sábado, 8 de dezembro de 2018


SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO


Homilia de D. António Marto no Santuário de Fátima no dia 8 de dezembro de 2016.

Imaculada Conceição: Festa de Deus, de Maria e de todos Nós

"É sempre uma alegria especial reunirmo-nos aqui neste santuário, em tão elevado número, neste dia da festa da Imaculada. Saúdo todos os peregrinos com grande afeto e desejaria partilhar convosco três pensamentos simples acerca da Imaculada Conceição da Virgem como festa de Deus, festa de Maria e festa de todos nós.

1. Festa de Deus
Antes de mais, a Imaculada Conceição de Nossa Senhora convida-nos a levantar o nosso olhar para Deus e a contemplar nela a realização do desígnio amoroso de Deus descrito no texto da carta de S. Paulo:
“Bendito seja Deus Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Ele nos escolheu em Cristo, antes da criação do mundo, para sermos santos e imaculados na caridade, para sermos seus filhos adotivos, para louvor e glória da sua graça que derramou sobre nós”.
Esta riqueza de dons de Deus é para todos os discípulos de Cristo; mas realizou-se de modo singular em Maria, desde logo na sua imaculada conceição.
De facto, no evangelho ela é saudada deste modo: “Alegra-te, ó cheia de graça. O Senhor está contigo”. Esta expressão “cheia de graça”, que nos é já tão familiar, oferece-nos a explicação do mistério que celebramos: é o nome mais belo, o nome escolhido e dado pelo próprio Deus a Maria. Indica que ela é desde sempre a escolhida e, por isso, a cheia da graça do amor e da santidade de Deus em todo o seu ser para poder acolher o dom mais precioso, Jesus, o Filho do Altíssimo, o Amor de Deus incarnado. Deus preparou-a como a toda santa, a toda bela e pura, a imaculada desde o primeiro momento da sua conceição, preservando-a de todo o contágio do pecado, para ser morada digna do Salvador do Mundo no meio dos homens.
Contemplando assim a Imaculada Conceição, nós contemplamos simultaneamente, como num espelho, a grandeza do amor de Deus que vem ao nosso encontro pessoalmente, que ama cada um com nome próprio, não em massa anónimos e indistintos, e que quer comunica-nos o seu amor, a sua ternura e misericórdia que é mais forte que todo o pecado. Podemos confiar neste amor como Maria a quem é dito: “Não temas. O Senhor está contigo”! Confiamos verdadeiramente na graça de Deus?


2. Festa de Maria

Compreendemos que a festa da Imaculada Conceição é antes de mais festa de Deus. Mas também é e não podia deixar de ser festa de Maria. Sim, desde o primeiro instante, a sua vida terrena foi um hino de louvor à glória de Deus e à sua misericórdia para com a humanidade. Ela acolheu a graça singular de Deus, guardou-a, fê-la crescer confiando-se sempre à Palavra do Senhor e tornando-se depois discípula perfeita de Jesus: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”! É a festa do sim pleno de Maria à proposta de Deus com toda a disponibilidade, abandono e colaboração, com o dom de si mesma. Assim permitiu à Graça por excelência de Deus, o Filho incarnado, entrar na história do mundo e criar aquela humanidade renovada de que Maria é exemplar esplêndido. Por isso a invocamos como Mãe da Divina Graça!

3. Festa de todos nós
Por fim, a festa de Maria é também a nossa festa. A Mãe Imaculada assegura-nos que cada um de nós, cada cristão pode ser cheio da sua graça porque lhe foi concedida pelo Pai santo em nosso favor.
Também nós somos chamados a ser santos e imaculados como ela, acolhendo plenamente Deus e a sua graça misericordiosa na nossa vida, na escuta e meditação da Palavra, na caridade e no serviço aos irmãos.
A festa da Imaculada torna-se festa de todos nós com os nossos “sins” quotidianos a Deus, vencendo o nosso egoísmo e a nossa indiferença, tornando mais alegre a vida dos nossos irmãos levando-lhes esperança e consolação, enxaugando alguma lágrima. O apelo a uma vida santa e pura é hoje deveras urgente para a nossa vida em sociedade como o Papa Francisco nos advertiu recentemente. Amanhã, dia 9, é a Jornada Mundial contra a corrupção que alastra cada vez mais e despudoradamente, sem vergonha, como um cancro que mina a sociedade. A luta contra esta chaga social começa na consciência pessoal pura, não corrompida, dentro da família e na vigilância nos vários âmbitos da vida civil. No dia 10 é a Jornada Mundial pelos direitos humanos que devem ser promovidos de modo que ninguém seja excluído do seu efetivo reconhecimento. Por aqui passa a vida santa e imaculada dos cristãos e o seu testemunho no mundo!
Mãe imaculada, acompanha-nos e guia-nos no caminho de uma vida santa e pura, de justiça e paz. Mãe da Divina Graça, rogai por nós."

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