segunda-feira, 14 de agosto de 2023

 SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA

Hoje, a Igreja canta o amor imenso de Deus por Nossa Senhora, escolhida, por Deus, como verdadeira «arca da aliança», como Aquela que continua a gerar e a oferecer Cristo Salvador à humanidade. Ao mesmo tempo, convida-nos a sermos também, cada um de nós, «arca» em que está presente a Palavra de Deus, que deve chegar a todos os que, de uma forma, ou de outra, privam, convivem  connosco.

Na partilha relativa à 1ª leitura (Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab) vou recorrer a S.João Damasceno, que afirma, numa das suas famosas homilias, o seguinte: «Hoje, a santa e única Virgem é conduzida para o templo celeste… Hoje, a arca sagrada e animada do Deus Vivo, [a arca] que trouxe no seu seio o próprio Artífice, descansa no templo do Senhor, não construído por mãos humanas» (Homilia ii sobre a Dormição, 2, PG 96, 723), e continua: «Era necessário que Aquela que tinha hospedado no seu ventre o Logos divino, se transferisse para os tabernáculos do seu Filho... Era preciso que a Esposa escolhida pelo Pai, habitasse no quarto nupcial do Céu» (Ibid., 14, PG 96, 742). Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós.

“O templo de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade. E apareceu no Céu outro sinal: um enorme dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete diademas. A cauda arrastava um terço das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra. O dragão colocou-se diante da mulher que estava para ser mãe, para lhe devorar o filho, logo que nascesse. Ela teve um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido». 

Na 2ª leitura (1 Cor 15, 20-27) S.Paulo centra-nos no fundamento da fé que professamos: Jesus venceu a morte, está vivo no meio de nós, ressuscitou. Depois de nos relembrar que Jesus foi o primeiro a ressuscitar dos mortos, assegura que n'Ele todos ressuscitaremos, um dia. A Assunção também pré-anuncia a ressurreição de cada um de nós.

“Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte, porque Deus tudo colocou debaixo dos seus pés. Mas quando se diz que tudo Lhe está submetido é claro que se excetua Aquele que Lhe submeteu todas as coisas.”


No evangelho (Lc 1, 39-56) S. Lucas ressalta a disponibilidade de Maria. Depois de dar o SIM a Deus, Nossa Senhora, apesar de grávida, põe-se a caminho, sujeita às vicissitudes de uma viagem longa e difícil, para ajudar a sua prima Isabel. Esta é a solicitude dos que vivem de Deus e Nossa Senhora, escolhida e preservada do pecado, é o verdadeiro exemplo a seguir. Outra maravilha deste evangelho é o Magnificat que ouvimos Nossa Senhora a entoar. É, sem dúvida, um dos mais belos cânticos, de louvor a Deus, que há na Igreja. 

“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor». Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.”

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