O culto do
Papa Francisco
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A vida
Antes de partirmos todos temos o mesmo pensamento, tivemos
duas vidas, uma vivida e outra por viver.
A partida impede-nos de viver a vida que não
vivemos, e de forma diferente a vivida.
Os bruxos, os cartomantes Paulos Cardosos, e os seus
pares deviam de saber que se a vida não fosse um mistério não seria vida.
Uma vezes cola-nos asas outras tiras-lhe a cola.
Voar sem cola é um privilégio dos eleitos.
A maioria, os não-eleitos, terão tantas
probabilidades de subir como de descer, e a humildade é o seu porto de
abrigo.
É a vida e a vida espiritual também é vida.
Todos os cultos devem ser respeitados, e a
humanidade, desde as suas andanças entre as cavernas e a luz, e em sentido
contrário, quiçá por temor da luz, ou por desconhecer os efeitos secundários
da luz na mente, agasalhada no politeísmo, mais ou menos mitigado, se
quisermos o monoteísmo, tem convivido com uma grande galeria de divindades,
relíquias, objetos de culto, e até vacas sagradas.
Duvida-se que seja esse o projeto do criador da
criatura e do universo.
A criatura deve desejar os efeitos da luz.
Valha-nos que na vida espiritual coletiva o Papa
Francisco continua a marcar pontos sociais, à esquerda e à direita políticas,
e por isso foi eleito "a pessoa do ano" pela revista
"Time".
Sobre o Papa Francisco considerou o Prof. Leonardo
Boff que; "Muitos têm-se perguntado que pelo fato de o atual papa
Francisco provir da América Latina seja ele um adeto da teologia da
libertação. Esta questão é irrelevante. O importante não é ser da teologia da
libertação, mas da libertação dos oprimidos, dos pobres e injustiçados. E
isso ele o é com indubitável claridade."
As palavras do Prof. Leonardo Boff dirigidas ao Papa
Francisco adquirem particular importância vindas sobretudo dum expoente
máximo da teologia da libertação.
Com o devido respeito penso que toda a teologia não
é concebível sem a liberdade, física e intelectual, do indivíduo, a razão.
É de lamentar que a maioria das religiões não tenham
tido suficiente fé, e que se tenha deixado vencer pela razão, e aberto mão do
criacionismo, - pondo de parte a fantasia dos avoengos Adão e Eva, - em
primazia da anacrónica teoria evolucionista das espécies propalada por
Charles Darwin, e seus seguidores.
O transcendente, é algo do interior da pessoa, e
pode ser alcançado quer pela fé, quer pela razão.
Os dogmas são algo contra o "labor"
transcendental, consubstanciada no ser humano. Por sua vez o ateísmo, ou
agnosticismo, ou ceticismo, é uma consequência do maniqueísmo religioso, e
que serve os interesses egoístas de muitos religiosos(?), sem esquecer os
fundamentalismos, e os fundamentalistas.
Em rigor um ateu é um crente tão convicto como um
beato, com a diferença que o primeiro crê no intranscendente e o segundo no
transcendente.
Ambos são criaturas obra do criador, e como tal não
podem ser maus ou bons porque têm convicções diferentes.
Na verdade Deus não pode existir ou inexistir em
função das crenças dos mortais.
O transcendente é algo real, que existe, embora
impalpável e invisível, e não é pertença de nenhuma religião ou de nenhum
mortal, seja muito ou pouco crente na instranscendência, ou transcendência.
Tudo isto para dizer que estou um pouco com o Prof.
Leonardo Boff quando este coloca a substância acima da forma, o conteúdo da
teologia da libertação sobre o seu formalismo.
Porém, sendo o Papa Francisco o autor duma encíclica
dificilmente não será ou deixará de ser um teólogo.
Recentemente, num programa noturno, um pouco
apalermado, na televisão da "rtp" da Fátima qualquer-coisa,
"prós e contras", paga pelos contribuintes, e que por isso
reivindica o estatuto de "serviço público", como se a
"sic", e a "tvi" não fizessem um verdadeiro serviço
público, grátis(!), em jeito de tertúlia que não aquece nem arrefece,
abordou-se um falso tema; "A revolução do Papa Francisco", com a
intervenção de várias figuras de proa nestas, e noutras andanças, onde
pontuou Freitas do Amaral com brilhantismo.
O título dado ao programa é capcioso porque veste o
Papa Francisco com a farda do guerrilheiro "Che" da América Latina,
o que é uma parvoíce, e até ofende o trabalho que o bispo-mor de Roma tem
vindo a fazer desde que substituiu João Paulo II, tendo em conta que
Ratzinger foi mais um líder de circunstância enquanto não se encontrou o
substituto do segundo.
Tem o seu interesse assinalar que no referido
programa-tertúlia televisivo o padre e professor de filosofia Anselmo Borges
tenha dito a quem o viu e ouviu que o Papa Chico, como carinhosamente lhe
chamam, tem de converter os bispos e os padres católicos, o que faz supor que
estes não são suficientemente crentes ou praticantes do catolicismo, e que
afasta a intervenção de um dos participantes na tertúlia quando proclamou que
os não-crentes, seja isso o que for, porque todos somos crentes em algo, nem
que seja a "bóson", estavam sedentos de fé(?!...).
A razão pode emparelhar com a fé, e podem
andar de mãos juntas e nada justifica o seu divórcio desde o século XVII até
aos dias de hoje.
Deus "é" a ciência, e não existe Deus
"e" a ciência. Deus "é" o bigue bangue.
Sendo verdade que o Papa Chico tenha também dito a
Eugenio Scalfari, do jornal italiano "La Reppublica", em Outubro
passado que; "não há Deus católico, só há um Deus", o pai, que é a
luz e o Criador", o que, a meu ver, faz todo o sentido do mundo, e dos
arredores, porque acaba com o maniqueísmo religioso e todas as guerras
religiosas, aquele faz ainda jus à sua devoção a Cristo quando este expulsou
os vendilhões do Templo, segundo Lucas 19:46, "A minha casa é casa de
oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores."
Portanto, o Papa Chico apenas tem sido coerente
consigo, e com as suas raízes, - a Igreja de Roma nunca será a mesma, findos
dois milénios renovar-se-á, - e com a sua devoção ou lealdade religiosa a
Cristo, e não vale a pena colá-lo a Guevera ou ao avô Marx.
Os poderes temporais e todos os humanos devemos estar
atentos às palavras e à ação do Papa Chico em todos os domínios, seja
religioso, social, económico e político e cultural.Os vendilhões é que podem estar um pedacinho
preocupados, embora a fogueira esteja apagada.
Gil Teixeira
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sábado, 22 de fevereiro de 2014
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