SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO
Ao escutar as
leituras deste dia e, ao comparar a primeira (Ex 24, 3-8) com a
segunda leitura (Hebr 9, 11-15), damo-nos conta de como é diferente a forma como celebramos
a Aliança de Deus antes e depois da vinda do Filho de Deus a este mundo, antes
e depois da Ressurreição de Jesus. A Nova Aliança selada com o Sangue do
Filho Único de Deus, foi realizada de uma só vez e torna-se presente, viva, no
sacramento da Eucaristia, naquele pedacinho de pão, tão pequenino e fininho,
sujeito a todas as vulnerabilidades deste mundo, mas que encerra o maior
tesouro dos tesouros que alguém, por mais rico que seja, possa possuir. E
depois é um tesouro ao alcance de todo o coração que O deseja sinceramente, e
que se despoja de si mesmo para se encher todo d'Ele e só d'Ele. Ele sim é o
verdadeiro tesouro que não se corrompe e ninguém nos pode tirar: o Amor de
Deus, manifestado em Jesus Cristo, Seu Filho único, que por Amor ao Pai, se
entrega totalmente por todos e por cada um de nós.
“Irmãos: Cristo veio como sumo
sacerdote dos bens futuros. Atravessou o tabernáculo maior e mais perfeito, que
não foi feito por mãos humanas, nem pertence a este mundo, e entrou de uma vez
para sempre no Santuário. Não derramou sangue de cabritos e novilhos, mas o seu
próprio Sangue, e alcançou-nos uma redenção eterna. Na verdade, se o sangue de
cabritos e de toiros e a cinza de vitela, aspergidos sobre os que estão
impuros, os santificam em ordem à pureza legal, quanto mais o sangue de Cristo,
que pelo Espírito eterno Se ofereceu a Deus como vítima sem mancha, purificará
a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! Por isso,
Ele é mediador de uma nova aliança, para que, intervindo a sua morte para
remissão das transgressões cometidas durante a primeira aliança, os que são
chamados recebam a herança eterna prometida.”
Hebr 9, 11-15
No evangelho somos convidados a contemplar o maior milagre de
amor, “a mais bela invenção do amor” alguma vez vivenciada pelo género humano:
a Eucaristia. “O poder e amor infinitos de Jesus não ficam reduzidos
a um puro símbolo que lembra apenas a sua passagem por este mundo. Ele quis
permanecer connosco, realmente presente, no pão partido e no cálice consagrado
da nova aliança. No altar de todas
as igrejas, no sacrário do templo mais simples, no ostensório mais artístico que
sai hoje em procissão pelas ruas das cidades, Jesus, o Salvador, o Senhor, está
verdadeiramente presente.”
“O quadro
da Última Ceia enquadra o simbolismo da entrega, como antecipação da morte e da
ressurreição de Jesus, fixando o Seu desejo e a Sua oferenda. A Cruz realiza o
que Jesus antecipa na Ceia Pascal. Ele dá-Se, entrega o Seu Corpo, entrega o
Seu sangue, entrega a Sua vida. A Cruz é a expressão e a certeza do Seu amor,
de um amor encorpado (materializado) nas Suas palavras, nos Seus gestos, no
suportar da Cruz e no oferecimento ao Pai da Sua vida, corpo, alma e espírito:
Pai nas Tuas mãos entrego o Meu espírito! É o Meu corpo. É o Meu sangue. É a
minha vida. Podia ser uma expressão simbólica e romântica, mas é real, física,
carnal, Jesus nasce, vive e é morto na Cruz, depois de um processo apressado
por aqueles que O viam como uma ameaça. A Eucaristia, sacramento por excelência
do mistério pascal, atualiza, torna presente o Corpo de Jesus, a Sua entrega, a
Sua morte e ressurreição. O símbolo – o pão e o vinho – realiza o que
significa. A crucifixão não se repete, Jesus oferece-Se uma vez para sempre. Os
sacramentos, especialmente a Eucaristia, por ação do Espírito Santo, em Igreja
(Corpo de Cristo), fazem com que a morte e ressurreição aconteçam
(sacramentalmente) no nosso tempo, na nossa vida. Jesus torna-Se nosso
contemporâneo. Está ali, como prometeu – Eu estarei convosco até ao fim dos
tempos – está ali não às migalhas ou às prestações, mas presente totalmente,
com o Seu corpo e com o Seu sangue!”
“No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o
cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os
preparativos para comer a Páscoa?». Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:
«Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o
e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: «O Mestre pergunta: Onde está a
sala, em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?». Ele vos mostrará
uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é
preciso». Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus
lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,
recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: «Tomai: isto é o meu
Corpo». Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam
dele. Disse Jesus: «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado
pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da
videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus». Cantaram os
salmos e saíram para o monte das Oliveiras.”
Mc 14, 12-16.22-26
Senhor, bendito e louvado sejas, hoje
e sempre, pelos séculos sem fim. Mil graças Senhor pelo Teu Amor.