Tempo Comum - 2023
As leituras de hoje conduzem-nos pelos caminhos da universalidade do amor de Deus. Ainda que tenha começado no povo eleito, o destino final, do Seu Amor infinito, são todos os que O acolhem de coração sincero, independentemente da sua raça, país, ou época histórica.
Na 1ªleitura (I 56, 1.6-7) , Isaías vem em nosso socorro, os gentios, e traz-nos a garantia de que,
se tivermos fé, Deus também veio para nós, aliás, veio para todos os povos:
«Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para
amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem,
se forem fiéis à minha aliança, hei de conduzi-los ao meu santo monte, hei de
enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus
sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada 'casa
de oração para todos os povos'»
Na 2ªleitura (Rom 11, 13-15.29-32) S.Paulo, por graça de Deus, apóstolo dos gentios, abre-nos uma
perspetiva muito interessante, pois se foi pela recusa do povo eleito que todos
beneficiámos do anúncio privilegiado da Ressureição de Jesus, quem sabe se não
será, através dos gentios, que os judeus chegarão a acreditar que Jesus é
verdadeiramente o Filho de Deus, que veio ao mundo para salvar toda a
humanidade.
“Irmãos: É a vós, os gentios, que eu falo:
Enquanto eu for Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério a
ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles. Porque,
se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua
reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos? Porque os dons e o
chamamento de Deus são irrevogáveis. Vós fostes outrora desobedientes a Deus e
agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. Assim também
eles desobedecem agora, de modo que, devido à misericórdia obtida por vós,
também eles agora alcancem misericórdia. Efetivamente, Deus encerrou a todos na
desobediência, para usar de misericórdia para com todos.”
No Evangelho de hoje (Mt 15, 21-28 ), primeiro estranhamos a forma como Jesus responde ao pedido da mulher
cananeia, mas depois percebemos que foi a forma mais bonita e, ao mesmo tempo,
pedagógica de realçar a força da fé daquela mãe. Que testemunho de fé
impressionante!
“Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. Então,
uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho
de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um
demónio». Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se
e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». Jesus
respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a
mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». Ele
respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos
cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos
comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe:
«Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento,
a sua filha ficou curada.”
Eu creio em ti Senhor, mas aumenta a minha pouca fé.
Diz-nos o Papa Francisco: "O Senhor coloca nossa fé ‘à prova’. Aquela humilde mulher é indicada por Jesus como um exemplo de fé inquebrantável. A sua insistência em invocar a ação de Cristo é para nós um estímulo a não nos desencorajarmos, a não nos desesperarmos quando formos oprimidos pelas duras provas da vida. O Senhor não vira para o outro lado quando vê as nossas necessidades e, se por vezes pode parecer insensível aos nossos pedidos de ajuda, é para nos colocar à prova e fortalecer a nossa fé”.
O Papa acrescentou que este episódio evangélico “nos ajuda a entender que todos precisamos de crescer na fé e de fortalecer a nossa confiança em Jesus”.
“Ele pode ajudar-nos a encontrar a direção quando perdemos a bússola de nosso caminho; quando a estrada diante de nós não é mais tão plana, mas áspera e árdua; quando é cansativo ser fiel aos nossos compromissos. É importante alimentar todos os dias a nossa fé, com a escuta atenta da Palavra de Deus, com a celebração dos Sacramentos, com a oração pessoal como um ‘grito’ para Ele, e com atos concretos de caridade com o próximo”.
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