sábado, 30 de junho de 2018

XIII DOMINGO DO TEMPO COMUM


Das leituras da eucaristia, deste XIII Domingo do tempo comum, ressaltam, para mim, duas linhas de força essenciais: uma que nos desinstala de uma espécie de apatia (acédia) e nos impulsiona a confiar totalmente no Amor infinito de Deus, que, desde o princípio, nos criou, à Sua imagem e semelhança, para sermos felizes; a outra tem a ver com o testemunho da fé, na vida do dia a dia.

Na 1ªleitura (Sab 1, 13-15; 2, 23-24) o autor sagrado convida-nos a contemplar Deus, no seu amor infinito por cada ser vivente. Deus, sempre quis só o bem, a felicidade para cada um de nós, Seus filhos, no Filho, como diz o Santo Padre no parágrafo nº18 da sua última exortação apostólica: «o seu amor não tem limites e, uma vez doado, nunca volta atrás. Foi incondicional e permaneceu fiel. Amar assim não é fácil, porque muitas vezes somos tão frágeis; mas, precisamente para podermos amar como Ele nos amou, Cristo partilha connosco a sua própria vida ressuscitada. Desta forma, a nossa vida demonstra o Seu poder em ação, inclusive no meio da fragilidade humana». 
“Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos. Pela criação deu o ser a todas as coisas, e o que nasce no mundo destina-se ao bem. Em nada existe o veneno que mata, nem o poder da morte reina sobre a terra, porque a justiça é imortal. Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza. Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.”


Na 2ªleitura (2 Cor 8, 7.9.13-15)  S.Paulo, depois de elogiar a comunidade de Corinto, pede-nos para sobressairmos na generosidade, à maneira de Cristo. S.Paulo, nesta leitura, trouxe-me à memória o Papa Francisco na exortação apostólica “Alegrai-vos e Exultai”, que ao citar São Boaventura, nos adverte “que a verdadeira sabedoria cristã não se deve desligar da misericórdia para com o próximo: «A maior sabedoria que pode existir consiste em dispensar frutuosamente o que se possui e que lhe foi dado precisamente para o distribuir»”
Irmãos: Já que sobressaís em tudo – na fé, na eloquência, na ciência, em toda a espécie de atenções e na caridade que vos ensinámos – deveis também sobressair nesta obra de generosidade. Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza. Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de procurar a igualdade. Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa abundância a sua indigência para que um dia eles aliviem a vossa indigência com a sua abundância. E assim haverá igualdade, como está escrito: «A quem tinha colhido muito não sobrou e a quem tinha colhido pouco não faltou».


O Evangelho de hoje traz-nos dois testemunhos de fé impressionantes: Jairo e "certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos". Em Jairo pressentimos a dor lancinante de um pai, que vê a sua filha adoecer muito gravemente e, por isso, recorre a Jesus, acreditando que Ele pode salvá-la. Na mulher hemorrágica percebemos a luta, de anos e anos, na procura infrutífera de uma cura, pelo que, confiando em Jesus, sem ninguém se aperceber, toca no Seu manto, acreditando, também, que Ele pode curá-la. A fé de ambos é imensa, nem por um segundo põem em dúvida a “autoridade” de Jesus. Têm ambos a certeza de que Jesus tem o poder de curar, de salvar e, por isso, entregam-Lhe, numa confiança total, explicitamente, ou em segredo, os seus pedidos. Confiemo-nos nós também a Jesus e entreguemos-lhe tudo o que nos cansa e abate, nos angustia e deprime, nos aflige e perturba. Deixemo-nos amar por Deus, acolhamo-nos nos Seus braços e descansemos a nossa cabeça no Seu peito. 
“Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago, reuniu-se uma grande multidão à sua volta, e Ele deteve-se à beira-mar. Chegou então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés e suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva». Jesus foi com ele, seguido por grande multidão, que O apertava de todos os lados. Ora, certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de vários médicos e gastara todos os seus bens, sem ter obtido qualquer resultado, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe por detrás no manto, dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada». No mesmo instante estancou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo que estava curada da doença. Jesus notou logo que saíra uma força de Si mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?». Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas: ‘Quem Me tocou?’». Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado. A mulher, assustada e a tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se diante de Jesus e disse-Lhe a verdade. Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou». Ainda Ele falava, quando vieram dizer da casa do chefe da sinagoga: «A tua filha morreu. Porque estás ainda a importunar o Mestre?». Mas Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta que tenhas fé». E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou grande alvoroço, com gente que chorava e gritava. Ao entrar, perguntou-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: «Talita Kum», que significa: «Menina, Eu te ordeno: Levanta-te». Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados. Jesus recomendou-lhes insistentemente que ninguém soubesse do caso e mandou dar de comer à menina.” 
Mc 5, 21-43 


