nos traz, tem a ver com a certeza de que Ele vive em nós, habita todo o nosso ser e faz da Igreja, e de cada um, a sua morada. Somos, de facto, casa de Deus! Senhor, habitando cada um vais-Te dando a conhecer à humanidade inteira. Que todos, os que Te procuram, tenham a possibilidade de Te conhecer e corresponder ao teu amor infinito por eles.

Na 1ªleitura (Atos 15, 1-2.22-29) continuamos a acompanhar a vivência das primeiras comunidades. Vemos como os primeiros cristãos agiam perante as dificuldades surgidas e, dando-nos conta de que recorriam à Igreja mãe, percebemos que, antes de tudo, permaneciam em oração e, só depois de pedirem e invocarem a ação do Espírito Santo, é que passavam à análise e discussão dos problemas, na procura de uma solução eclesial. Seja qual for o problema, ou situação, que nos aflige e angustia, Deus está sempre connosco, por isso façamos como os primeiros cristãos nos ensinam, primeiro oremos e ponhamos tudo nas mãos de Deus, depois, deixando-nos guiar e confiando no Espírito Santo, partamos para a ação.

“Naqueles dias, alguns homens que desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia: «Se não receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés, não podereis salvar-vos». Isto provocou muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles. Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém, para tratarem dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos e mandá-los a Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas, a quem chamavam Barsabás, e Silas, homens de autoridade entre os irmãos. Mandaram por eles esta carta: «Os Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia. Tendo sabido que, sem nossa autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar, perturbando as vossas almas com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo, escolher delegados para vo-los enviarmos, juntamente com os nossos queridos Barnabé e Paulo, homens que expuseram a sua vida pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso vos mandamos Judas e Silas, que vos transmitirão de viva voz as nossas decisões. O Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis: abster-vos da carne imolada aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando tudo isso. Adeus».”

Na 2ªleitura (Ap 21, 10-14.22-23) S.João transporta-nos para a presença de Deus na glória celeste, na cidade santa de Jerusalém, que “não precisa da luz do sol nem da lua, porque a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.  Contemplemos!

“Um Anjo transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, resplandecente da glória de Deus. O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino. Tinha uma grande e alta muralha, com doze portas e, junto delas, doze Anjos; tinha também nomes gravados, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel: três portas a nascente, três portas ao norte, três portas ao sul e três portas a poente. A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro. Na cidade não vi nenhum templo, porque o seu templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro. A cidade não precisa da luz do sol nem da lua, porque a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro." 


No Evangelho (Jo 14, 23-29) Jesus, ao despedir-se fisicamente dos seus, deixa-lhes a eles, mas também a nós, cristãos de hoje, o melhor dos testamentos, o envio do Espírito Santo, que fará, em cada um dos que se lhe abrir, um caminho de encontro com o Amor, Deus Uno e Trino. Para uns será mais curto, para outros mais longo, mas sempre será um encontro na plenitude do Amor, na felicidade da criatura que se vê no Criador, no amado que se preenche no Amor, deixando-se fazer e reconstruir pela Palavra. Até lá abramos a alma a Jesus e deixemo-nos habitar e conduzir por Ele.

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».” 

Senhor, que eu me deixe conduzir pelo Espírito Santo, na escuta da Tua Palavra. Que eu me deixe habitar por Ti.

"O Evangelho deste domingo apresenta duas mensagens: a observância dos mandamentos e a promessa do Espírito Santo.

Jesus une o amor a Ele à observância dos mandamentos, e sobre isto insiste no seu discurso de despedida: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos»; «Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que Me ama». Jesus pede-nos para O amar, mas Ele explica: este amor não termina num desejo d'Ele, ou num sentimento, não, requer a vontade de seguir o Seu caminho, ou seja, a vontade do Pai. E isto resume-se no mandamento do amor recíproco - o primeiro amor (na concretização) - dado pelo próprio Jesus: «Assim como eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros». Ele não disse: «Amai-me como eu vos amei», mas «amai-vos uns aos outros como eu vos amei». Ele ama-nos sem nos pedir nada em troca. O amor de Jesus é gratuito, ele nunca nos pede recompensa. E ele quer que este seu amor gratuito se torne a forma concreta de vida entre nós: esta é a sua vontade.

Para ajudar os discípulos a percorrer este caminho, Jesus promete que vai rezar ao Pai para enviar «outro Paráclito», ou seja, um Consolador, um Defensor que tomará o Seu lugar e lhes dará a inteligência para ouvir e a coragem para observar as Suas palavras. Este é o Espírito Santo, que é o dom do amor de Deus que desce ao coração do cristão. Depois que Jesus morreu e ressuscitou, o Seu amor é dado àqueles que creem n'Ele e são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. O próprio Espírito os guia, os ilumina, os fortalece, para que cada um possa caminhar na vida, mesmo através da adversidade e da dificuldade, nas alegrias e nas tristezas, permanecendo no caminho de Jesus. Isto é possível unicamente se nos mantivermos dóceis ao Espírito Santo, para que, através da sua presença ativa, possa não só consolar mas também transformar os corações, abrindo-os à verdade e ao amor.

