sábado, 3 de julho de 2021

 XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras de hoje conduzem-nos pelos caminhos da fé de uma forma tão humana, quanto espiritual. Por um lado, as várias situações apresentadas nas leituras estão profundamente enraizadas no dia a dia do povo de Israel, e também em pleno séc. XXI, na nossa labuta diária, numa relação tanto individual, quanto coletiva, mas por outro desafiam-nos a uma confiança total no Pai, no Seu Amor infinito por cada um de nós. É na fé, que a nossa alma, todo o nosso ser, adere por inteiro, se entrega verdadeiramente a Deus, e aí o milagre acontece.


Na 1ª leitura (Ez 2, 2-5) o profeta Ezequiel deixa-se conduzir pelo Espírito Santo e diz ao povo do seu tempo e também a nós, homens e mulheres de hoje, que o Senhor habita, vive no meio de nós, é um connosco, “enamorado” da Sua criatura. Acreditar e deixar-se amar assim por Deus é com cada um, pois o Senhor não Se impõe a ninguém, propõe-se, sujeita-se à nossa escolha, sabendo de antemão que, tantas vezes, somos rebeldes e de coração duro. Mil graças te dou Senhor, por nos amares tão “loucamente”. Bendito e louvado sejas hoje e sempre pelos séculos sem fim.

“Naqueles dias, o Espírito entrou em mim e fez-me levantar. Ouvi então Alguém que me dizia: «Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel, a um povo rebelde que se revoltou contra Mim. Eles e seus pais ofenderam-Me até ao dia de hoje. É a esses filhos de cabeça dura e coração obstinado que te envio, para lhes dizeres: ‘Eis o que diz o Senhor’. Podem escutar-te ou não – porque são uma casa de rebeldes –, mas saberão que há um profeta no meio deles».” 

Na 2ªleitura (2 Cor 12, 7-10) é um S.Paulo totalmente entregue ao Senhor, quem nos revela até onde vai o Amor de Deus por cada ser criado. Faz-nos perceber que Deus não se escandaliza com as nossas fragilidades, mas que, pelo contrário, é nelas que podemos sentir a força, a ternura, a enormidade de Deus Amor. Bendito sejas Senhor!

“Irmãos: Para que a grandeza das revelações não me ensoberbeça, foi-me deixado um espinho na carne, – um anjo de Satanás que me esbofeteia – para que não me orgulhe. Por três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas Ele disse-me: «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder». Por isso, de boa vontade me gloriarei das minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo. Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que sou forte.”

No evangelho (Mc 6, 1-6) acompanhamos Jesus e os discípulos numa ida à Sua terra, já na vida pública, em pleno anúncio do Reino e no apelo à conversão. Provavelmente era conhecido de todos, ou, pelo menos, pela grande maioria dos ali residentes, afinal tinha brincado e crescido com tantos deles… Até tinha aí exercido a atividade de carpinteiro… Ao contraste de sentimentos provocado pelas Suas palavras sucede-se uma incapacidade de acreditar verdadeiramente em Quem Ele é. E, devido à falta de fé daquelas pessoas, Jesus curou alguns, mas não fez ali nenhum milagre. Sem uma relação de comunhão, de amor, de entrega, de adesão ao Pai, não pode haver milagre, porque este vai muito para além da cura física, acontece na fé em Deus.

“Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E ficavam perplexos a seu respeito. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.”

Senhor, eu creio em Ti, mas aumenta a minha pouca fé.

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