Senhor, tem compaixão de mim que sou pecadora. Envia sobre mim o Teu Santo Espírito e salva-me.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

SOLENIDADE DE S.PEDRO E S.PAULO


A liturgia, hoje, convida-nos a olhar, de coração aberto, para estas duas figuras incontornáveis da história da Igreja. Leva-nos a considerar o seu exemplo de entrega total, como resposta de amor, a Jesus Cristo e a louvar a Deus pelo Seu projeto de Amor incalculável, por todos e por cada um de nós.


Na 1ª leitura (Atos 12, 1-11) ressalta, perante os nossos olhos, ainda atónitos, face ao que se está a passar com Pedro, o imenso amor de Deus aos que a Ele se entregam de alma e coração. Deus nunca nos abandona, mesmo quando a situação é muito complicada. Está mesmo presente e atua sempre em nosso benefício, seja através dos nossos amigos, ou por meio daqueles com quem não simpatizamos mesmo nada. Deixemo-nos cativar por Deus Amor e Misericórdia sem fim.
“De repente, apareceu o Anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela da cadeia. O Anjo acordou Pedro, tocando-lhe no ombro, e disse-lhe: «Levanta-te depressa». E as correntes caíram-lhe das mãos. Então o Anjo disse-lhe: «Põe o cinto e calça as sandálias». Ele assim fez. Depois acrescentou: «Envolve-te no teu manto e segue-me». Pedro saiu e foi-o seguindo, sem perceber a realidade do que estava a acontecer por meio do Anjo; julgava que era uma visão. Depois de atravessarem o primeiro e o segundo posto da guarda, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, e a porta abriu-se por si mesma diante deles.  Saíram, avançando por uma rua, e subitamente o Anjo desapareceu. Então Pedro, voltando a si, exclamou: «Agora sei realmente que o Senhor enviou o seu Anjo e me libertou das mãos de Herodes e de toda a expetativa do povo judeu».


Na 2ªleitura (2 Tim 4, 6-8.17-18)  S.Paulo, tenha sido ele, ou não, a escrevê-la, num texto belíssimo, faz uma espécie de testamento religioso. É impressionante a força da sua fé, a profundidade da sua entrega e a confiança total em Deus Amor. Como é belo viver assim! Deus seja louvado nos Seus santos! Deixemo-nos contagiar por S.Paulo. Vale a pena, acho eu.
“Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda. O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todos os pagãos a ouvissem; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Ámen.” 


No evangelho S. Pedro, porta-voz de todos os discípulos, de ontem, de hoje e de sempre, reconhece Jesus como o Messias, o Filho de Deus. Interioriza, pela ação do Espírito Santo, a profunda intimidade, a comunhão total de amor de Jesus com Deus Pai. E, é este santo, de coração simples e puro, totalmente entregue a Deus, que nos desafia a fazer o mesmo, nas nossas vidas, cada um ao seu jeito. Ao contemplar S.Pedro e os vários episódios da sua vida, torna-se claro, para nós, hoje, o poder da ação de Deus num coração que todo se lhe entrega. Foi assim com S.Pedro e com os outros santos, logo pode ser assim também connosco, se aderirmos, de coração, ao projeto de Amor que Deus tem para cada um de nós, para assim chegar a todos os povos e nações.
"Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?» Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus»."
Mt 16, 13-19

Senhor, envia sobre mim o Teu Santo Espírito e preenche-me totalmente. Que sejas tudo para mim.
D. António Marto já é cardeal.


