sábado, 11 de janeiro de 2025

 Ano C -2025

DOMINGO DO BATISMO DO SENHOR

É com a festa do “Batismo do Senhor Jesus” que a Igreja dá por concluídas as festividades do Natal e reinicia o Tempo  Comum. Depois de um tempo forte, de chamamento à contemplação da manifestação do Mistério do Amor de Deus pelo homem, começa um tempo de interiorização na vida. Com Jesus, que agora inicia a Sua vida pública, vamos caminhando num conhecimento maior do Amor de Deus. É Ele, o Filho, no qual Deus colocou toda a Sua complacência, quem nos vai conduzindo até ao Pai, e no-L’O vai revelando como o Amor sem fim por cada um de nós em particular e por todos em geral.

Na 1ªleitura (Is 42, 1-4.6-7) o profeta Isaías transpõe-nos já para o tempo de Jesus e identifica-O como o Servo de Javé, o enlevo de Deus, o Seu Filho, muito amado, que veio restabelecer a Aliança de Deus com os homens, que veio ser a luz das nações. Deixemo-nos iluminar por este Amor sem fim.

Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas». 

Na 2ªleitura (Atos 10, 34-38) S.Pedro fala-nos do batismo de Jesus e de como a Sua ação vai para além do povo de Israel, pois destina-se a todas as pessoas de qualquer nação. Jesus veio trazer a Paz a toda a humanidade.

Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz aceção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».” 

No Evangelho (Lc 3, 15-16.21-22) o Céu desce à Terra e revela-nos Jesus, como o Filho muito amado de Deus Pai. É a Trindade Santa que se faz presente no meio dos homens. É um momento único na nossa história da salvação, é Deus Uno e Trino presente no meio de nós. É o início de um tempo novo, o tempo de Jesus, o Filho de Deus no meio dos homens. Deixemos que o Seu Santo Espírito nos invada, nos transforme o coração e assim possamos, também nós, hoje, nas nossas vidas testemunhá-L’O, anunciá-L’O.

Naquele tempo, o povo estava na expetativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias. João tomou a palavra e disse-lhes: «Eu batizo-vos com água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar as correias das sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo». Quando todo o povo recebeu o batismo, Jesus também foi batizado; e, enquanto orava, o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E do céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».” 

Envia sobre mim Senhor o Teu Santo Espírito e ilumina-me, transforma-me.

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje celebramos o Batismo do Senhor (cf. Mc  1, 7-11). Ele tem lugar no rio Jordão, onde João — por isso chamado “Batista” — realiza um rito de purificação, que exprime o compromisso de abandonar o pecado e de se converter. O povo vai para ser batizado com humildade, com sinceridade e, como reza a Liturgia, “com a alma e os pés descalços”, e Jesus também vai para lá, inaugurando o seu ministério: mostra assim que quer estar ao lado dos pecadores, que veio para eles, para todos nós que somos pecadores!

E nesse mesmo dia acontecem coisas extraordinárias. João Batista diz algo de insólito, reconhecendo publicamente em Jesus, aparentemente igual a todos os outros, um «maior» (v. 7) do que ele, que vai «batizar no Espírito Santo» (v. 8). Então os céus abrem-se, o Espírito Santo desce sobre Jesus em forma de pomba (cf. v. 10) e, do alto, a voz do Pai proclama: «Tu és o meu Filho muito amado: em ti pus toda a minha complacência» (v. 11).

Tudo isto, se por um lado nos revela que Jesus é o Filho de Deus, por outro lado fala-nos do nosso Batismo, que nos tornou por nossa vez filhos de Deus, porque o Batismo torna-nos filhos de Deus.

O Batismo é Deus que entra em nós, purifica, cura o nosso coração, faz de nós seus filhos para sempre, seu povo, sua família, herdeiros do Paraíso (cf. Catecismo da Igreja Católica , 1279). E Deus torna-se íntimo de nós e nunca nos abandona. Por isso é importante recordar o dia do Batismo e também saber a data. Pergunto a todos vós — cada um pense nisto — “Lembro-me da data do meu Batismo”? Se não vos lembrais, quando voltardes para casa, perguntai para que nunca mais a esqueçais, pois é um novo aniversário, porque com o vosso Batismo nascestes para a vida da graça. Agradecei ao Senhor pelo Batismo. E também demos graças  pelos pais que nos levaram à pia batismal, por aqueles que nos administraram o Sacramento, pelo padrinho, pela madrinha, pela comunidade em que o recebemos. Celebrar o Batismo: é um novo aniversário!

E podemos perguntar-nos: tenho consciência do imenso dom que trago dentro de mim através do Batismo? Reconheço, na minha vida, a luz da presença de Deus, que me vê como seu filho amado, como sua filha amada? E agora, em memória do nosso Batismo, acolhamos a presença de Deus em nós. Podemos fazê-lo com o sinal da cruz, que traça em nós a memória da graça de Deus, que nos ama e deseja estar connosco. O sinal da cruz recorda-nos isto. Façamo-lo juntos: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

E não esqueçamos a data do Batismo, que é um aniversário. Maria, templo do Espírito, nos ajude a celebrar e a acolher as maravilhas que o Senhor realiza em nós.

Papa Francisco
(Angelus, 7 de janeiro de 2024)

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