XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
As leituras de hoje conduzem-nos pelos caminhos da fé de uma forma tão
humana, quanto espiritual. Por um lado, as várias situações apresentadas nas
leituras estão profundamente enraizadas no dia a dia do povo de Israel, e
também em pleno séc. XXI, na nossa labuta diária, numa relação tanto
individual, quanto coletiva, mas por outro desafiam-nos a uma confiança total
no Pai, no Seu Amor infinito por cada um de nós. É na fé, que a nossa alma,
todo o nosso ser, adere por inteiro, se entrega verdadeiramente a Deus, e aí o milagre
acontece.
“Naqueles dias, o Espírito entrou em mim e fez-me levantar. Ouvi então Alguém que me dizia: «Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel, a um povo rebelde que se revoltou contra Mim. Eles e seus pais ofenderam-Me até ao dia de hoje. É a esses filhos de cabeça dura e coração obstinado que te envio, para lhes dizeres: ‘Eis o que diz o Senhor’. Podem escutar-te ou não – porque são uma casa de rebeldes –, mas saberão que há um profeta no meio deles».”
Na 2ªleitura (2 Cor 12, 7-10) é um S.Paulo totalmente entregue ao
Senhor, quem nos revela até onde vai o Amor de Deus por cada ser criado. Faz-nos
perceber que Deus não se escandaliza com as nossas fragilidades, mas que, pelo
contrário, é nelas que podemos sentir a força, a ternura, a enormidade de
Deus Amor. Bendito sejas Senhor!
“Irmãos: Para que a grandeza das revelações não
me ensoberbeça, foi-me deixado um espinho na carne, – um anjo de Satanás que me
esbofeteia – para que não me orgulhe. Por três vezes roguei ao Senhor que o
apartasse de mim. Mas Ele disse-me: «Basta-te a minha graça, porque é na
fraqueza que se manifesta todo o meu poder». Por isso, de boa vontade me
gloriarei das minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo.
Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas adversidades, nas
perseguições e nas angústias sofridas por amor de Cristo, porque, quando sou
fraco, então é que sou forte.”
No evangelho (Mc 6, 1-6) acompanhamos Jesus e os discípulos numa ida à
Sua terra, já na vida pública, em pleno anúncio do Reino e no apelo à
conversão. Provavelmente era conhecido de todos, ou, pelo menos, pela grande
maioria dos ali residentes, afinal tinha brincado e crescido com tantos deles… Até
tinha aí exercido a atividade de carpinteiro… Ao contraste de sentimentos provocado
pelas Suas palavras sucede-se uma incapacidade de acreditar verdadeiramente em Quem
Ele é. E, devido à falta de fé daquelas pessoas, Jesus curou alguns, mas não fez ali nenhum milagre. Sem uma relação de comunhão, de amor, de entrega, de adesão ao
Pai, não pode haver milagre, porque este vai muito para além da cura física,
acontece na fé em Deus.
“Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E ficavam perplexos a seu respeito. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.”
Senhor, eu creio em Ti, mas aumenta a minha pouca fé.
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