D. António Marto foi, hoje, dia 28 de junho de 2018, criado cardeal-presbítero com o título de ‘Santa Maria sopra Minerva’, uma igreja de Roma já atribuída, no século XIX, ao cardeal Guilherme Henriques de Carvalho, 9.º patriarca de Lisboa, que foi bispo de Leiria.

sábado, 23 de junho de 2018

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM
SOLENIDADE DO NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA


A liturgia deste domingo faz uma exceção, ao festejar o nascimento de S.João Batista, pois a igreja, regra geral, só comemora o dia da morte dos santos , ou seja o dia em que passaram a ver Deus face a face e entraram na glória celestial. O nascimento de S.João é mesmo um caso especial, que também merece ser celebrado, pois as circunstâncias que rodearam o seu nascimento foram o culminar de uma verdadeira história de amor que se desenrolou entre Deus e os pais de S.João, que vale a pena ser conhecida. Zacarias e Isabel são para nós, hoje, no nascimento de seu filho, o testemunho de como Deus conduz a história de todos os que se Lhe confiam de corpo e alma. Deus está sempre presente na nossa vida, nós é que, muitas vezes, não ousamos entregarmo-nos totalmente a Ele. Deus ama-nos infinitamente e quer sempre o que é melhor para nós, mesmo quando nos parece que está tudo ao contrário. Deixemos que nos Deus nos ame, confiemos n’Ele, como o fizeram Isabel e Zacarias!


Na 1ª leitura (Is 49, 1-6) Isaías projeta-nos para Jesus: «Tu és o meu servo, Israel,  por quem manifestarei a minha glória». E é em Jesus que olhamos para S.João, que preparou os caminhos para a Sua vinda, para que a luz de Cristo e a salvação de Deus chegassem até aos confins da terra. É por tudo isto que lhe damos o nome de “O percursor”. 
“Terras de Além-Mar, escutai-me; povos de longe, prestai atenção. O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome desde o seio de minha mãe. Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão. Tornou-me semelhante a uma seta aguda, guardou-me na sua aljava. E disse-me: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória». E eu dizia: «Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas forças». Mas o meu direito está no Senhor e a minha recompensa está no meu Deus. E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe restaurar as tribos de Jacob e reconduzir os sobreviventes de Israel. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Farei de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».


Na 2ªleitura (Atos 13, 22-26) S.Paulo desafia-nos a fazer a vontade de Deus, para sermos felizes. E ao deixar-nos esta mensagem apresenta-nos, como exemplo, dois homens com vidas tão diferentes, mas ambos, segundo o coração de Deus: David e João Batista. Seja qual for a nossa história de vida, uma coisa é certa para mim, só o amor incomparável que Deus nos tem, se o aceitarmos e a Ele correspondermos, nos pode transformar em seres felizes, porque assim não quereremos outra coisa,que não seja, fazer a vontade de Deus.
“Naqueles dias, Paulo falou deste modo: «Deus concedeu aos filhos de Israel David como rei, de quem deu este testemunho: ‘Encontrei David, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará sempre a minha vontade’. Da sua descendência, como prometera, Deus fez nascer Jesus, o Salvador de Israel. João tinha proclamado, antes da sua vinda, um batismo de penitência a todo o povo de Israel.  Prestes a terminar a sua carreira, João dizia: ‘Eu não sou quem julgais; mas depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés’. Irmãos, descendentes de Abraão e todos vós que temeis a Deus: a nós é que foi dirigida esta palavra de salvação»."


