terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

QUARTA-FEIRA DE CINZAS


A Igreja, ao longo do ano pastoral, providencia a existência de tempos fortes na nossa caminhada para Deus. Feita a interrupção do tempo comum,eis-nos chegados a um tempo especial, favorável à conversão de coração: a Quaresma. Nos próximos 40 dias somos convidados a escutar textos, que nos ajudam, de uma forma mais profunda, a preparar a nossa festa das festas: a Ressurreição do Senhor Jesus, ou seja, a Páscoa. Deixemo-nos "refazer" pelo Senhor Deus, este ano, com uma atenção mais especial ao dom da Palavra das Escrituras e ao dom do outro, que faz parte do nosso dia a dia, ou com quem nos cruzamos ocasionalmente, como nos foi proposto pelo Papa Francisco.


No primeiro texto (Joel 2, 12-18) , que hoje nos é dado escutar, o profeta Joel faz-nos um apelo veemente à conversão de coração. «Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos. Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus(…)» Deixemo-nos interpelar e respondamos, com sinceridade, ao pedido do profeta. Demos, assim, início à caminhada quaresmal que nos é proposta este ano.


Na 2ªleitura, S.Paulo confirma-nos que o tempo da Quaresma, que agora somos convidados a iniciar, é o tempo favorável à conversão e convida-nos a reconciliarmo-nos com Deus. Acedamos ao seu convite: “Porque Ele diz: «No tempo favorável, Eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio». Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação.” 


No Evangelho escutamos o próprio Jesus a dizer-nos como devemos viver a nossa Quaresma: fazendo jejum, dando esmola, partilhando o que Ele nos dá, com os que mais precisam e orando, mas fazendo tudo isto sem dar nas vistas, no maior anonimato possível, no segredo da nossa relação com Deus.

"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa»." 
Mt 6, 1-6.

                


Senhor que o meu coração te escute e se abra à Tua Palavra. Que eu me deixe converter por Ti.

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2017



A Palavra é um dom. O outro é um dom.

Amados irmãos e irmãs! A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), para não se contentar com uma vida medíocre, mas crescer na amizade com o Senhor. Jesus é o amigo fiel que nunca nos abandona, pois, mesmo quando pecamos, espera pacientemente pelo nosso regresso a Ele e, com esta espera, manifesta a sua vontade de perdão (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016). A Quaresma é o momento favorável para intensificar a vida espiritual através dos meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo isto está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo. Aqui gostaria de me deter, em particular, na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por esta página tão significativa, que nos dá a chave para compreender como agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, exortando-nos a uma sincera conversão. 


Mensagem do Bispo Diocesano para a Quaresma de 2017



Redescobrir e acolher os dons de Deus
† António Marto
Leiria, 23 de fevereiro de 2017

No próximo dia um de março, Quarta-feira de Cinzas, começa o itinerário quaresmal de quarenta dias que nos conduz à grande celebração da Ressurreição do Senhor Jesus, mistério central da nossa fé. É um tempo forte de graça oferecida por Deus à sua Igreja e de conversão em cada um de nós e na comunidade cristã. Todos temos necessidade de nos aperfeiçoar, de melhorar e progredir na nossa vivência cristã, mediante maior aproximação a Deus, mais confiante adesão ao evangelho e maior abertura de coração aos irmãos.
O Santo Padre Francisco escreveu uma mensagem para a Quaresma de 2017 sob o título “A Palavra é dom. O outro é dom”. Convida-nos a meditar a conhecida parábola evangélica do pobre Lázaro e do rico avarento (cf. Lc 16, 19-31). Neste texto, o evangelho de S. Lucas leva-nos a refletir sobre as nossas relações com Deus e com os outros, particularmente com os que sofrem qualquer espécie de pobreza. É na reflexão do Santo Padre que me inspiro para esta mensagem, procurando concretizá-la. 

sábado, 25 de fevereiro de 2017

VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Hoje, a Igreja desperta-nos para a centralidade do amor de Deus, que, na sua  totalidade, nos preenche por inteiro. Podemos ter tudo na vida, mas sem Ele nada somos. Só o Seu Amor dá sentido à nossa existência, nos sacia verdadeiramente. Que nós, seres viventes neste século XXI, nos deixemos cativar por este Amor, sem fim, que Deus tem por cada um de nós.


