DOMINGO XXIII DO TEMPO COMUM
As leituras deste domingo projetam-nos para a entrega a um amor maior, a um amor único e
total, que na vida de cada dia, na medida em que nos deixarmos inundar da
sabedoria de Deus, será a razão de ser de tudo o que fazemos e somos. Quando
Deus Amor, for o nosso grande e único amor, então o nosso viver há de ser o de
um verdadeiro discípulo de Cristo, porque será Ele quem nos habitará e fará, em
nós, as maravilhas da transmissão do Amor a todos os que o Senhor puser nos
nossos caminhos. Quem somos nós Senhor, para nos amares tanto assim!
Na 1ªleitura (Sab 9, 13-19 (gr. 13-18b)) o autor sagrado lembra-nos que só
na medida em que nos deixarmos moldar pela Sabedoria de Deus, seremos suas
testemunhas. Diz-nos que tanto quanto mais abrirmos o coração à ação do Espírito
Santo e nos deixarmos habitar por Ele, mais nos aproximaremos do Único que
verdadeiramente nos ama infinitamente e, então sim, seremos elos da cadeia de
transmissão do Seu Amor ao nosso próximo.
“Qual o homem que pode conhecer os
desígnios de Deus? Quem pode sondar as intenções do Senhor? Os pensamentos dos
mortais são mesquinhos e inseguras as nossas reflexões, porque o corpo
corruptível deprime a alma e a morada terrestre oprime o espírito que pensa.
Mal podemos compreender o que está sobre a terra e com dificuldade encontramos
o que temos ao alcance da mão. Quem poderá então descobrir o que há nos céus?
Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios, se Vós não lhe dais a sabedoria
e não lhe enviais o vosso espírito santo? Deste modo foi corrigido o
procedimento dos que estão na terra, os homens aprenderam as coisas que Vos
agradam e pela sabedoria foram salvos.”
Na
2ªleitura (Flm 9b-10.12-17) S.Paulo demonstra-nos o que é viver unicamente de
Deus na vida concreta. Fá-lo de uma maneira tão real, que nos faz olhar para o modo
como, na sua vida naquele momento, em que vivia no ambiente de uma prisão, é
possível, em Jesus Cristo, tornar um escravo num seu irmão muito querido. Não
contente com isso, procura estender essa relação fraternal aos seus amigos, solicitando
a um em especial, Filémon, que trate Onésimo, o escravo, como se fosse o próprio
Paulo. Meu Senhor e meu Deus, quando a fé é vivida assim, até onde nos pode
levar... S.Paulo, rogai por nós.
“Caríssimo: Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus, rogo-te por
este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão. Mando-o de volta para ti, como
se fosse o meu próprio coração. Quisera conservá-lo junto de mim, para que me
servisse, em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. Mas, sem o
teu consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa ação não parecesse
forçada, mas feita de livre vontade. Talvez ele se tenha afastado de ti durante
algum tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito
melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e
muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor. Se me
consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.”
No Evangelho (Lc 14, 25-33) Jesus convida-nos a ser seus discípulos e explica-nos que ao segui-Lo optaremos pelo Amor, mas um amor único, em que só Ele nos pode preencher, isto é, aí não há lugar para outros amores, sejam eles de que natureza forem. Por outro lado, daí a maravilha que é Deus, n’Ele ,o Amor sem limites, estaremos disponíveis para amar todos os que Ele colocar nas nossas vidas. Bendito e louvado seja o nosso Deus!
“Naquele
tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes: «Se
alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos,
aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não
toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo. Quem de vós,
desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para
ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces,
se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem comecem a fazer troça,
dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual
é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a
considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra
ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma
delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a
todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».”
Envia Senhor sobre mim o Teus Santo e Divino Espírito. Que eu me deixe
habitar totalmente e só por Ti.
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