Solenidade da Assunção de Nossa Senhora
Na alocução que precedeu a oração mariana deste sábado,
Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, o Papa Francisco começou por recordar
uma frase, que ficou famosa, pronunciada quando o homem, pela primeira vez, pousou os pés na
lua: «Este é um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade.»
A seguir acrescentou: “A humanidade tinha atingido um marco histórico. Hoje,
na Assunção de Maria ao Céu, celebramos uma conquista infinitamente maior.
Nossa Senhora colocou os pés no paraíso: ela foi lá não só em espírito, mas
também com seu corpo. Este passo da pequena Virgem de Nazaré foi o grande salto
para a frente da humanidade. De pouco adianta ir à lua se não vivermos como
irmãos na Terra.”
Disse ainda o Papa. “Saber que um de nós vive no céu,
com o corpo, dá-nos esperança: entendemos que somos preciosos, destinados a
ressurgir. Deus não deixará que o nosso corpo desapareça no nada. Com Deus nada
será perdido”.(…) “Em Maria a meta foi alcançada e nós temos diante de nossos
olhos o motivo pelo qual caminhamos: não para conquistar as coisas aqui em
baixo, que desaparecem, mas a pátria lá em cima, que é para sempre. E Nossa
Senhora é a estrela que nos orienta. Ela, como ensina o Concílio, “brilha como
sinal de esperança segura e consolo para o Povo de Deus a caminho”.
A seguir, Francisco fez a seguinte pergunta: “O que é
que a nossa Mãe nos aconselha?” “Hoje, no Evangelho”, disse o Papa, “a primeira
coisa que ela diz é: ‘A minha alma engrandece ao Senhor’. Habituados a ouvir
estas palavras, talvez não prestemos mais atenção ao seu significado”.
Engrandecer literalmente significa “tornar grande”,
aumentar. Maria “engrandece ao Senhor”: não os problemas, que não lhe faltaram
naquele momento, mas o Senhor. Quantas vezes, nos deixamos dominar pelas
dificuldades e nos deixamos absorver pelos medos! Nossa Senhora não, porque ela
coloca Deus como a primeira grandeza da vida. Daqui nasce o Magnificat, daqui
nasce a alegria: não da ausência de problemas, que mais cedo ou mais tarde
chegam, mas a alegria nasce da presença de Deus que nos ajuda e está perto de
nós. Porque Deus é grande e olha para os pequenos. Somos a Sua fraqueza de
amor: Deus olha e ama os pequenos.
Segundo o Papa, “Maria reconhece-se pequena e exalta
as “grandes coisas” que o Senhor fez para ela. Quais? Principalmente, o dom
inesperado da vida: Maria é virgem e fica grávida; e Isabel, que era idosa,
também está à espera de um filho.”
“O Senhor faz maravilhas com os pequenos”, disse ainda
o Pontífice, “com quem não pensa ser grande, mas dá, na vida, um grande espaço a
Deus. Ele estende a Sua misericórdia sobre aquele que n’Ele confia e eleva os humildes. Maria louva a Deus por
isso”.
“E nós, podemos perguntar-nos: lembramo-nos de louvar
a Deus? Agradecemos-Lhe pelas grandes
coisas que faz por nós? Pelos dias que nos doa, porque nos ama e nos perdoa
sempre, pela Sua ternura? E por nos ter dado Sua Mãe, pelos irmãos e irmãs que
Ele coloca no nosso caminho, porque abriu para nós o Céu?”, perguntou o Papa.
Segundo Francisco, “se esquecemos o bem, o coração diminui. Mas se, como
Maria, nos lembrarmos das grandes coisas que o Senhor faz, se pelo menos uma
vez por dia o engrandecermos, então damos um grande passo em frente. Dizer uma vez
por dia: “Eu louvo ao Senhor”; “Bendito seja o Senhor”, que é uma pequena
oração de louvor, isso é louvar a Deus. O coração dilatar-se-á com essa pequena
oração, a alegria aumentará”. Peçamos a Nossa Senhora, a porta do céu, a graça
de começar cada dia levantando o nosso olhar para o céu, para Deus, para lhe dizer
obrigado, como dizem os pequenos aos grandes”, concluiu Francisco.
“O templo
de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu
no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos
pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com
as dores e ânsias da maternidade. E apareceu no Céu outro sinal: um enorme
dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete diademas.
A cauda arrastava um terço das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra. O
dragão colocou-se diante da mulher que estava para ser mãe, para lhe devorar o
filho, logo que nascesse.
Ela teve um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. O
filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o
deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que
clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o
domínio do seu Ungido».”
Na 2ª
leitura (1ª Cor 15, 20-27) S. Paulo centra-nos no fundamento da
fé que professamos: Jesus venceu a morte, está vivo no meio de nós,
ressuscitou. Depois de nos relembrar que Jesus foi o primeiro a ressuscitar dos
mortos, assegura que n'Ele todos ressuscitaremos, um dia.
A Assunção também pré-anuncia a ressurreição de cada
um de nós.
"Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte,porque Deus tudo colocou debaixo dos seus pés. Mas quando se diz que tudo Lhe está submetido é claro que se excetua Aquele que Lhe submeteu todas as coisas."
No evangelho (Lc 1, 39-56) contemplamos a Assunção como o culminar do mistério que se inicou com a Encarnação do Verbo, na sequência do Sim da Virgem Maria. O que passa perante os nossos olhos, ao contemplarmos o diálogo que se trava entre Isabel e Maria, é o desenrolar da história do Amor infinito de Deus por um povo escolhido, que, em Jesus, ultrapassa Israel e se estende ao mundo inteiro, chegando a cada ser vivente de ontem, de hoje e de sempre. Enraizados em Jesus, nesta Igreja de hoje, aprendamos de Maria a louvar o Senhor, pela história de amor que faz também com cada um de nós, na nossa vida do dia a dia.
“Naqueles
dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em
direção a uma cidade de Judá. Entrou em
casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou
em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade,
logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de
alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor». Maria disse
então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu
Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me
chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A
sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou
o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus
tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da
sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua
descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e
depois regressou a sua casa.”
Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós!
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