Isaías na 1ªleitura (Is 49, 14-15) consola-nos com um texto curto, mas lindíssimo, em que nos apresenta Deus, como o “máximo dos máximos” no Amor, ao mesmo tempo Pai e Mãe: Poderá a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas entranhas? Mas, ainda que ela se esquecesse, Eu não te esquecerei.”  


S.Paulo, na 2ª leitura (1 Cor 4, 1-5)  propõe-nos uma confiança total em Deus. S.Paulo nunca está dividido, para ele Deus é tudo, todo se Lhe entrega. Façamos como ele, entreguemos toda a nossa vida a Deus.


O evangelho, todo ele é um alerta a vivermos pondo em primeiro lugar o único que nos pode dar a vida, porque só Ele é o Senhor da vida. Quantas vezes desperdiçamos energia e cuidado na busca de tantas coisas, que por si só, não nos preenchem e nos deixam um vazio, um “amargo de boca” que perdura. Olhemos para a natureza, nas aves, nas flores (…) e confiemos n’Aquele que deu a Sua vida, para que pudéssemos conhecer o quanto somos amados por Deus. Deixemo-nos repassar pelo Seu Amor. É Deus quem nos ama infinitamente. 
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso vos digo: «Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’ Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado»." 

Mt 6, 24-34 


Senhor, ensina-me a confiar sempre no Amor de Deus.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

VII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Continuamos no alto do monte a escutar Jesus. Hoje, Ele fala-nos de Deus, do Amor, sim, porque Deus é Amor infinito por cada um de nós. E deixa-nos mergulhar no maior mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Jesus, neste domingo, sobe a “fasquia”, vais mais além, desafiando-nos a irmos para lá dos nossos limites, a deixarmo-nos repassar por Ele e a, n’Ele, amarmos os que fazem parte do nosso viver.


Na 1ªleitura (Lev 19, 1-2.17-18)  ouvimos o Senhor a dizer, através de Moisés, ao povo de Israel, mas também a nós, para sermos santos, como Ele é Santo, concretizando as formas de manifestação dessa santidade: “Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.


Na 2ªleitura (1 Cor 3, 16-23)  S.Paulo leva-nos a perceber que, só “possuídos” pela sabedoria de Deus, seremos capazes de amar, não só aqueles de quem gostamos, mas também os que nos odeiam e nos fazem mal. É esta a mensagem, em Deus a capacidade de amar faz-nos ir para além de nós mesmos, n’Ele passamos a rezar, a amar o nosso próximo, mesmo aqueles de quem não gostamos mesmo nada, ou até detestamos. Este é o desafio: amar quem nos odeia. Só em Deus, na sabedoria divina, na “loucura” da  Cruz, isso é possível. Deixemos que Ele ame em nós.


No Evangelho Jesus coloca-nos em confronto connosco próprios, desafia-nos a ultrapassar os nossos limites, a não nos contentarmos, com o que já é bom, mas a irmos, sempre, mais para lá dessa meta, no amor aos que connosco compartilham a vida de cada dia, ou aos que, ocasionalmente, se cruzam connosco. É assim o amor de Deus por cada um de nós, vai sempre mais além. Só Deus ama assim, infinita e continuamente.
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito»."

Mt 5, 38-48 


Senhor, que o meu coração todo se te entregue, para que, também em mim, Tu ames os que comigo se cruzam, nos caminhos da vida.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM


É já o terceiro domingo em que, no alto do monte, Jesus continua a ensinar-nos. No primeiro, recebemos uma catequese sobre as bem-aventuranças e depois, no domingo seguinte, outra, mas sobre as obras de misericórdia. Hoje, temos mais uma, mas, desta vez, é relativa a alguns dos mandamentos da lei de Deus. É uma boa altura para O escutarmos, de coração aberto, e analisarmos a qualidade, a temperatura, a distância, da nossa relação com Deus e com os irmãos, com base nos preceitos que Ele nos deu.


Na 1ªleitura (Sir 15, 16-21 (15-20))  Ben Sira relembra-nos que Deus nos deu a lei, mas também a liberdade para optarmos pelo bem. É daí, da opção entre receber a lei como um caminho de amor, que Deus faz connosco, em que os preceitos nos guiam até Ele e assim nos permitem encontrar o Amor, ou como um cumprimento duro e penoso que se esgota no próprio ato de cumprir, ou não, uma série de impedimentos a fazermos o que nos apetece, que se percebe o eterno dilema de optar entre a vida e a morte. "Diante do homem estão a vida e a morte: o que ele escolher, isso lhe será dado."Que o Senhor nos ilumine, com a Sua Sabedoria, sempre que fazemos as nossas opções. 


