IX DOMINGO DO TEMPO COMUM
As leituras deste domingo vêm na continuidade da solenidade que
celebrámos na passada quinta-feira. Na verdade, ao celebrarmos o Domingo, como
o Dia do Senhor, fazemo-lo tendo como centro a Festa do Amor, que é cada
Eucaristia. Terminada a semana de trabalho, inicia-se uma nova etapa, que é a
nova semana, retemperando forças e, sobretudo, recebendo o Amor de Deus, quer
pela sua Palavra, quer pelo Seu Corpo e Sangue, quer pela comunhão com os
irmãos. E essa força impulsionadora, que recebemos de Deus, pelo Seu Santo Espírito,
há de ser o motor que nos guiará ao longo da nova semana em tudo o que formos e
fizermos. Deixemo-nos habitar pelo Amor!
Na 1ªleitura (Deut 5, 12-15) somos convidados a ligar
toda a nossa história e a percebermos que necessitamos de tempo de descanso para o
fazer. Só com o corpo e a mente livres, descansados em Deus, somos capazes de
encontrar, no mais profundo de nós mesmos, o imenso Amor com que O Senhor tem
conduzido toda a nossa história. E, nessa comunhão íntima com Deus,
celebraremos, em conjunto com os irmãos, as maravilhas de Deus. Trata-se de uma
resposta de amor ao Amor (e não de uma obrigação), que acontece quando paramos e
nos deixamos encontrar por Ele.
“Eis o que diz o Senhor: «Guarda o dia de sábado, para
o santificares, como te mandou o Senhor, teu Deus. Trabalharás durante seis
dias e neles farás todas as tuas obras. O sétimo, porém, é o sábado do Senhor,
teu Deus. Não farás nele qualquer trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua
filha, nem o teu escravo, nem a tua escrava, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem nenhum dos teus animais, nem o estrangeiro que mora contigo. Assim, o teu
escravo e a tua escrava poderão descansar como tu. Recorda-te que foste escravo
na terra do Egipto e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com mão forte e
braço estendido. Por isso, o Senhor, teu Deus, te mandou guardar o dia de
sábado».”
Na 2ªleitura (2 Cor 4, 6-11) é bela, mesmo muito bela, a forma como S.Paulo
nos fala do Amor de Deus. É verdade que somos vasos de barro, cuja fragilidade
o Senhor bem conhece, mas o tesouro que transportamos é de valor incalculável.
Deixemos que o Senhor faça de nós o vaso que O transporta, para que a luz que colocou
no nosso coração, possa chegar, em toda a sua beleza e esplendor, que se reflete no rosto de Cristo, a todos os homens. “Irmãos: Deus, que disse: «Das
trevas brilhará a luz» fez brilhar a luz em nossos corações, para que se
conheça em todo o seu esplendor a glória de Deus, que se reflete no rosto de
Cristo. Nós trazemos em vasos de barro o tesouro do nosso ministério, para que
se reconheça que um poder tão sublime vem de Deus e não de nós. Em tudo somos
oprimidos, mas não esmagados; andamos perplexos, mas não desesperados;
perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não aniquilados. Levamos sempre
e em toda a parte no nosso corpo os sofrimentos da morte de Jesus, a fim de que
se manifeste também no nosso corpo a vida de Jesus. Porque, estando ainda
vivos, somos constantemente entregues à morte por causa de Jesus, para que se
manifeste também na nossa carne mortal a vida de Jesus.”
No Evangelho, é o próprio Jesus que nos fala do quanto
Deus é Amor misericordioso, e nos diz também que Ele põe sempre o Amor em
primeiro lugar. A lei virá depois e, mesmo assim, só tem sentido se estiver ao
serviço do homem, para que este encontre a verdadeira vida, a verdadeira
felicidade. Deus é Amor e está acima de qualquer lei, ou melhor, Ele veio dar
sentido à lei. Deixemos que o Amor nos habite por inteiro.
"Passava Jesus através das searas, num dia de sábado, e
os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe
então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes
Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros tiveram
necessidade e sentiram fome? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote
Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e os
deu também aos companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e
não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do
sábado». Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com uma das
mãos atrofiada. Os fariseus observavam Jesus, para verem se Ele ia curá-lo ao
sábado e poderem assim acusá-l’O. Jesus disse ao homem que tinha a mão
atrofiada: «Levanta-te e vem aqui para o meio». Depois perguntou-lhes: «Será
permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?». Mas
eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e entristecido com a
dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a
mão ficou curada. Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os
herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele."
Mc 2, 23 – 3, 6
Senhor, que eu nunca duvide do Teu Amor por todos e
por cada um de nós individualmente.
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