No evangelho (Lc 1, 57-66.80) S.Lucas introduz-nos na alegria pelo nascimento de João, manifestação concreta do amor de Deus na vida do casal, da família. A forma como nos vai colocando dentro dos acontecimentos, relacionados com o nascimento deste menino, vai-nos conduzindo para o momento da escolha do nome da criança: João. E é nesta altura que Zacarias recupera a fala e, depois de tanto tempo em silêncio, começa a dar glória a Deus, porque verdadeiramente reconhece Deus Amor presente na sua vida, na sua história, na história da sua família. Um homem de Deus, que verdadeiramente se sente amado pelo Senhor, não pode senão bendizer e louvar a Deus, como fez Zacarias. 
"Naquele tempo, chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe tinha feito tão grande benefício e congratularam-se com ela. Oito dias depois, vieram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias. Mas a mãe interveio e disse: «Não, Ele vai chamar-se João». Disseram-lhe: «Não há ninguém da tua família que tenha esse nome». Perguntaram então ao pai, por meio de sinais, como queria que o menino se chamasse. O pai pediu uma tábua e escreveu: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados. Imediatamente se lhe abriu a boca e se lhe soltou a língua e começou a falar, bendizendo a Deus. Todos os vizinhos se encheram de temor e por toda a região montanhosa da Judeia se divulgaram estes factos. Quantos os ouviam contar guardavam-nos em seu coração e diziam: «Quem virá a ser este menino?». Na verdade, a mão do Senhor estava com ele. O menino ia crescendo e o seu espírito fortalecia-se.  E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel." 


Senhor, eu Te louvo e bendigo pelo imenso, infinito, incomparável amor que tens por cada um de nós e por toda a humanidade. Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

sábado, 16 de junho de 2018

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM


As leituras deste domingo despertam-nos para a necessidade de confiarmos plenamente na presença de Deus em nós. Ainda que a semente seja minúscula, se a deitarmos à terra e a rodearmos dos cuidados necessários, Deus fará com que frutifique. Os frutos não nos pertencem, mas sim ao Senhor da seara. Façamos a nossa parte, depois descansemos e confiemos n’Aquele que é todo Amor, Deus, pois Ele fará sempre o que é melhor para todos e cada um dos Seus filhos, que Ele ama infinitamente.


Na 1ªleitura (Ez 17, 22-24) , Deus anuncia-nos, através do profeta Ezequiel, a vinda do Seu Único Filho, em quem somos convidados a confiar totalmente. E, como sempre, Deus cumpriu a Sua promessa e Jesus veio e continua, ainda hoje (e para sempre), no meio de nós, habita cada coração sincero que se lhe entrega sem reservas. Ele nunca nos deixa sós, se O desejarmos realmente. Se queremos ser verdadeiramente amados, arrisquemos, não temos nada a perder! 
“Eis o que diz o Senhor Deus: «Do cimo do cedro frondoso, dos seus ramos mais altos, Eu próprio arrancarei um ramo novo e vou plantá-lo num monte muito alto. Na excelsa montanha de Israel o plantarei e ele lançará ramos e dará frutos e tornar-se-á um cedro majestoso. Nele farão ninho todas as aves, toda a espécie de pássaros habitará à sombra dos seus ramos. E todas as árvores do campo hão de saber que Eu sou o Senhor; humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta, faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca. Eu, o Senhor, digo e faço».” 


Na 2ªleitura (2 Cor 5, 6-10) S.Paulo, que todo se entregou ao Senhor, de alma e coração, mostra-nos que, ainda que preferisse ver, no imediato, Deus face a face, põe em primeiro lugar fazer a vontade de Deus e assim continua a sua missão de nos anunciar Deus Amor, vivo e ressuscitado no meio de nós. Aprendamos, deste grande Homem, e de tantos outros santos, a confiar totalmente no Amor infinito de Deus, por cada um de nós. 
Irmãos: Nós estamos sempre cheios de confiança, sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo, vivemos como exilados, longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara. E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo, para irmos habitar junto do Senhor. Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele. Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que receba cada qual o que tiver merecido, enquanto esteve no corpo, quer o bem, quer o mal.”


No Evangelho é o próprio Jesus que nos explica, por parábolas, o que é o Reino de Deus e como devemos fazer a nossa parte, semeando, plantando e cuidando da semente, mas confiando sempre no Senhor e deixando Deus ser Deus. Só Ele, que nos ama muito para além do que possamos imaginar, é o Senhor da Vida, só Ele tudo pode, só Ele é o princípio e o fim de todas as coisas, por isso o que é que arriscamos ao descansar n’Ele? Repousemos a nossa cabeça no Seu peito e entreguemo-nos de coração. Deixemos que nos estreite nos Seus braços e nos ame.
“Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita». Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra; mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra». Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender. E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.”
 Mc 4, 26-34


Senhor, que eu faça a minha parte e nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor.

