sábado, 10 de setembro de 2022

 TEMPO COMUM - 2022

Neste domingo as leituras revelam-nos a dimensão infinita da misericórdia de Deus Amor, o nosso Deus. Para alguns é escândalo, mas para os que Lhe abrem o coração e se deixam abraçar por Ele, é o abrir-se a um amor maior, a uma vida com outro sentido, porque experimentamos o que é sermos verdadeiramente amados. Deixemo-nos cativar por este Amor infinito, que nunca desiste de nós, nem mesmo quando d’Ele nos afastamos. Ele vai sempre à nossa procura, desejoso de nos estreitar nos Seus braços, de nos acolher no Amor, sejam quais forem as circunstâncias em que nos encontremos. Ó Amor sem fim, como nos amas! Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

Na 1ª leitura (Ex 32, 7-11.13-14) é com espanto, mas ao mesmo tempo, também com muita alegria e esperança, que entramos na oração que Moisés faz a Deus, ao interceder pelo povo de Israel. Ele não teve receio e apelou ao que Deus tem de único e total, o Seu Amor pela  Sua criatura, por cada um de nós, e Deus não resistiu e olhou, e continua a olhar, para todos e cada um de nós e a amar-nos infinitamente. Deixemo-nos amar pelo Amor.

“Naqueles dias, o Senhor falou a Moisés, dizendo: «Desce depressa, porque o teu povo, que tiraste da terra do Egipto, corrompeu-se. Não tardaram em desviar-se do caminho que lhes tracei. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: ‘Este é o teu Deus, Israel, que te fez sair da terra do Egipto’». O Senhor disse ainda a Moisés: «Tenho observado este povo: é um povo de dura cerviz. Agora deixa que a minha indignação se inflame contra eles e os destrua. De ti farei uma grande nação». Então Moisés procurou aplacar o Senhor seu Deus, dizendo: «Por que razão, Senhor, se há de inflamar a vossa indignação contra o vosso povo, que libertastes da terra do Egipto com tão grande força e mão tão poderosa? Lembrai-Vos dos vossos servos Abraão, Isaac e Israel, a quem jurastes pelo vosso nome, dizendo: ‘Farei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e dar-lhe-ei para sempre em herança toda a terra que vos prometi’». Então o Senhor desistiu do mal com que tinha ameaçado o seu povo.”


Na 2ªleitura (1 Tim 1, 12-17) aprendemos, com S.Paulo, o que é ser amado por Deus, no concreto da vida. Ele fala-nos do que foi a sua experiência e de como, mesmo quando estava errado, era coerente, apaixonado e leal para com o Deus de Israel. Mas, após o seu encontro com Jesus, na estrada de Damasco, Paulo mudou totalmente, passou a relacionar-se  com Deus de uma forma completamente diferente do que fazia até então. Deixou-se habitar, amar, por Jesus Cristo, na totalidade do seu ser, assumindo toda a sua história de vida anterior. Apoiando-se sempre e só em Deus, passou a ter uma relação tão íntima e próxima com Jesus, que de um perseguidor feroz, implacável e  fundamentalista, passou a um dos mais intrépidos, esclarecido, persistente, incansável e apaixonado anunciador de Deus Amor, de Jesus vivo e ressuscitado no meio dos homens. Deixemo-nos inspirar por S.Paulo e louvemos a Deus, que no Seu Amor infinito por cada um de nós, vê o que somos e, mesmo assim, continua a acolher-nos no seu regaço, a abrir-nos os seus braços e a correr ao nosso encontro, demonstrando-nos que nos ama incondicionalmente. 

Caríssimo: Dou graças Àquele que me deu força, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que me julgou digno de confiança e me chamou ao seu serviço, a mim que tinha sido blasfemo, perseguidor e violento. Mas alcancei misericórdia, porque agi por ignorância, quando ainda era descrente. A graça de Nosso Senhor superabundou em mim, com a fé e a caridade que temos em Cristo Jesus. É digna de fé esta palavra e merecedora de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles. Mas alcancei misericórdia, para que, em mim primeiramente, Jesus Cristo manifestasse toda a sua magnanimidade, como exemplo para os que hão de acreditar n’Ele, para a vida eterna. Ao Rei dos séculos, Deus imortal, invisível e único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Ámen.”


No evangelho (Lc 15, 1-32), ao escutarmos as três parábolas que Jesus nos conta, sentimo-nos desafiados a deixarmo-nos encontrar por Ele, a deixar cair tudo o que nos afasta de Deus e a descansar mesmo, na totalidade do nosso ser, n’Aquele que tanto nos ama e nos quer verdadeiramente felizes. Claro, que as dificuldades, as quedas, as infidelidades, os pecados, continuarão a fazer parte da nossa vida, mas Ele até das nossas misérias se serve para construir caminhos de amor. Façamos como o filho mais novo e partamos ao encontro de Deus Amor. E, se nos encontrarmos na situação do filho mais velho, corramos o risco de, mesmo assim, abrir o coração a Deus Amor e deixemos o milagre de Deus Amor acontecer aí, nos nossos limites e fraquezas. 

“Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Quem de vós, que possua cem ovelhas e tenha perdido uma delas, não deixa as outras noventa e nove no deserto, para ir à procura da que anda perdida, até a encontrar? Quando a encontra, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’. Eu vos digo: Assim haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos, que não precisam de arrependimento. Ou então, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e tendo perdido uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente a moeda até a encontrar? Quando a encontra, chama as amigas e vizinhas e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida’. Eu vos digo: Assim haverá alegria entre os Anjos de Deus por um só pecador que se arrependa». Jesus disse-lhes ainda: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».”

Senhor, meu Deus, que eu nunca duvide do Teu Amor!

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