DOMINGO XXVII DO TEMPO COMUM
As leituras de hoje levam-nos a refletir sobre o dom da fé, sobre a forma
como damos testemunho do Amor de Deus por cada ser vivente, hoje, nos nossos
tempos. Desafiam-nos a refletir sobre o modo como, pela fé, estamos (ou não)
ao serviço da comunicação do Amor de Deus aos irmãos, ou àqueles de quem não
gostamos nada mesmo, ou, porque não dizê-lo, àqueles por quem nutrimos algum
sentimento muito pouco cristão (…), lá, em plena labuta diária, onde nos movemos
e existimos. Afinal, é o nosso Mestre e Senhor, que todo Se entrega no Amor,
não somos nós, é Ele quem ama em nós, por isso, apenas nos cabe sermos bons
cabos de transmissão, porque a fonte, para todos, é sempre e só Ele.
Na 1ªleitura (Hab 1, 2-3; 2, 2-4) vemos, como que num espelho, no agora do nosso tempo, reações tão
semelhantes às do tempo do profeta, face aos problemas sociais, aos dramas humanos, às tragédias e às injustiças dos tempos de hoje. Mudámos imenso em tantos domínios, que nem
dá para comparar, tal a distância de então para cá, mas permanecemos seres humanos,
frágeis, criados à imagem e semelhança de Deus. Continuamos à procura, muitas
vezes sem o sabermos, do Único que pode responder às nossas questões, porque só
Ele nos ama infinitamente, apesar de nos conhecer tal qual somos, na totalidade
do nosso ser, indo até ao mais profundo de nós mesmos, chegando aos recantos mais
recônditos, até onde, por vezes, nem nós próprios temos coragem de descer. Para
que todos O conheçam assim, enamorado de cada um dos seus filhos queridíssimos,
só temos de nos deixar amar por Ele. Quem não gosta de ser assim amado, sem qualquer
limite?! Vale a pena confiar e pôr tudo nas Suas mãos!
«Até quando, Senhor,
chamarei por Vós e não me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não
me enviais a salvação? Porque me deixais ver a iniquidade e contemplar a
injustiça? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e
reina a discórdia?» O Senhor respondeu-me: «Põe por escrito esta visão e
grava-a em tábuas com toda a clareza, de modo que a possam ler facilmente.
Embora esta visão só se realize na devida altura, ela há de cumprir-se com
certeza e não falhará. Se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há de vir
e não tardará. Vede como sucumbe aquele que não tem alma reta; mas o justo
viverá pela sua fidelidade».
Na 2ª leitura (2 Tim 1, 6-8.13-14) S.Paulo, que fez da comunicação, do Amor infinito de Deus por cada ser
humano, e por toda a humanidade, a razão de ser da sua vida, não podia, mais
uma vez, deixar de nos situar na verdadeira fonte, que é Jesus Cristo, e de nos
exortar a pedir ao Senhor que envie sobre nós o Seu Santo Espírito. Que Ele nos
habite e nos inunde com a Sua Luz.
“Caríssimo: Exorto-te a que reanimes o dom
de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um
espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te
envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu
prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma
como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos
em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do
Espírito Santo, que habita em nós.”
No evangelho (Lc 17, 5-10) é o Senhor Jesus quem nos explica o que é ter fé e como esta é um dom, ao
serviço de todos os que procuram Deus de coração sincero. E, olhando para tantos
santos da Igreja (de ontem, mas também dos nossos tempos), de quem conhecemos
alguns pedaços da sua história de vida, mas sobretudo do seu testemunho de fé,
percebemos que, o que Jesus diz no evangelho, continua a ser possível nos dias
de hoje. Ajuda-nos Senhor a sermos fiéis ao dom da fé que nos destes.
“Naquele tempo,
os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O Senhor respondeu: «Se
tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí
e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a
lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa
sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me
servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’?. Terá
de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando
tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer’.”
Aumenta Senhor a minha fé.
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