sábado, 9 de junho de 2018

X DOMINGO DO TEMPO COMUM


As leituras deste domingo centram-nos na qualidade da nossa relação com Deus. A história, que nos é contada, ajuda-nos a perceber que Deus sempre nos quis felizes e que nos deu todas as condições para o sermos. Mas, o sentido de toda a liturgia, vai muito mais longe, pois revela-nos que, mesmo quando queremos ser tanto, ou mais do que Deus, e, afinal, acabamos por nos descobrir sós, frágeis e nus, aí Deus vem em nosso auxílio e socorre-nos dando-nos, como penhor da nossa salvação, a vida do Seu único e muito amado Filho. É assim que Deus responde à nossa fragilidade e fraqueza, com um amor infinito por cada um de nós, condenando o pecado, mas amando o pecador.


A 1ªleitura (Gen 3, 9-15) projeta-nos para o nosso dia a dia, para a forma como, num mundo conturbado e com valores estranhos e confusos como o nosso, permanecemos, ou não, numa comunhão de amor com Deus e com os irmãos. As tentações são mais que muitas, mas o segredo para sermos felizes, continua a ser o mesmo, ontem, hoje, ou amanhã: confiar em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, Amor infinito por todos e cada um, que nos habita e nunca, mas nunca mesmo, nos abandona. Descansemos a nossa cabeça no Seu peito e deixemo-nos amar por Ele.  
"Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?». Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me». Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?». Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi». O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?». E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi». Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens. Hás de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida. Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta há de atingir-te na cabeça e tu a atingirás no calcanhar»." 


Na 2ªleitura (2 Cor 4, 13 – 5, 1) S.Paulo leva-nos a refletir sobre a certeza que devemos ter na ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. S.Paulo não tem dúvida alguma, é esse o testemunho que nos dá, para que também nós, e os que hão de vir depois das nossas gerações, acreditemos. Acreditando na ressurreição de Jesus, então vivamos com a esperança de que também, um dia, n’Ele havemos de ressuscitar.
“Irmãos: Diz a Escritura: «Acreditei; por isso falei». Com este mesmo espírito de fé, também nós acreditamos, e por isso falamos, sabendo que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há de ressuscitar com Jesus e nos levará convosco para junto d’Ele. Tudo isto é por vossa causa, para que uma graça mais abundante multiplique as ações de graças de um maior número de cristãos para glória de Deus. Por isso, não desanimamos. Ainda que em nós o homem exterior se vá arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia. Porque a ligeira aflição dum momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória. Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas. Bem sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens.” 


O evangelho fala-nos, tal como a primeira leitura, do pecado, mas não fica por aí, pois diz-nos que a forma de vencermos o mal é fazermos a vontade de Deus. Se assim fizermos, também seremos da Sua família, Seu irmão, Sua irmã e Sua mãe, é o que Jesus nos anuncia neste  evangelho.
“Naquele tempo, Jesus chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer. Ao saberem disto, os parentes de Jesus puseram-se a caminho para O deter, pois diziam: «Está fora de Si». Os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu», e ainda: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios». Mas Jesus chamou-os e começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode aguentar-se. E se uma casa estiver dividida contra si mesma, essa casa não pode durar. Portanto, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não pode subsistir: está perdido. Ninguém pode entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens, sem primeiro o amarrar: só então poderá saquear a casa. Em verdade vos digo: Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado para sempre». Referia-Se aos que diziam: «Está possesso dum espírito impuro». Entretanto, chegaram sua Mãe e seus irmãos, que, ficando fora, O mandaram chamar. A multidão estava sentada em volta d’Ele, quando Lhe disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura». Mas Jesus respondeu-lhes: «Quem é minha Mãe e meus irmãos?». E, olhando para aqueles que estavam à sua volta, disse: «Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe».” 
Mc 3, 20-35 



Envia Senhor sobre mim o Espírito Santo, para que eu faça a vontade de Deus.

sábado, 2 de junho de 2018

IX DOMINGO DO TEMPO COMUM


As leituras deste domingo vêm na continuidade da solenidade que celebrámos na passada quinta-feira. Na verdade, ao celebrarmos o Domingo, como o Dia do Senhor, fazemo-lo tendo como centro a Festa do Amor, que é cada Eucaristia. Terminada a semana de trabalho, inicia-se uma nova etapa, que é a nova semana, retemperando forças e, sobretudo, recebendo o Amor de Deus, quer pela sua Palavra, quer pelo Seu Corpo e Sangue, quer pela comunhão com os irmãos. E essa força impulsionadora, que recebemos de Deus, pelo Seu Santo Espírito, há de ser o motor que nos guiará ao longo da nova semana em tudo o que formos e fizermos. Deixemo-nos habitar pelo Amor!