S.Paulo na 2ª leitura (1 Cor 2, 6-10)  fala-nos da Sabedoria de Deus e desafia-nos a confiar nela, pois, com está escrito «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam». Que o Espírito Santo nos ilumine.



No evangelho continuamos a escutar Jesus, que na Sua pedagogia divina, nos vai conduzindo de forma a percebermos que o Amor todo se dá, sem limites, nem fronteiras, mas que, para crescermos n’Ele, precisamos de ajuda, de regras, de sinais, de informação, para não nos perdermos, para pormos a render tudo o que somos e temos.  Só o Senhor nos conhece, no mais profundo de nós mesmos e, na Sua Sabedoria, só Ele sabe do que precisamos para crescermos n’Ele e para Ele. A lei ajuda-nos no caminho amoroso que faz com cada um de nós. Os preceitos da lei são os alertas que recebemos de que algo vai mal, o caminho não é por ali e é preciso alterar a rota. Estejamos atentos a esses sinais e deixemo-nos conduzir por Jesus, aprendamos a dizer: sim,sim;não,não.
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra. Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus. Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio, e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo. Portanto, se fores apresentar a tua oferta ao altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta. Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto vais com ele a caminho, não seja caso que te entregue ao juiz, o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher com maus desejos já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti, pois é melhor perder-se um só dos teus olhos do que todo o corpo ser lançado na geena. E se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor que se perca um só dos teus membros, do que todo o corpo ser lançado na geena. Também foi dito: ‘Quem repudiar sua mulher dê-lhe certidão de repúdio’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que repudiar sua mulher, salvo em caso de união ilegítima, expõe-na ao adultério. E quem se casar com uma repudiada comete adultério. Ouvistes ainda que foi dito aos antigos: ‘Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás diante do Senhor o que juraste’. Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum: nem pelo Céu, que é o trono de Deus; nem pela terra, que é o escabelo dos seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. Também não jures pela tua cabeça, porque não podes fazer branco ou preto um só cabelo. A vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’. O que passa disto vem do Maligno»." 
Mt 5, 17-37

Ensina-me Senhor a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com o a mim mesma.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

V DOMINGO DO TEMPO COMUM

No seguimento de domingo passado, hoje continuamos a ser desafiados a amar. 
Assim, enquanto no IV Domingo do tempo comum nos foram propostas as bem-aventuranças, hoje são-nos apresentadas as obras de misericórdia. São caminhos para atingirmos a meta: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
É um convite a pôr em prática as palavras iniciais de um dos belos poemas de Florbela Espanca “Eu quero amar, amar perdidamente!” a Deus e n’Ele a todos os que connosco convivem diariamente, ou com quem, ocasionalmente, nos cruzamos nos caminhos da vida. 

Na 1ª leitura (Is 58, 7-10 ) Isaías, de uma forma muito clara, desafia-nos a pôr em prática as obras de misericórdia. Se o fizermos, seguiremos o caminho da luz que conduz a Deus: «“Então, se chamares, o Senhor responderá, se O invocares, dir-te-á: ‘Aqui estou’. Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia». 

Na 2ª leitura (1Cor 2, 1-5) , S.Paulo diz-nos onde radica a sua força, a sua coragem e determinação. Diz-nos que: « A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.» Em S.Paulo vemos Deus a agir, todo ele se entrega e vive em Jesus Cristo, para glória de Deus Pai. É este o apelo que S.Paulo nos faz: deixemos que o Espírito Santo aja em nós, que Ele repasse cada poro do nosso ser, e daremos testemunho do amor de Deus em tudo o que somos e fazemos, no dia a dia da vida.


No evangelho é Jesus quem nos desafia a sermos sal e luz, mas n’Ele, que é a verdadeira Luz. Só deixando que Ele seja tudo em nós, como nos diz S.Paulo na 2ª leitura, seremos testemunhas do amor infinito de Deus por cada ser humano. Radicados em Jesus, sob a ação do Espírito Santo, seremos hoje, no séc.XXI, testemunhas do quanto e do como Deus continua a amar infinitamente cada homem. Obrigada meu Deus por nos amares assim!


"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus»." 
Mt 5, 13-16 



Sim, Senhor, eu quero amar-Te perdidamente (como diz o poema) e em Ti, amar os que colocas no meu caminho.