Perante a experiência do erro e do pecado - que todos nós cometemos - o Espírito Santo ajuda-nos a não sucumbir e faz-nos compreender e viver plenamente o sentido das palavras de Jesus: «Se me amardes, guardareis os meus mandamentos». Os mandamentos não nos são dados como uma espécie de espelho no qual vemos refletidas as nossas misérias e  incoerências. Não, não é assim. A Palavra de Deus é-nos dada como a Palavra de vida, que transforma o coração, a vida, que se renova, que não julga para condenar, mas cura e tem como fim o perdão. A misericórdia de Deus é assim.  Uma palavra que é luz para os nossos passos. E tudo isto é obra do Espírito Santo! Ele é o Dom de Deus, ele mesmo é Deus, que nos ajuda a sermos pessoas livres, pessoas que querem e sabem amar, pessoas que compreenderam que a vida é uma missão para proclamar as maravilhas que o Senhor realiza naqueles que confiam n'Ele.

Que a Virgem Maria, modelo da Igreja que sabe escutar a Palavra de Deus e acolher o dom do Espírito Santo, nos ajude a viver com alegria o Evangelho, sabendo que somos sustentados pelo Espírito, fogo divino que aquece os nossos corações e ilumina os nossos passos."

Papa Francisco
(Regina Coeli, 17 de maio de 2020)

sábado, 17 de maio de 2025

SEMANA V DO TEMPO PASCAL- 2025

Hoje as leituras centram-nos no maior desafio que Jesus propôs aos seus discípulos e consequentemente também a nós, cristãos dos novos tempos: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei. Sabendo até onde Jesus foi, por amor ao Pai e a cada um de nós, percebemos a medida maior que Jesus coloca a cada cristão e à Sua Igreja. Será este o sinal distintivo dos que seguem Jesus: o Amor. É verdade que é Deus quem ama, só Ele ama verdadeira e infinitamente, sem nunca se cansar, sempre pronto a dar-se a quem O procura de coração sincero, seja qual for a situação em que nos encontremos, mas ama em nós e através de cada um de nós. Saibamos ser o elo de transmissão da comunicação de Deus Amor, a todos aqueles com quem vivemos, nos movemos e existimos.

 

Na primeira leitura (Atos 14, 21b-27) continuamos a acompanhar a primeira viagem apostólica, missionária, de S.Paulo. Percebemos como o apóstolo, para além da evangelização, foi ajudando a constituir as comunidades, estabelecendo anciãos e também princípios e normas organizativos. Trazia às comunidades a sua vivência do ser Igreja e, depois de terminada cada viagem, comunicava à Igreja tudo o que Deus fizera com eles. Assim, desde o princípio, se podia entender a unidade de todos, numa só Igreja.

“Naqueles dias, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, a Icónio e a Antioquia. Iam fortalecendo as almas dos discípulos e exortavam-nos a permanecerem firmes na fé, «porque – diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus». Estabeleceram anciãos em cada Igreja, depois de terem feito orações acompanhadas de jejum, e encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. Atravessaram então a Pisídia e chegaram à Panfília; depois, anunciaram a palavra em Perga e desceram até Atalia. De lá embarcaram para Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para a obra que acabavam de realizar. À chegada, convocaram a Igreja, contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé.”

Na 2ªleitura (Ap 21, 1-5ª) antevemos, nas palavras de S.João, que só, um dia, quando  o que  Jesus iniciou na manhã de Páscoa atingir a plenitude, a humanidade resplandecerá numa união total com o Seu Criador e  Deus será tudo em todos. Até lá temos um caminho a percorrer, sabendo que Jesus já ressuscitou, vive em nós, por isso   é no hoje, no agora, onde temos tribulações e angústias, que somos convidados a deixar que Deus se manifeste, resplandeça, intervenha, através da forma como vivemos e agimos com todos os que fazem parte da nossa vida, na certeza de que o Amor vencerá sempre e que n’Ele e por Ele, tudo vale a pena. 

“Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte que dizia: «Eis a morada de Deus com os homens. Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu». Disse então Aquele que estava sentado no trono: «Vou renovar todas as coisas».”

No evangelho (Jo 13, 31-33a.34-35) Jesus deixa-nos como testamento um mandamento novo, o mandamento do Amor. Que, pelo nosso agir, nos identifiquem como aqueles que põem este mandamento em prática, no desenrolar da vida.

“Quando Judas saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».”

