DOMINGO XV DO TEMPO COMUM
A liturgia deste domingo desperta-nos para a
importância da escuta da Palavra de Deus. Em cada liturgia, em que
participamos, o Senhor vem ao nosso encontro e fala-nos, chega ao nosso
coração, ao mais profundo da nossa alma, também através da Palavra proclamada. Estejamos
sempre prontos para responder a cada desafio que o nosso Deus nos coloca, no
caso concreto das leituras de hoje, quando O escutamos na Eucaristia, quando Ele
lança a semente nos nossos corações e nos deixamos “fazer” pela Sua Palavra.
Na 1ªleitura (Is 55, 10-11) o profeta Isaías, ao usar a linguagem da natureza
para nos explicar a força da Palavra de Deus, transpõe-nos para a fidelidade,
para a infinitude do Amor de Deus, em tudo o que diz e faz. Só nos é pedido que
O escutemos, de coração disponível e sincero.
”Eis o que diz o Senhor: «Assim
como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a
terra, sem a terem fecundado e feito produzir, para que dê a semente ao
semeador e o pão para comer, assim a palavra que sai da minha boca não volta
sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter
realizado a sua missão».”
Na 2ªleitura (Rom 8, 18-23) S.Paulo fala, não só para os homens do seu tempo, mas
também para nós hoje, homens e mulheres do séc.XXI. Até parece que está aqui
connosco a viver os condicionalismos e dificuldades desta pandemia com todas as
agruras, medos e angústias porque estamos a passar! S.Paulo, no entanto, para
além de nos situar no concreto da nossa existência, nas labutas da vida,
projeta-nos para a esperança da nova vida, a da libertação em Deus, Nosso
Senhor. Só n’Ele seremos verdadeiramente livres!
“Irmãos: Eu penso que os
sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há de
manifestar em nós. Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação
dos filhos de Deus. Elas estão sujeitas à vã situação do mundo, não por sua
vontade, mas por vontade d’Aquele que as submeteu, com a esperança de que as
mesmas criaturas sejam também libertadas da corrupção que escraviza, para
receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a criatura
geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós,
que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a
adoção filial e a libertação do nosso corpo.”
No evangelho (Mt
13, 1-23), que nos é explicado por Jesus, ficamos com a certeza de que é Deus quem lança
sempre a semente. A Sua Palavra é proclamada e nunca falha, mas a forma como é
recebida vai depender da nossa disponibilidade e abertura do coração. Aliás, a mesma Palavra, proclamada em alturas diferentes, é recebida de forma
completamente distinta, pela mesma pessoa, consoante a situação de vida
concreta em que se encontra no momento da escuta. É sempre uma Palavra viva e
atuante. O fruto depende de sermos, ou não, “uma boa terra”.“Naquele dia,
Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à beira-mar. Reuniu-se à sua volta tão
grande multidão que teve de subir para um barco e sentar-Se, enquanto a
multidão ficava na margem. Disse muitas coisas em parábolas, nestes termos:
«Saiu o semeador a semear. Quando semeava, caíram algumas sementes ao longo do
caminho: vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde
não havia muita terra, e logo nasceram, porque a terra era pouco profunda; mas
depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram, por não terem raiz. Outras
caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e afogaram-nas. Outras caíram em
boa terra e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um.
Quem tem ouvidos, oiça». Os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe:
«Porque lhes falas em parábolas?». Jesus respondeu: «Porque a vós é dado
conhecer os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não. Pois àquele que tem
dar-se-á e terá em abundância; mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe
será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas, porque veem sem ver e ouvem
sem ouvir nem entender. Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz: ‘Ouvindo
ouvireis, mas sem compreender; olhando olhareis, mas sem ver. Porque o coração
deste povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus
olhos, para não acontecer que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos e
compreendendo com o coração, se convertam e Eu os cure’. Quanto a vós, felizes
os vossos olhos porque veem e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos
digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e
ouvir o que vós ouvis e não ouviram. Escutai, então, o que significa a parábola
do semeador: Quando um homem ouve a palavra do reino e não a compreende, vem o
Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a
semente ao longo do caminho. Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos
é o que ouve a palavra e a acolhe de momento com alegria, mas não tem raiz em
si mesmo, porque é inconstante, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por
causa da palavra, sucumbe logo. Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o
que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam
a palavra, que assim não dá fruto. E aquele que recebeu a palavra em boa terra
é o que ouve a palavra e a compreende. Esse dá fruto e produz ora cem, ora
sessenta, ora trinta por um».
Senhor abre o meu coração à escuta da Tua Palavra.
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