quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Mensagem do bispo de Leiria-Fátima para a Quaresma

Igreja em caminho rumo ao fogo da Páscoa

Mensagem do Bispo Diocesano para a Quaresma de 2018

Igreja em caminho
rumo ao fogo da Páscoa
† António Marto
Leiria, 9 de fevereiro de 2018

No próximo dia 14 de fevereiro vamos iniciar a caminhada da Quaresma rumo ao fogo da Páscoa. Não entraremos em 40 dias de tristeza e de austeridade. Ao contrário, é uma bela ocasião para um renascimento espiritual, pessoal, familiar e social. Em verdade, não nos põe fora do mundo. Antes, mergulha-nos no coração do mundo para que estejamos aí presentes à maneira de Jesus Cristo.
Nesta perspetiva, o Papa Francisco convida-nos a viver este tempo com alegria e verdade, deixando-nos inspirar pela afirmação de Jesus: “Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos” (Mt 24, 12). É uma advertência forte e atual que leva o Papa a interrogar: “Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores de que o amor corre o risco de se apagar em nós?”.

O vírus do resfriamento do amor nos corações e nas relações
De facto, nas páginas dos jornais e nos écrans da televisão é-nos mostrada até à saciedade a difusão da iniquidade sob as mais variadas formas de violência, de injustiça, de pobreza imerecida, de desonestidade e corrupção, de solidão. São sintomas de um vazio espiritual, de uma mentalidade de indiferença em relação a Deus e ao outro. Esta indiferença é um vírus que contagia perigosamente o nosso tempo e ameaça resfriar o amor nos corações e nas relações, até se perder o sentido de humanidade comum e solidária. O Papa aponta os sinais mais evidentes desta falta de amor nas comunidades: “são eles a apatia egoísta, o pessimismo estéril, a tentação de se isolar empenhando-se em contínuas guerras fratricidas, a mentalidade mundana que induz a ocupar-se apenas do que dá nas vistas, reduzindo assim o ardor missionário”.


O remédio doce da oração, do jejum e da partilha
Perante este cenário, somos convidados a fazer um exame de consciência. Se porventura detetamos em nós e ao nosso redor os sinais aludidos, a Quaresma oferece-nos “o remédio doce da oração, da esmola e do jejum” para nossa cura. “Se por vezes parece apagar-se em muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus”.
A oração mais intensa ajuda-nos a descobrir a nossa verdade e “as mentiras secretas com que nos enganamos a nós mesmos” e abrir-nos ao fogo do amor que Deus acende nos corações.
Neste sentido, além de outras formas ao gosto de cada um e das famílias, propomos e recomendamos novamente a todo o povo de Deus o retiro popular segundo o método da leitura orante da Palavra de Deus. Já está disponível o opusculo com o título “A Igreja, memória e missão”, de acordo com o tema do ano pastoral no centenário da restauração da Diocese.
Por seu lado, o Papa recorda-nos mais uma vez a iniciativa “24 horas para o Senhor” a concretizar nos dias 9 e 10 de março, sexta-feira e sábado. Convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração eucarística, inspirando-se nestas palavras do Salmo 130: “Em Ti encontramos o perdão” (v. 4). Entre nós, cada paróquia e/ou vigararia cuidará particularmente deste aspeto.
O jejum não está fora de moda. Numa sociedade de consumismo devorador não é mera questão de se privar de carne ou de comida, mas estilo de vida sóbrio. O Papa põe em relevo o significado profundo do jejum: “tira força à nossa avidez, à nossa violência, desarma-nos, constitui uma importante ocasião de crescimento. Permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário... O jejum desperta-nos, torna-nos mais atentos a Deus e ao próximo”.
Por fim, a esmola é hoje entendida como partilha do que somos e do que temos com os irmãos necessitados, sem esperar contrapartida. “Liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão”. É inspirada pelo amor do próximo, pelo apelo à solidariedade para um mundo mais fraterno. “O testemunho evangélico ao qual o mundo é mais sensível é o da atenção às pessoas e da caridade para com os pobres e os que sofrem” (S. João Paulo II).
Um sinal específico da partilha é a chamada renúncia quaresmal. A coleta desta renúncia na nossa diocese será canalizada, através da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, para ajudar os cristãos perseguidos no Iraque e no Paquistão, onde vivem em condições das maiores carências.Demos testemunho corajoso de generosidade! E apoiemo-los também com a nossa incessante oração.

Jornada de oração e jejum pela paz
O Papa Francisco convocou para o próximo dia 23 de fevereiro, sexta feira da primeira semana da Quaresma, uma “Jornada especial de oração e jejum pela paz”, oferecida sobretudo pelas populações da República Democrática do Congo e do Sul do Sudão onde se prolongam as situações de conflito. Apelo, pois, a todos e conto com o empenho dos párocos e outros agentes pastorais, dos movimentos, associações e grupos laicais para que a jornada seja proposta o mais possível a todos e seja concretizada de formas criativas.

A alegria de ser Igreja em caminho com Maria
Na nossa caminhada quaresmal insere-se a habitual peregrinação diocesana a Fátima no quinto domingo da quaresma, dia 18 de março. Em consonância com a celebração do Centenário da restauração da Diocese, peregrinaremos sob o lema “A alegria de ser Igreja em caminho com Maria”, nossa Padroeira sob a invocação de Nossa Senhora de Fátima. Desde já convido todos a participarem. Será um momento particular de graça na companhia da Mãe da Igreja. Ela ajuda-nos no caminho da conversão para que as nossas comunidades cresçam numa fé mais viva, numa comunhão mais fraterna, num espírito mais missionário, recebendo e irradiando o fogo e o calor do amor de Cristo na Páscoa, simbolizado no Círio Pascal.

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