Estamos no tempo pascal, que é o tempo da glorificação de Jesus. O Evangelho que há pouco ouvimos recorda-nos que esta glorificação se realizou mediante a paixão. No mistério pascal, paixão e glorificação estão estreitamente ligadas entre si, formam uma unidade inseparável. Jesus afirma: "Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado n'Ele", e fá-lo quando Judas sai do Cenáculo para pôr em prática o plano da sua traição, que conduzirá à morte do Mestre: precisamente naquele momento tem início a glorificação de Jesus. O evangelista João fá-lo compreender claramente: com efeito, não diz que Jesus foi glorificado somente depois da Sua paixão, por meio da ressurreição, mas mostra que a Sua glorificação começou precisamente com a paixão. Nela, Jesus manifesta a sua glória, que é glória do amor, que se entrega totalmente a si mesmo. Ele amou o Pai, cumprindo a Sua vontade até ao fim, com uma doação perfeita; amou a humanidade, dando a Sua vida por nós. Assim, já na Sua paixão Ele é glorificado, e Deus é glorificado n'Ele. Mas a paixão como expressão muito real e profunda do Seu amor – é apenas um início. Por isso, Jesus afirma que a Sua glorificação será também futura. Depois o Senhor, no momento em que anuncia a Sua partida deste mundo, quase como testamento aos seus discípulos, para continuar de modo novo a Sua presença no meio deles, dá-lhes um mandamento: "Um novo mandamento vos dou: que vois ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros". Se nos amarmos uns aos outros, Jesus continuará a estar presente no meio de nós, a ser glorificado no mundo.

Jesus fala de um "novo mandamento". Mas qual é a sua novidade? Já no Antigo Testamento, Deus tinha dado o mandamento do amor; agora, porém, este mandamento tornou-se novo, enquanto Jesus lhe acrescenta um suplemento muito importante: "Assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros". O que é novo é precisamente este "amar como Jesus amou". Todo o nosso amor é precedido pelo Seu amor e refere-se a este amor, insere-se neste amor, realiza-se precisamente por este amor. O Antigo Testamento não apresentava modelo algum de amor, mas formulava apenas o preceito de amar. Jesus, ao contrário, deu-Se-nos como modelo e fonte de amor. Trata-se de um amor sem limites, universal, capaz de transformar também todas as circunstâncias negativas e todos os obstáculos em ocasiões para progredir no amor. E vemos nos santos (...) a realização deste amor, sempre da fonte do amor de Jesus.

(...) Dando-nos o novo mandamento, Jesus pede-nos que vivamos o Seu próprio amor, do Seu próprio amor, que é o sinal verdadeiramente credível, eloquente e eficaz para anunciar ao mundo a vinda do Reino de Deus. Obviamente, só com as nossas forças somos fracos e limitados. Existe sempre em nós uma resistência ao amor e na nossa existência há muitas dificuldades que provocam divisões, ressentimentos e rancores. Mas o Senhor prometeu-nos que estará presente na nossa vida, tornando-nos capazes deste amor generoso e total, que sabe superar todos os obstáculos, inclusive aqueles que estão nos nossos corações. Se estivermos unidos a Cristo, poderemos amar verdadeiramente deste modo. Amar os outros como Jesus nos amou só é possível com aquela força que nos é comunicada na relação com Ele, especialmente na Eucaristia, na qual Se torna presente de maneira real o seu Sacrifício de amor que gera amor: é a verdadeira novidade no mundo e a força de uma glorificação permanente de Deus, que se glorifica na continuidade do amor de Jesus no nosso amor.

Papa Bento XVI
(in Homilia - visita a Turim - 2 de maio de 2010)

Senhor, ensina-me a amar sempre os que pões no meu caminho.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Papa Leão XIV - foto oficial e brasão - Vaticano News




O brasão representa um escudo dividido diagonalmente em dois setores: o superior tem um fundo azul e nele está representado uma flor-de-lis (lírio branco); o inferior tem um fundo claro e apresenta uma imagem que remete para a Ordem de Santo Agostinho: um livro fechado sobre o qual há um coração transpassado por uma flecha. A imagem remete para a experiência de conversão de Santo Agostinho, que ele próprio explicava com as palavras "Vulnerasti cor meum verbo tuo", "Feriste meu coração com a tua Palavra".

Nos traços essenciais, portanto, Leão XIV confirmou o brasão anterior, escolhido por ocasião de sua consagração episcopal, bem como o lema "In Illo uno unum". Trata-se das palavras que Santo Agostinho pronunciou num sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, em Cristo, Único, somos um”.

Numa entrevista aos meios de comunicação vaticanos em julho de 2023, o próprio Prevost explicava: “Como se depreende do meu lema episcopal, a unidade e a comunhão fazem parte do carisma da Ordem de Santo Agostinho e também do meu modo de agir e pensar. Acredito que é muito importante promover a comunhão na Igreja, e sabemos bem que comunhão, participação e missão são as três palavras-chave do Sínodo. Portanto, como agostiniano, para mim, promover a unidade e a comunhão é fundamental. Santo Agostinho fala muito sobre a unidade na Igreja e sobre a necessidade de a viver.”

Vaticano News