IV DOMINGO DO TEMPO COMUM
As leituras deste domingo conduzem-nos à pessoa do
“Profeta”, a fim de escutarmos o seu anúncio da mensagem de Deus, a sua
denúncia do que está fora do Amor de Deus e a sua correção, ou apelo à
conversão, para que voltemos para a razão de ser da nossa vida, para o Único que
nos ama verdadeiramente: Deus Amor.
Na 1ªleitura (Ez
2, 2-5) é o profeta Ezequiel que nos fala da sua
missão. Deus, que o conhece totalmente, escolhe-o e enche-o do Seu Santo
Espírito. Deus fala, através de Ezequiel, dos profetas de ontem, mas também dos
profetas de hoje, que até podemos ser nós, na nossa vida, na nossa família, no
trabalho, na comunidade, por onde quer que andemos. Acreditando, ou não,
sabemos que Deus está ali presente, que as palavras pronunciadas são para a nossa
conversão, para o nosso reencontro com Ele, para que todos conheçam como Ele
ama incondicionalmente cada um de nós, a humanidade inteira.
“Naqueles dias, o Espírito entrou em
mim e fez-me levantar. Ouvi então Alguém que me dizia: «Filho do homem, Eu te
envio aos filhos de Israel, a um povo rebelde que se revoltou contra Mim. Eles
e seus pais ofenderam-Me até ao dia de hoje. É a esses filhos de cabeça dura e
coração obstinado que te envio, para lhes dizeres: ‘Eis o que diz o Senhor’.
Podem escutar-te ou não – porque são uma casa de rebeldes –, mas saberão que há
um profeta no meio deles».”
Na 2ªleitura (2 Cor 12, 7-10) temos
outro profeta, S.Paulo, que nesta 2ªcarta aos Coríntios, tão desconcertante,
quanto experimentada na própria vida, na sua entrega total a Deus, por Cristo,
nos diz: “quando sou fraco então é que sou forte”. Meus Deus, só quando batemos
bem no fundo e nos sentimos angustiadamente perdidos, mas, aí mesmo, nos
entregamos totalmente a Ti, é que sentimos como S.Paulo tinha razão! Bendito
sejas Senhor, por nos amares sempre, tal qual somos, incluindo também quando descemos
até ao fundo, ao pior de nós mesmos.
“Irmãos:
Para que a grandeza das revelações não me ensoberbeça, foi-me deixado um
espinho na carne, – um anjo de Satanás que me esbofeteia – para que não me
orgulhe. Por três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas Ele
disse-me: «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o
meu poder». Por isso, de boa vontade me gloriarei das minhas fraquezas, para
que habite em mim o poder de Cristo. Alegro-me nas minhas fraquezas, nas
afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor
de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que sou forte.”
No evangelho temos “O
Profeta” por excelência, isto é, o próprio Jesus, Ele mesmo, e que nos fala da Sua experiência,
do que é ser profeta na Sua terra. Não é fácil, mais ainda quando nos conhecem
desde que nascemos, mas é aí, na nossa família, no trabalho, na comunidade a
que pertencemos, no meio dos nossos amigos e inimigos, que somos chamados a dar
testemunho da nossa fé. Deixemos que o Espírito de Deus se manifeste e chegue
onde e como quer, também através de nós.
“Naquele
tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-n’O. Quando
chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam
admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe
foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é Ele o
carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E
não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E ficavam perplexos a seu respeito.
Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus
parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou
alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela
gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.”
Mc 6, 1-6
Senhor envia sobre mim o Teu Santo Espírito. Que eu não seja estorvo, mas
caminho, para os que comigo convivem.