sábado, 25 de novembro de 2023

 SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO

Com a solenidade de Jesus Cristo - Rei do Universo, a Igreja fecha o ciclo litúrgico do Ano A. É o coroar de uma caminhada, que prepara o início de um novo ano litúrgico no próximo domingo. A coroação de Jesus Rei faz a ponte com o início da preparação do nascimento do Menino Jesus, de forma a ligar a celebração de todo o Mistério Salvífico, que, pedagogicamente, a Igreja vai apresentando ao longo de cada ano.

As leituras centram-nos na realeza divina de Jesus, que tem como fundamento a Sua vida, morte e ressurreição. Jesus, o Filho de Deus encarnado, na Sua vida terrena, fez escolhas. Em tudo e sempre optou por dar-Se, gastar-Se totalmente até à morte de Cruz (Seu trono de glória), em nosso favor, por Amor.

Na 1ªleitura ( Ez 34, 11-12.15-17) o profeta, ao consolar o povo de Israel, projeta-nos para Deus, o Bom Pastor, que vamos encontrar no evangelho. Jesus veio cumprir a profecia de Ezequiel, Ele é o nosso Bom Pastor! Deixemos que nos guie, abramos-Lhe a porta do nosso coração.

“Eis o que diz o Senhor Deus: «Eu próprio irei em busca das minhas ovelhas e hei de encontrá-las. Como o pastor vigia o seu rebanho, quando estiver no meio das ovelhas que andavam tresmalhadas, assim Eu guardarei as minhas ovelhas, para as tirar de todos os sítios em que se desgarraram num dia de nevoeiro e de trevas. Eu apascentarei as minhas ovelhas, Eu as levarei a repousar, diz o Senhor Deus. Hei de procurar a que anda perdida e reconduzir a que anda tresmalhada. Tratarei a que estiver ferida, darei vigor à que andar enfraquecida e velarei pela gorda e vigorosa. Hei de apascentá-las com justiça. Quanto a vós, meu rebanho, assim fala o Senhor Deus: Hei de fazer justiça entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e cabritos».

Na 2ªleitura (1 Cor 15, 20-26.28) S.Paulo apresenta-nos a soberania de Jesus, como primícia de todos os que viveram antes, durante e depois d’Ele. A realeza divina de  Jesus a todos integrará e com todos contará, assim saiba, cada um de nós, deixar-se habitar totalmente por Ele e d’Ele viver, no concreto de cada dia, junto dos que Ele coloca nos nossos caminhos.

“Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai, depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte. Quando todas as coisas Lhe forem submetidas, então também o próprio Filho Se há de submeter Àquele que Lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.”

No evangelho (Mt 25, 31-46) Jesus apresenta-nos Deus, justo Juíz, misericordioso, Amor infinito, que nos julgará em função dos nossos atos, tendo sempre como critério o amor com que servimos o nosso próximo. Deixemos que o Senhor Jesus, o Bom Pastor, que deu a Sua Vida por todos, em geral, e por cada um, reine , habite no nosso coração e nos preencha por inteiro e, então, n’Ele, amaremos os que o Senhor colocar nas nossas vidas.

"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’. E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna»."

Senhor habita-me por inteiro, ama em mim cada um dos que faz parte do meu viver de cada dia. 

Bom dia, queridos irmãos e irmãs!

Neste último domingo do ano litúrgico celebramos a solenidade de Cristo Rei do universo. A sua realeza é de guia, de serviço, e também uma realeza que no fim dos tempos se afirmará como o juízo. Hoje temos diante de nós Cristo como rei, pastor e juiz, que indica os critérios de pertença ao Reino de Deus. Aqui estão os critérios.

A página evangélica abre-se com uma visão grandiosa. Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus diz: «Quando o Filho do Homem voltar na sua glória, e todos os anjos com Ele, sentar-se-á no seu trono glorioso» (Mt 25, 31). Trata-se da solene introdução da narração do juízo universal. Depois de ter vivido a existência terrena em humildade e pobreza, Jesus apresenta-se agora na glória divina que lhe pertence, circundado pelos exércitos angélicos. A humanidade inteira é convocada perante Ele, e Ele exerce a sua autoridade separando uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.

Àqueles que colocou à sua direita, diz: «Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos foi preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; era peregrino e acolhestes-me; nu e vestistes-me; enfermo e visitastes-me; estava na prisão e viestes ter comigo» (vv. 34-36). Os justos ficam surpreendidos, porque não se recordam de um dia ter encontrado Jesus, e muito menos de o ter ajudado desse modo; mas Ele declara: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes» (v. 40). Esta palavra nunca deixa de nos impressionar, porque nos revela até que ponto chega o amor de Deus: a ponto de se identificar connosco, contudo não quando estamos bem, quando estamos sadios e felizes, não, mas quando estamos em necessidade. É desta forma escondida que Ele se deixa encontrar, que nos estende a mão como mendigo. É assim que Jesus revela o critério decisivo do seu juízo, ou seja, o amor concreto pelo próximo em dificuldade. Revela-se assim o poder do amor, a realeza de Deus: solidário com quantos sofrem, para suscitar em toda a parte atitudes e obras de misericórdia.

A parábola do juízo prossegue, apresentando o rei que afasta de si quantos, durante a própria vida, não se preocuparam com as necessidades dos irmãos. Também neste caso, eles ficam surpreendidos e perguntam: «Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão, e não te socorremos?» (v. 44). Está subentendido: “Se te tivéssemos visto, certamente ter-te-íamos ajudado!”. Mas o rei responderá: «Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim mesmo que o deixastes de fazer» (v. 45). No final da nossa vida, seremos julgados sobre o amor, ou seja, sobre o nosso compromisso concreto de amar e servir Jesus nos nossos irmãos mais pequeninos e necessitados. Aquele mendigo, esse necessitado que estende a mão é Jesus; aquele doente que devo visitar é Jesus; esse preso é Jesus; aquele faminto é Jesus. Pensemos nisto!

Jesus virá no fim dos tempos para julgar todas as nações, mas vem ter connosco todos os dias, de muitas maneiras, e pede-nos que o acolhamos. A Virgem Maria nos ajude a encontrá-lo e a recebê-lo na sua Palavra e na Eucaristia, e ao mesmo tempo nos irmãos e nas irmãs que sofrem a fome, a doença, a opressão e a injustiça. Que os nossos corações o acolham no hoje da nossa vida, para sermos por Ele recebidos na eternidade do seu Reino de luz e de paz.

Papa Francisco
(Angelus, 26 de novembro de 2017)

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