Na 1ªleitura (Deut 5, 12-15) somos convidados a ligar toda a nossa história e a percebermos que necessitamos de tempo de descanso para o fazer. Só com o corpo e a mente livres, descansados em Deus, somos capazes de encontrar, no mais profundo de nós mesmos, o imenso Amor com que O Senhor tem conduzido toda a nossa história. E, nessa comunhão íntima com Deus, celebraremos, em conjunto com os irmãos, as maravilhas de Deus. Trata-se de uma resposta de amor ao Amor (e não de uma obrigação), que acontece quando paramos e nos deixamos encontrar por Ele.
“Eis o que diz o Senhor: «Guarda o dia de sábado, para o santificares, como te mandou o Senhor, teu Deus. Trabalharás durante seis dias e neles farás todas as tuas obras. O sétimo, porém, é o sábado do Senhor, teu Deus. Não farás nele qualquer trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu escravo, nem a tua escrava, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem nenhum dos teus animais, nem o estrangeiro que mora contigo. Assim, o teu escravo e a tua escrava poderão descansar como tu. Recorda-te que foste escravo na terra do Egipto e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com mão forte e braço estendido. Por isso, o Senhor, teu Deus, te mandou guardar o dia de sábado».” 


Na 2ªleitura (2 Cor 4, 6-11) é bela, mesmo muito bela, a forma como S.Paulo nos fala do Amor de Deus. É verdade que somos vasos de barro, cuja fragilidade o Senhor bem conhece, mas o tesouro que transportamos é de valor incalculável. Deixemos que o Senhor faça de nós o vaso que O transporta, para que a luz que colocou no nosso coração, possa chegar, em toda a sua beleza e esplendor, que se reflete no rosto de Cristo, a todos os homens. “Irmãos: Deus, que disse: «Das trevas brilhará a luz» fez brilhar a luz em nossos corações, para que se conheça em todo o seu esplendor a glória de Deus, que se reflete no rosto de Cristo. Nós trazemos em vasos de barro o tesouro do nosso ministério, para que se reconheça que um poder tão sublime vem de Deus e não de nós. Em tudo somos oprimidos, mas não esmagados; andamos perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não aniquilados. Levamos sempre e em toda a parte no nosso corpo os sofrimentos da morte de Jesus, a fim de que se manifeste também no nosso corpo a vida de Jesus. Porque, estando ainda vivos, somos constantemente entregues à morte por causa de Jesus, para que se manifeste também na nossa carne mortal a vida de Jesus.”


No Evangelho, é o próprio Jesus que nos fala do quanto Deus é Amor misericordioso, e nos diz também que Ele põe sempre o Amor em primeiro lugar. A lei virá depois e, mesmo assim, só tem sentido se estiver ao serviço do homem, para que este encontre a verdadeira vida, a verdadeira felicidade. Deus é Amor e está acima de qualquer lei, ou melhor, Ele veio dar sentido à lei. Deixemos que o Amor nos habite por inteiro.
"Passava Jesus através das searas, num dia de sábado, e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros tiveram necessidade e sentiram fome? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e os deu também aos companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado». Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com uma das mãos atrofiada. Os fariseus observavam Jesus, para verem se Ele ia curá-lo ao sábado e poderem assim acusá-l’O. Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e vem aqui para o meio». Depois perguntou-lhes: «Será permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?». Mas eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e entristecido com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a mão ficou curada. Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele."
 Mc 2, 23 – 3, 6

Senhor, que eu nunca duvide do Teu Amor por todos e por cada um de nós individualmente.